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domingo, março 07, 2021

Nova política diplomática e ambiental dos EUA deixa o Brasil ainda mais isolado


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Charge do Zé Dassilva (Diário Catarinense)

Deu em O Globo

O presidente americano, Joe Biden, superou a expectativa criada em torno de sua política ambiental. Não apenas pôs os Estados Unidos de volta no Acordo de Paris, mas baixou na semana passada uma série de decretos que mudarão drasticamente a atitude americana diante das mudanças climáticas e obrigarão os demais países — inclusive o Brasil — a também rever o próprio papel.

O governo americano investirá numa frota de veículos elétricos e criará uma rede de postos de eletricidade espalhada pelo país. Das terras, lagos e rios de propriedade federal, 30% serão reservados a preservação.

CANCELAMENTOS – Foram suspensas novas concessões para exploração de petróleo e foi cancelada a construção do controverso oleoduto ligando o Canadá ao Texas. Espera-se que amplie o compromisso de emissão de gases de efeito estufa firmado em Paris, de 28% para 40% ou 50% até 2030.

Não tardou a haver reação da oposição republicana e dos estados cuja economia depende da extração de carvão e petróleo. Biden tenta compensar o impacto negativo apostando nos negócios baseados em energia limpa. Em seu decreto, repete a palavra “empregos” 15 vezes. Só na indústria automotiva, quer criar um milhão de novos postos de trabalho (meta considerada exagerada por quem acompanha o setor).

Para os ambientalistas, Biden transmite um sinal cristalino de que suas vozes serão doravante levadas a sério. Sobretudo porque, mais surpreendente do que a aposta econômica, foi a mudança de status político que deu à questão climática, tornada prioridade tanto para a segurança nacional quanto para a política externa.

E O ORIENTE MÉDIO? – A principal dúvida despertada entre os analistas internacionais é o impacto da nova política ambiental na relação dos Estados Unidos com os centros produtores de petróleo no Oriente Médio, em especial com a Arábia Saudita, país com que Donald Trump fez questão de desenvolver um relacionamento estreito. Para o Brasil, a nova política ambiental dos EUA expôs ainda mais os erros cometidos pelo governo Bolsonaro.

O incentivo do ministro Ricardo Salles às queimadas e à devastação da Amazônia sempre foi nocivo ao meio ambiente, contribuindo para agravar o aquecimento global. Também dificulta as exportações de produtos agrícolas. Agora, põe o Brasil em confronto aberto com o país mais poderoso do planeta e nosso segundo maior parceiro comercial.

UM MÁ NOTÍCIA – Certamente a política ambiental de Biden não é bom augúrio para Bolsonaro, Salles e companhia. Além do enfrentamento recorrente com a União Europeia, o Brasil fica ainda mais isolado na cena internacional.

Ao mesmo tempo, se os americanos souberem exercer pressão diplomática de modo construtivo — como Biden sugeriu num debate ainda na campanha, quando falou na criação de um fundo para financiar a preservação da Amazônia —, poderá ser uma oportunidade para deter a devastação dos biomas brasileiros, fortalecer a economia baseada em energias renováveis, contribuir para conservar o clima da Terra e salvar o planeta da catástrofe ambiental.


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