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quinta-feira, março 04, 2021

Flávio Bolsonaro disse que “não queria problema” ao negociar compra de imóvel em Brasília

Publicado em 4 de março de 2021 por Tribuna da Internet

Charge do Zé Dassilva (Arquivo do Google)

Aguirre Talento
O Globo

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) estava quase irreconhecível quando chegou de camiseta e bermuda para conhecer uma mansão de R$ 6 milhões, localizada na área mais cara de Brasília, que ele estava interessado em comprar. As tratativas começaram no fim do ano passado e foram conduzidas pela mulher do parlamentar, a dentista Fernanda Figueira Bolsonaro.

Durante toda a negociação, o casal buscou manter discrição e evitar qualquer tipo de holofote. Os detalhes da negociação foram relatados ao O Globo por uma testemunha que acompanhou diretamente as tratativas. A antiga proprietária e moradora da casa, a design de interiores Heleuza Maria da Silva, havia se divorciado de Juscelino Sarkis, com quem teve dois filhos, e por isso decidiu colocar o imóvel à venda.

PRIMEIRO ANÚNCIO – Ela havia ficado com a casa, mas avaliou que era grande demais para suas atuais necessidades e resolveu se mudar do local. Ainda no ano de 2018, Heleuza procurou imobiliárias e fez o primeiro anúncio da venda da mansão, por um valor de R$ 7,9 milhões. Não houve interessados. O preço foi baixando gradualmente, até chegar no valor de R$ 5,97 milhões, quando o casal Flávio e Fernanda Bolsonaro ficou sabendo do anúncio.

Com o preço mais baixo, começou a haver procura pelo imóvel. No final do ano passado, Heleuza recebeu o telefonema de um corretor de imóveis, que agendou um horário para que uma mulher interessada fosse conhecer a casa. Seria às 17h. Coincidentemente neste mesmo dia, outro corretor lhe telefonou para marcar uma outra visita. Heleuza afirmou que não tinha disponibilidade porque já tinha um compromisso. O corretor insistiu, e a proprietária concordou em receber essa outra pessoa já à noite, às 19h. O nome dela: Fernanda.

CONDIÇÕES – Nesse dia, a esposa de Flávio Bolsonaro foi até o local acompanhada do seu corretor de imóveis e adorou a mansão. Heleuza lhe relatou as condições de pagamento, prazos e avisou que já tinha diminuído o preço bem abaixo do valor de mercado. Fernanda concordou com todas as premissas, disse que havia gostado da casa e avisou que iria conversar com seu marido sobre o assunto e daria um retorno.

No dia seguinte, Fernanda telefonou para a proprietária e perguntou se poderia levar o marido para conhecer o local. Ficou combinado que o corretor imobiliário da proprietária estaria no local, e o casal levaria seu corretor também. Pouco tempo depois, Flávio e Fernanda chegaram acompanhados do corretor, de um assessor e também de suas duas filhas.

Flávio não se identificou com o sobrenome “Bolsonaro”. Cumprimentou a proprietária com educação e discrição. Mas, quando percebeu quem era o comprador, Heleuza não escondeu seu espanto. Por isso, ela deixou claro que toda a construção era regularizada e com os impostos em dia.

“NENHUM PROBLEMA” – “Tem muitas casas aqui no Lago Sul que os proprietários constroem uma parte inicial, tiram o Habite-se, depois constroem varanda gourmet, piscina e várias outras coisas. O meu alvará de construção é total da casa, tudo pago, IPTU em dia. Não quero nenhum problema para mim”, relatou a proprietária, segundo uma testemunha que presenciou o diálogo.

Foi nesse momento que Flávio relatou seus receios sobre a transação. “Nem eu quero problema pra mim. Eu já estou muito em evidência, estou sendo muito massacrado e injustiçado. Não quero problema pra mim nem pra você, nem paras minhas filhas. Quero tudo registrado, tudo legalizado”, afirmou, de acordo com uma testemunha.

Na conversa, eles acertaram as condições iniciais de pagamento. Flávio relatou que iria solicitar um financiamento para pagar parte da compra. O restante, segundo o acerto, seria pago por meio de transferências bancárias em parcelas a serem quitadas até junho. Os detalhes foram combinados depois por meio dos corretores: o pagamento de um sinal de R$ 200 mil para garantir o negócio, e juros de 1% ao mês nas parcelas que seriam quitadas até junho.

PAGAMENTOS – De acordo com nota divulgada pelos advogados da família Sarkis, Flávio Bolsonaro pagou R$ 200 mil em 23 de novembro, depois repassou R$ 300 mil em 10 de dezembro e R$ 590 mil em 11 de dezembro. Os pagamentos totalizaram R$ 1.090.000,00. Ainda estão pendentes cerca de R$ 2 milhões, que devem ser quitados até junho.

A nota contradiz a escritura de compra e venda, na qual estava registrado que “os vendedores declaram já haver recebido dos compradores o valor relativo à parcela de recursos próprios, indicada em recursos próprios do item preço da compra e venda/forma de pagamento”. Portanto, a compra ainda não foi totalmente quitada, o que está previsto para ocorrer até junho, segundo fontes que acompanharam o negócio.

O ex-marido de Heleuza, Juscelino Sarkis, não chegou a acompanhar essa visita. Ele foi chamado apenas posteriormente para ter conhecimento das negociações e assinar os documentos relativos ao negócio. Um assessor de Flávio assumiu a parte burocrática da transação, mas avisou que seu nome “não poderia aparecer” na transação.

SEM DINHEIRO PARA MOBÍLIA – Flávio e Fernanda demonstraram interesse em comprar também toda a mobília da casa. Heleuza concordou com a venda, mas avisou que o valor teria que ser negociado à parte. Flávio estava especialmente interessado nos equipamentos da academia que já existia no local. O valor solicitado pela proprietária, entretanto, frustrou o casal. Flávio avisou que não tinha dinheiro para adquirir a mobília e que, então, iria trazer sua mudança do Rio de Janeiro para ocupar a casa.

Já no início deste ano, o senador se mudou com sua família para a nova casa, mas a mobília ainda está incompleta. Deu início a alguns reparos, como a pintura das paredes e outros itens da casa que precisavam de tratamento.

NOTA – Em nota divulgada nesta quarta-feira, dia 2, o advogado Breno Sarkis afirmou que “até o presente momento todos os termos contratados têm sido devidamente adimplidos”. Em fevereiro, o financiamento do BRB no valor de R$ 3,1 milhões foi liberado e creditado na conta dos proprietários.

O senador Flávio Bolsonaro também tem negado irregularidades no negócio. Disse que a compra foi efetivada com valores provenientes da venda de um imóvel no Rio e da venda de sua participação em uma loja de chocolates.

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