Carlos Newton
Estava insuportável a invasão de robôs humanos e mecânicos, que se digladiavam aqui na Tribuna da Internet defendendo teses extremistas. Da mesma forma como aconteceu na fase pré-impeachment da presidente (?) Dilma Rousseff, novamente a robotização diminuiu bastante, existem melhores condições de discutir de forma mais adequada e eficiente os grandes problemas nacionais.
No momento, deveríamos estar debatendo como sair da grande depressão que já está afetando a economia mundial. Mas não há condições para abrir essa discussão, porque ninguém se interessa. Antes de tudo, é preciso encontrar uma maneira de resolver o desgoverno de Jair Bolsonaro. Esse é o maior desafio brasileiro.
NÃO DÁ MAIS – Desabafos como “Acabou, porra!”, que são ditos diariamente por Jair Bolsonaro, na verdade deveriam estar sendo ecoados por aqueles milhões de brasileiros e brasileiras que começaram a sair às ruas em junho de 2013, elegeram Bolsonaro cinco anos depois e agora estão em casa, confinados, sem poder ir às ruas para dizer que Bolsonaro precisa sair da Presidência da República.
Realmente, Bolsonaro está certo quando diz: “Acabou, porra!”. Mas na verdade é ele quem tem de sair, junto com os três filhos abusados e os ministros e assessores terraplanistas. O país não aguenta mais um governante que demonstra evidente desequilíbrio mental e cria pelo menos uma crise por dia.
No caso, precisamos nos mirar no exemplo do presidente Delfim Moreira. Foi um dos maiores políticos do país, responsável por uma revolução no ensino público e por importantíssimas medidas destinadas a propiciar o desenvolvimento nacional na agricultura e na indústria. Mas não teve condições de saúde para governar.
ESCLEROSE PRECOCE – Justamente quando assumiu o poder em 1918, devido à morte do presidente Rodrigues Alves, o vice Delfim Moreira passou a enfrentar problemas de esclerose precoce, alternando períodos de lucidez com atitudes insanas. Mas não houve problemas na gestão. Escolhido por ele, quem tocou o governo até a eleição de Epitácio Pessoa foi o ministro da Viação, Afrânio de Melo Franco, diplomata e político de renome internacional, indicado três vezes para o Nobel da Paz em 1935,1937 e 1938.
No caso de Bolsonaro, não há como reviver essa “regência republicana”, como foi denominada a gestão de Delfim Moreira e Afrânio de Melo Franco, porque o atual presidente não aceita conselhos e sugestões, nem mesmo do general Augusto Heleno, seu principal avalista junto às Forças Armadas.
NÃO ACEITA TRATAMENTO – O mais importante é que o interesse nacional precisa prevalecer. Está claro que o presidente Bolsonaro não aceita se afastar para fazer tratamento especializado nem delega poderes a seus ministros.
Portanto, não há alternativa. É preciso substituí-lo o quanto antes pelo sucessor constitucional, o vice Hamilton Mourão, e já existem abundantes motivos para o impeachment, que nem seria necessário. Bastaria o presidente se afastar para o necessário tratamento. Infelizmente, Bolsonaro não aceita fazer tratamento nem delega poderes. Por isso a TI defende seu impeachment, para que o país volte à normalidade.