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domingo, março 01, 2020

Congresso e imprensa são duas pedras no caminho entre o Planalto e a Democracia


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Charge do Duke (dukechargista.com.br)
Pedro do Coutto
Reportagem de Talita Fernandes, Folha de São Paulo de sexta-feira, focaliza a transmissão da mensagem do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais, na qual cobra a aprovação pelo Congresso de projetos importantes e ataca a imprensa fortemente.
“Não podemos” – afirmou – “nos envenenar com essa mídia em grande parte podre que nós temos aí”, disse o chefe do governo, que também criticou o que classificou de lentidão do Congresso Nacional. “Gostaria de fazer muita coisa pelo Brasil, mas estou há seis meses com projeto de lei na Câmara aumentando a validade da carteira de motorista de cinco para dez anos que não vai para frente”.
PROJETO NÃO ANDA – Acentuou também que o projeto amplia para 40 pontos a infração que suspende a habilitação e que também não anda.
Jair Bolsonaro negou que esteja criando ambiente público contra os demais poderes, porém critica a demora na votação no Legislativo da agenda econômica do ministro Paulo Guedes, fundamental para o governo dar continuidade ao ajuste fiscal e fazer o Brasil voltar a crescer após longo período de recessão.
Bolsonaro acrescentou não estar fazendo críticas ao Parlamento, mas ressalvou: “Agora tenho de dar satisfação porque o povo cobra muito mais de mim do que ao Congresso e ao Judiciário”.
INSISTÊNCIA – Na sua transmissão para as redes sociais, Bolsonaro mandou um recado para a imprensa: “Não vou desistir, vou buscar fazer tudo aquilo que falei durante a campanha. Temos de insistir e persistir”.
Nesta altura dos acontecimentos, na minha opinião, o projeto da reforma administrativa pode ter incluído na sombra a pedra no caminho entre o poder e o regime democrático. Pois o presidente da República pode estar jogando com a hipótese de a mensagem não ser aprovada para então detonar a crise que as manifestações de 15 de março no fundo insinuam, ameaçam e, em uma visão mais ampla, até fomentam.
LANCE DE DADOS – Portanto, temos aí mais um lance de dados em torno do relacionamento entre o Executivo e o Congresso Nacional. No dia 15 de março, sem dúvida, os termômetros devem assinalar claramente uma próxima etapa no caminho de uma crise capaz de abalar as instituições.
Para conter os efeitos desse episódio, há necessidade de um esforço conjunto preventivo por parte da imprensa, dos parlamentares e dos partidos políticos. O quadro desenha-se assim. É grave a crise.

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