Valdo Cruz
G1
Crítico das medidas de restrição de atividades adotadas por governadores, o presidente Jair Bolsonaro definiu em reunião neste domingo, dia 28, que a principal aposta de seu governo para sair da crise da pandemia é uma vacinação acelerada nos próximos meses.
O presidente da República disse que seguirá pregando contra lockdown e não irá mudar seu comportamento em relação ao uso de máscaras, mas determinou à sua equipe que tudo seja feito para aumentar o número de doses de vacinas no país.
ANTAGONISMO – Aliados de Bolsonaro avaliam que a decisão do governo de focar na aceleração do programa nacional de imunização é acertada, mas reclamam que o presidente ainda não assumiu isso de forma enfática publicamente. Segundo eles, Bolsonaro apoia o posicionamento nas reuniões internas, mas adota uma posição dúbia para o público externo.
O encontro no Palácio da Alvorada neste domingo reuniu os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além dos ministros Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Paulo Guedes (Economia) e Eduardo Pazuello (Saúde).
As críticas às decisões dos governadores de fechar atividades foram unânimes entre os presentes, que fecharam um acordo pela adoção rápida de medidas para acelerar a vacinação no país. Isso passará pela aprovação, ainda nesta semana, do projeto que facilita a compra de vacinas no Brasil, inclusive, pelo setor privado. O texto já foi aprovado pelos senadores e aguarda votação dos deputados. Lira disse que vai buscar que isso ocorra nos próximos dias na Câmara dos Deputados.
DOSES – Durante o encontro deste domingo, o ministro Eduardo Pazuello disse que programa nacional de imunização deve receber mais 25 milhões de doses de vacinas neste mês. E, em abril, o total de novas vacinas pode variar entre 40 milhões e 53 milhões. Ainda, segundo o ministro, as novas doses do imunizante possibilitarão que a vacinação dos grupos prioritários seja praticamente concluída ainda neste primeiro semestre.
O governo vai contar também com a entrada do setor privado, que terá o aval para comprar doses a partir da aprovação do projeto de lei que trata do tema no Congresso Nacional. A estratégia do governo é que, aprovada a medida, o setor privado fique encarregado de adquirir principalmente as vacinas da Pfizer, assumindo a responsabilidade pelos efeitos colaterais.
REFLEXOS – Na reunião realizada no Alvorada, os presentes concordaram que o momento preocupa por causa do aumento de casos de contaminação e de mortes e que isso terá reflexos na economia brasileira nestes primeiros meses do ano. Por isso, também foi definido no encontro a necessidade de se aprovar a volta do auxílio emergencial a partir deste mês, em quatro parcelas, de R$ 250.
Uma campanha nacional para estimular a vacinação, defender o uso de máscaras e pedir para que a população evite aglomerações chegou a ser proposta. Medidas essas que podem, segundo os presentes, evitar lockdowns. No entanto, não houve uma decisão do presidente da República sobre isso, que publicamente promove aglomerações e desestimula o uso de máscaras.