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terça-feira, março 02, 2021

Após prisão de Daniel Silveira, bolsonaristas baixam o tom e removem vídeos com ataques ao STF das redes

Publicado em 2 de março de 2021 por Tribuna da Internet

Otoni apagou tuítes referindo-se aos ministros da Corte como criminosos

Deu no O Globo

A prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) após ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), há quase duas semanas, enfraqueceu a retórica bolsonarista. Após o episódio, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro aceleraram a retirada de vídeos e publicações online que citavam a Corte e ajustaram o tom das declarações, em uma tentativa de evitar novos confrontos tão acirrados quanto o protagonizado por Silveira com falas violentas endereçadas a ministros e apologia ao AI-5.

O recuo ficou evidente em levantamentos realizados pela empresa de análise de dados Novelo Data e pelo Projeto 7c0, que atuam compilando dados sobre a remoção de conteúdos no YouTube e no Twitter, respectivamente. Houve movimento neste sentido por parte de colegas de Silveira na Câmara, como Otoni de Paula (PSC-RJ) e Paulo Eduardo Martins (PSC-PR) e também do procurador bolsonarista Ailton Benedito.

COMPORTAMENTO – Monitorando 183 canais bolsonaristas no YouTube, a Novelo Data identificou um comportamento coletivo: no mês anterior à prisão de Silveira, decretada em 16 de fevereiro, houve uma média diária de 11 vídeos sobre o STF removidos dessas páginas. Nos três dias seguintes à decisão do STF de prender o deputado, a média diária saltou para 26.

Os conteúdos apagados por Paulo Eduardo Martins e Ailton Benedito se inserem nessa estatística. Assim como os dois, que são influenciadores digitais do bolsonarismo, também houve remoções feitas por canais com alto número de inscritos. Foi o caso de Verdade Política (1,22 milhão de assinantes); Notícias Política BR (545 mil) e Vista Pátria (536 mil). Procurados pelo O Globo, Martins não quis comentar o caso, e Benedito afirmou que não apagou qualquer conteúdo, que “jamais atacou o STF” e que “sempre pautou suas ações pela ética e respeito às pessoas e às instituições”.

MENÇÕES – No Twitter, onde o Projeto 7c0 monitora 574 contas de políticos com cargos públicos, apenas nove publicações com menções ao STF foram removidas uma semana antes da prisão de Silveira. Na semana seguinte ao episódio, o número subiu para 50.

Otoni de Paula, por exemplo, apagou tuítes em que dizia que “bandido bom para o STF é bandido solto” e que “os milicianos não vão nos calar”, referindo-se aos ministros da Corte como criminosos. O parlamentar disse que as publicações foram apagadas por determinação da Justiça e não “por vontade própria”.

Apesar da mudança evidente, aliados de Bolsonaro, conhecidos pelo tom mais beligerante, negam que estejam operando mudanças na própria retórica, ao passo em que continuam discursando em defesa de Silveira. As falas, no entanto, demonstram traços de ponderação que não existiam anteriormente.

LIMITE – É o caso do deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), que comenta a prisão de Silveira enquanto traça um limite para si mesmo. “Continuarei fazendo minhas críticas, mas sem ofensas que possam configurar uma quebra de decoro, sem ameaças pessoais. Não que o discurso do Daniel tenha sido assim, mas foi muito ácido”, afirmou.

O deputado estadual Gil Diniz (sem partido), braço direito de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em São Paulo, afirma que “não será dado qualquer passo atrás” nas críticas ao Judiciário, ao mesmo tempo em que elogia Bolsonaro por ter mantido silêncio em relação à decisão do Supremo.

“Cada deputado tem seu perfil. Alguns mais incisivos, outros mais suaves. Mas não tem como exigir mudança na retórica. Eu vou continuar subindo na tribuna e chamando a atenção para os abusos do STF. Mas o presidente precisa manter a harmonia entre os Poderes”, declarou Diniz.

COBRANÇA – Ao contrário de Diniz, Bolsonaristas mais radicais ainda cobram que o presidente atue para defender Silveira. Paulo Enéas, dono do Crítica Nacional, um dos principais portais de apoio a Bolsonaro, publicou um artigo mencionando a falta de posicionamentos de ministros, como André Mendonça (Justiça) e Damares Alves (Direitos Humanos). “A ausência de manifestação formal emite um sinal de insegurança para os apoiadores do próprio governo”, escreveu Enéas.

Da mesma maneira, Silvio Grimaldo, que comanda o site do ideólogo Olavo de Carvalho, passou os últimos dias compartilhando “memes” sobre como os ministros do STF estariam se agigantando contra conservadores. A militante Sara Giromini, em prisão domiciliar desde o ano passado e rompida com o bolsonarismo, também manifestou incômodo e questionou se, agora, “o Planalto e os direitos humanos se pronunciariam”.

MEDO – O cientista político Carlos Melo, do Insper, diz que a prisão de Silveira criou, nos deputados, um “medo de brincar com o Supremo” e de ecoar pensamentos que, na verdade, são os do próprio presidente.

“A prisão foi um sinal de que os inquéritos sobre atos antidemocráticos e fake news não estão parados e de que há muitos outros na berlinda, tanto quanto Silveira. O silêncio do presidente é circunstancial. Ele ainda vai voltar ao tema e lançará algum sinal para esses setores (que o apoiam). E isso será importante, porque o Silveira disse o que o Bolsonaro pensa”, afirma.

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