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quarta-feira, novembro 04, 2009

Hotéis funcionam ilegalmente como motéis no Centro da cidade

Helga Cirino, do A TARDE
Arestides Baptista / Agência A TARDE
Hotel Democrata, onde o apresentador da TV Salvador, Jorge Pedra, foi morto a facadas
Pelo menos cinco hotéis situados entre o Largo Dois de Julho e a Avenida Sete de Setembro, no Centro de Salvador, são utilizados ilegalmente como motéis por hóspedes, apesar de terem licença exclusiva para funcionamento hoteleiro – para hospedagem com registro dos hóspedes e não para períodos curtos de permanência sem identificação de quem usa os quartos.
Uma equipe de A TARDE visitou 11 estabelecimentos nesta terça. Eles têm tabelas de preços por hora e oferecem serviços como cadeiras eróticas e até bonecas infláveis.
O coordenador de comunicação da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo (Sucom), Pedro Castro admite que os 80 fiscais do órgão não têm condições de inspecionar permanentemente todos os estabelecimentos, mas adverte que, “flagrados em situação irregular, empresários podem perder os alvarás”.
Telefone - Durante as visitas da equipe de reportagem, apenas uma das 11 funcionárias dos estabelecimentos admitiu oferecer serviços de motel sem exigir documentos. Mas, ao serem contactados por telefone, atendentes de cinco hotéis ofereceram quartos com permanecia de uma hora e de duas horas, além de opções eróticas, disponibilizadas geralmente por motéis.
Um dos estabelecimentos é o Democrata, onde o apresentador da TV Salvador Jorge Pedra, 52, foi morto a facadas no fim de semana. Por telefone, uma funcionária informou que duas horas no quarto mais barato saem a R$ 25, oferecendo uma “cadeira erótica” por mais R$ 30.
Ela não foi a única. A recepcionista do Fênix (Rua Carlos Gomes) indicou o quarto mais barato, permanência de uma hora, por R$ 15,50. No Capri (Dois de Julho), duas horas custam R$ 20,50.
“Todo mundo sabe que quase todos os hotéis daqui funcionam como motéis. Eu mesmo já fui em pelo menos três deles”, admitiu o comerciário Paulo Soares, 24 anos.
De acordo com o usuário, o mais conhecido deles seria o Hotel Las Vegas, que cobra R$ 20 por duas horas. Já duas horas na “suíte vip”, com vista para o mar, custam R$ 27. O serviço com duas cadeiras eróticas custa R$ 40 e o hóspede ganha “gratuitamente” mais duas cadeiras no quarto.
“Esse aí é um dos melhores daqui. Quase ninguém usa os serviços dele como hotel. É um absurdo numa área residencial e comercial como esta funcionar este tipo de serviço”, reclamou a dona de casa Patrícia Cunha dos Santos, 29.
Procurados por A TARDE, os gerentes dos hotéis Democratas, Las Vegas e Fênix não retornaram às ligações da equipe de reportagem.
Responsável pelo Hotel Capri, Eduardo Costa justificou a curta permanência como forma de oferecer “um serviço promocional aos vendedores e comerciantes que chegam do interior de madrugada para trabalhar pela manhã no Centro da cidade”. Para ele, “o que diferencia um motel de um hotel não é o tempo que o hóspede fica e, sim, o cadastro. Como todo hotel, aqui cadastramos todos”.
Fonte: A Tarde

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