Vicente Nunes
Correio Braziliense
Diante do colapso do sistema de saúde em quase todos os estados do país, especialistas admitem a possibilidade de o Brasil registrar, nos próximos dias, mais de 2 mil mortes por dia pela covid-19. O Brasil, dizem, está pagando o preço do negacionismo do governo.
Um economista que vivenciou os momentos mais dramáticos da pandemia do novo coronavírus em Nova York, diz que o quadro atual do Brasil remete ao pior do que aconteceu na cidade mais famosa dos Estados Unidos. “É desesperador ver como o Brasil está lidando com a covid”, frisa.
Segundo o consórcio de impressa, que coleta dados com as secretarias estaduais, foram registradas, na terça-feira, 1.726 mortes pela covid no país. Foi o pior resultado desde o início da pandemia. Mas a situação tende a se agravar mais.
INDICADORES PIORARAM – Dados da Fiocruz mostram que o Brasil está apresentando piora em todos os dados referentes à doença do país, com o índice de transmissão do novo coronavírus fora de controle. No Rio Grande do Sul, a média móvel de mortes aumentou 133% em relação à de 14 dias atrás. Em Santa Catarina, o salto foi de 170%.
Para especialistas, se o Brasil tivesse tomado as medidas adequadas, preparado um plano de imunização consistente e União, estados e municípios estivessem unidos, não se teria chegado ao atual quadro de gravidade, em que hospitais estão contratando contêineres para estocar corpos.
Do ponto de vista econômico, o que posso dizer é que o negacionismo brasileiro, do governo federal e de parte da população, contratou um nova recessão, mais desemprego e inflação”, diz o economista, que mora em Nova York. “A conta, como sempre, recairá sobre os mais pobres”, emenda.