Carlos Newton
Quando o presidente Jair Bolsonaro diz aos jornalistas que a imprensa está nos estertores, os grandes jornais vão à falência e a profissão vai acabar, realmente não pretende apenas jogar praga, porque ele acredita mesmo nessa possibilidade. Investe contra a profissão de jornalista, na certeza de que todos se opõem a seu governo, esquecido da existência de muitos jornalistas e articulistas importantes que ainda defendem a tumultuada gestão bolsonariana, como Alexandre Garcia, J.R. Guzzo, Políbio Braga, Percival Puggina, Reinaldo Azevedo, Ives Gandra Martins e tantos outros.
Felizmente, a imprensa não vai acabar. Pelo contrário, os adoradores de Bolsonaro e de outros líderes radicais e autoritários ainda vão ter de aturar os jornais per saecula seculorum, como dizem os latinistas e podemos traduzir por até o final dos tempos.
APOCALYPSE NOW – Quando surge alguma novidade no campo da comunicação social, sempre aparecem os profetas do apocalypse now. Foi assim com a invenção da fotografia, quando passaram a dizer que os pintores ficariam em grandes dificuldades, porque ninguém mais lhes contrataria para fazer retratos.
Depois, o cinema ia aniquilar o teatro, o rádio daria grandes prejuízos aos jornais, a televisão acabaria com o cinema, e agora a internet vai liiquidar com tudo, incluindo os livros, e isso é um bocado de exagero.
NINGUÉM VAI MORRER– Na verdade, todos vão sobreviver, cada um no seu tamanho. O que sempre ocorre é sobrevém uma fase de adaptação, que já está em curso, com os grandes jornais dando até um jeito de aumentar o faturamento com faturas cobradas às redes sociais.
É claro que poucos veículos sobreviverão, quando comparamos à situação da imprensa no século passado, quando houve uma fase em que existiam 18 jornais diários no Rio de Janeiro.
A grande diferença hoje entre os jornais e as redes sociais é a questão da credibilidade, porque é raríssimo um jornal publicar fake news, que é uma grande especialidade da internet, com sites, blogs e redes sociais que publicam notícias falsas sem o menor constrangimento. Mas a Justiça está aí mesmo para coibir esses excessos, que custarão caro para os autores.