Agencia Estado
A cobrança pública da empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, às duas dezenas de deputados e senadores reunidos Fórum Empresarial de Comandatuba levou um grupo de líderes da Câmara a propor mais um "pacote moralizador" como nova reação ao escandaloso gasto do dinheiro público colocado à disposição dos gabinetes dos parlamentares e à enxurrada de denúncias que tomam conta da Câmara há 77 dias.A decisão foi tomada no evento que aconteceu no fim de semana prolongado do feriado de 21 de abril. Indignada com os desmandos do Congresso, a empresária Luiza Trajano cobrou satisfação dos parlamentares presentes. "O encontro de empresários para debater a situação econômica acabou virando uma reunião política suprapartidária", admitiu hoje ao Estado o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).Diante da gravidade da situação e da insatisfação empresarial expressa em Comandatuba, representantes da Mesa Diretora da Câmara juntaram-se a líderes de partidos governistas e de oposição e decidiram esticar a conversa informal do jantar. "Vamos sentar em um local onde possamos conversar melhor", sugeriu o líder do PSDB, deputado José Aníbal (SP), ao grupo.O convite foi aceito pelo líder petista Cândido Vaccarezza (SP); pelo secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), pelo corregedor da Mesa da Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), e pelos deputados José Carlos Aleluia (DEM-BA) e Manuela DÁvila (PC do B-RS). De acordo com um dos parlamentares que foram a Comandatuba, a avaliação geral foi a de que não há alternativa fora de uma "mudança urgente e radical" de postura, método e prestação de contas, sob pena de a imagem do Legislativo "ir para o ralo".Foi a partir desta constatação que o líder tucano tratou de telefonar para o primeiro secretário da Mesa da Câmara, Rafael Guerra (PSDB-MG), querendo saber notícias do pacote de sugestões administrativas que o correligionário estava preparando para apresentar aos dirigentes da Casa e ao colégio de líderes amanhã.A reunião de líderes está marcada para amanhã, mas eles saíram de Comandatuba com a certeza de que não há consenso sobre como usar as verbas públicas e com que grau de transparência. Na semana passada, em outra reunião de líderes, os deputados limitaram-se a legalizar a prática, não proibindo sequer o uso de passagens áreas pelos familiares e amigos dos parlamentares.
Fonte: A Tarde
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