Carlos Chagas
Roosewelt Pinheiro
Agência Brasil
Carlos Newton
Gelio Fregapani
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A justiça é cega e o poder é surdo!
“A justiça é cega”, já dizia o velho ditado. Muitos conhecem, mas provavelmente não sabem que o poder é surdo. De fato ele tem a capacidade de tornar quem dele se utiliza de “surdo”. É impressionante como a surdez e a insensibilidade rondam a cadeira do poder e, muitas vezes, tornam-se um anestésico que gera naquele que o detém um sentimento falso de que o mundo é sempre cor de rosa. Esses elementos fazem com que os poderosos se esqueçam dos “gritos” de uma classe marginalizada, embora, seja essa mesma classe que os levaram para a posição em que chegaram.
Quando analisamos o comportamento dos políticos existe uma grande diferença entre o antes e depois das eleições. Antes sempre estão dispostos a atender tudo e todos. Depois os celulares se desligam, telefonemas não são retornados, sem contar as promessas de campanha que dificilmente são cumpridas. Só existe uma explicação para tal comportamento: o poder é surdo.
O som consegue despertar a emoção com mais facilidade do que a imagem. Quando se presencia uma cena de dor, ela se torna muito mais comovente quando vem acompanhada de trilha sonora. Por isso, as trilhas sonoras de novelas, filmes e reportagens são tão importantes, elas mexem com as emoções. O problema é que a “dor da rua” não possui trilha sonora e nem alcança os gabinetes dos “palácios”.
Fonte: site Bispo Rodovalho
O que é corrupção?
Um dos símbolos da corrupçãoCorrupção vem do latim corruptus, que significa quebrado em pedaços. O verbo corromper significa “tornar pútrido”.A corrupção pode ser definida como utilização do poder ou autoridade para conseguir obter vantagens e fazer uso do dinheiro público para o seu próprio interesse, de um integrante da família ou amigo.
CORRUPTOS VIVEM EM PROFUNDAS TOCAS
SÃO MUITOS E DIFÍCEIS DE CAPTURAR
Vou ao dicionário
e encontro a palavra corrupção como derivada
do latim corruptus, que significa
“quebrado em pedaços”, “apodrecido”,
“pútrido”, “devasso”, “depravado”,
“subornado”. Corrupção é sedução por
dinheiro, propostas, poder, presentes,
ofertas, levando alguém a afastar-se da
retidão. O verbo corromper significa
“alterar, adulterar, subornar,
deteriorar-se, perverter-se, depravar-se”.
O escritor Machado
de Assis afirma que “a vaidade é o princípio
da corrupção”. Enquanto em teoria política,
Lord Acton afirmou que “o poder tende a
corromper e o poder absoluto corrompe
absolutamente.” Com essa afirmação sobre o
poder político, o autor diz que a autoridade
política nas sociedades humanas, em função
apenas e tão somente de sua existência
(autoridade política), tende a danificar as
relações entre seres inicialmente dotados de
igualdade. “O poder político tende a
corromper”, porque o poder político faz de
seu detentor uma pessoa diferente das
demais, cercando-a de símbolo, distinções,
privilégios e imunidades que sinalizam
hierarquia superior, ocorrendo com o passar
do tempo uma transformação do indivíduo
privado em uma autoridade pública que usa o
poder em benefício privado. Nesta
metamorfose acontece a corrupção do poder
político.
Vivemos,
atualmente, em nosso país, momento de
comportamentos imoderados de pessoas nos
variados segmentos da sociedade,
especialmente na área política, que estão
subornando e sendo subornadas. Passam às
futuras gerações e aos delinquentes de menor
porte, a ideia de que é preciso “ser
esperto; vivo”, para vencerem na vida,
adquirindo patrimônios vultosos, via poder
ou representações que passam a ter.
De um modo geral,
generalizamos o termo corrupção,
associando-o aos governantes, funcionários
públicos ou empresários envolvidos com as
questões político-administrativas. É certo
que os grandes escândalos, e estes vem,
quase que diariamente denunciados pela
imprensa, estão relacionados a estes grupos
e nós vamos perdendo a sensibilidade de
escandalizarmos mais, até porque são muitos
e um atrás do outro, passando a serem
triviais, comuns e corriqueiros.
O relatório anual
da ONG Transparência Internacional,
divulgado em 26 de outubro de 2010, deu uma
pontuação de 3,7 para o Brasil, numa escala
de zero a dez, entre 178 nações, ficando
nosso país em 69° lugar, juntamente com
Cuba, Montenegro e Romênia. Dinamarca, Nova
Zelândia e Cingapura, dividiram a primeira
colocação com 9,3 pontos. Dos 178 países
avaliados, 75% não obteve nota superior a
5,0.
O país
sul-americano mais bem colocado no ranking
como exemplo positivo foi o Chile, que subiu
de 6,7 pontos em 2009, para 7,2 em 2010.
Segundo Alejandro Salas, diretor regional
para as Américas da Transparência
Internacional, é que “no Chile há a
percepção de autonomia da justiça e de uma
polícia livre de corrupção”, citando também,
uma recente lei chilena que permite o acesso
de cidadãos a informações de contas e
contratações públicas.
Huguette Labelle,
presidente da Transparência Internacional,
diz em comunicado, que “os resultados
mostram que são necessários esforços
significativamente maiores para fortalecer a
governança no mundo”, enquanto Salas, opina
que melhoras no panorama global dependem de
mudanças individuais. “Em muitos países os
indivíduos tendem a se ver como vítimas do
sistema. Mas o indivíduo pode ser proativo e
sair do círculo da corrupção.”
A lista da
corrupção é impossível de ser relatada por
completa. São centenas de milhares, desde os
menores aos maiores municípios. Em todos os
níveis, municipal, estadual e federal. Em
todos os poderes, entidades e setores
variados públicos, privados e de
representatividades empresariais, sindicais,
profissionais, de saúde, religiosas e outras
tantas.
Registro caso
Lutfala, escândalo da mandioca, caso Capemi,
escândalo da Previdência Social, escândalo
do Inamps, jogo do bicho, escândalo do Sivam,
pasta rosa, caso PC Farias, escândalo da
desvalorização do real, escândalo dos
medicamentos, caso Celso Daniel, escândalo
dos gafanhotos, caso Waldomiro Diniz,
escândalo Paulo Maluf, caso Jorgina de
Freitas, escândalo dos vampiros, escândalo
dos dólares na cueca, caso Daniel Dantas e
alguns mais recentes, como máfia do lixo,
caso Renan Calheiros, escândalo Luiz
Estevão, caso juiz Nicolau, mensalão, cartão
corporativo, merenda escolar, casos Joaquim
Roriz e José Roberto Arruda, Ministério dos
Transportes, DNIT, Ferrovia Norte Sul e caso
Palocci.
São tantos que um
vai fazendo esquecer o anterior, porém,
estamos vivendo em um regime democrático em
que a sociedade tem encontrado na imprensa e
no Ministério Público, um suporte para que
estes acontecimentos negativos sejam
conhecidos pela população, estando hoje a
Polícia Federal com a confiança do povo e
atuando firme, realizando investigações que
nos permitem acreditar que o campo e o
espaço dos desonestos estão diminuindo.
Creio que temos
reservas morais na política e na sociedade
brasileira capazes de não deixarem que tudo
vire pó, pois ultimamente, tudo está
acabando em pizza.
Por isso, concluo
este artigo de forma leve, falando sobre o
corrupto, crustáceo decápode cavador que
pertence à família callianassidae,
que possui garras em forma de pinças. É um
gênero que possui cerca de 90 espécies. Com
as espécimes de maior tamanho, deve-se tomar
muito cuidado, já que sua garra causa
ferimentos. São muitos, não aparecem e
difíceis de capturar, embora vivam em praias
rasas de areia fina, próximos à linha
d’água, mas em profundas tocas verticais
escavadas na areia.
Quanto maior o
buraco, maior o animal que nele habita. Está
presente ao longo das praias oceânicas do
litoral brasileiro, desde a costa nordeste
até a costa sul, sendo sua estrutura
extremamente delicada. É excelente isca
inteiro ou em pedaços, formando uma
“bolota”, é profundamente atrativo para
“peixes de boca grande.”
Será que consegui,
embora figuradamente transmitir a ideia do
quanto um corrupto é forte a da dificuldade
para captura-lo?
(Barbosa Nunes,
advogado, ex-radialista, delegado de polícia
aposentado, professor e Grão-Mestre da
Maçonaria Grande Oriente do Estado de Goiás
–
barbosanunes@terra.com.br)