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domingo, outubro 31, 2021

Em Santos, o ovo atirado contra um violoncelo resume a selvageria do Brasil em que vivemos

Publicado em 31 de outubro de 2021 por Tribuna da Internet

O violoncelista Luiz Felipe Salinas Almeida, 20, atacado com ovos na última semana

Luiz Felipe Almeida toca nas ruas para sustentar seu filho

Ruy Castro
Folha

Há dias, o garoto Luiz Felipe Salinas Almeida, 20 anos, tocava seu violoncelo numa rua de Santos quando ouviu algo se chocando contra a madeira do instrumento. Sem parar de tocar, examinou-o e viu a baba escorrendo. Alguém o alvejara com um ovo. Diante da gratuita brutalidade, Luiz Felipe teve vontade de chorar. Mas se segurou e continuou tocando.

Os transeuntes que o ouviam olharam em torno tentando identificar quem fizera aquilo. Não conseguiram — o ovo poderia ter vindo de alguma janela. Outros perceberam a agressão e aproximaram-se, solidários. Isso só ampliou a humilhação de Luiz Felipe. Como ele disse depois, não queria ser objeto de piedade.

VIVE DA MÚSICA – Não era a primeira agressão que sofria. Luiz Felipe toca nas ruas para viver e para pagar a pensão alimentícia de seu filho Valentim, de um ano. Seu palco são as cidades do interior de São Paulo e Minas Gerais. Em algumas, o comércio ao alcance de sua música já chamou a polícia para tirá-lo dali e apreender seu instrumento.

Luiz Felipe pode não ser um virtuose como o catalão Pablo Casals e o russo Mstislav Rostropovich, duas lendas do violoncelo, ou o sino-americano Yo-Yo Ma, um prodígio contemporâneo. Mas o violoncelo não é um instrumento agressivo.

Seu território é o clássico e, sempre que emprestado à música popular, deu a esta uma sobriedade e classe que ela poderia ter incorporado de vez — vide o americano Kronos Quartet tocando Thelonious Monk e o nosso trio Paula e Jaques Morelenbaum e Ryuichi Sakamoto tocando Jobim.

ARCO E CORDAS – Numa época de música em decibéis intoleráveis para o ouvido humano, é impossível a um menino armado com um arco e quatro cordas, como Luiz Felipe, ferir a sensibilidade de alguém.

Resta ver até quando nossa sensibilidade resistirá à selvageria oficial, emanada dos atuais ocupantes do poder. Nunca o Brasil foi reduzido a tal rudeza e sordidez.

A pessoa que atirou o ovo personifica esse Brasil.


IPTU: confira passo a passo como gerar o boleto

O IPTU é o segundo tributo mais importante para o Município de Aracaju (Foto: Marcelle Cristinne)

De forma prática, o aracajuano pode consultar débitos e gerar o boleto para pagamento do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). Ao acessar o Portal do Contribuinte, da Secretaria Municipal da Fazenda (Semfaz), basta clicar no banner “consulte seus débitos”, fazer um cadastro simples (ou acessar com login e senha, caso já esteja cadastrado), escolher “consulta de débitos” e, por fim, serão demonstrados todos os débitos pendentes junto à Prefeitura.

O IPTU é o segundo tributo mais importante para o Município de Aracaju – ficando atrás apenas do Imposto Sobre Serviços (ISS) – e permite à gestão municipal gerar receita própria para investir, por exemplo, em obras de infraestrutura, saneamento básico, mobilidade urbana, ações de limpeza urbana, dentre outras.

Diretor do Departamento de Tecnologia da Informação da Semfaz, Bruno Andrade, explica que, recentemente, para enquadrar o serviço disponibilizado no Portal do Contribuinte ao que determina a lei de Proteção aos Dados, a secretaria realizou algumas adequações no sistema de emissão dos tributos municipais.

“No caso do contribuinte pessoa física, o documento pode ser emitido na aba ‘IPTU’, ‘Consulta de débito’, digitando CPF e inscrição do imóvel. No caso do contribuinte pessoa jurídica, a diferença é que, ao invés do CPF, é necessário informar o CNPJ da empresa, bem como a inscrição do imóvel vinculado”, destaca.

Bruno salienta que, para aqueles que possuem parcelamentos ainda a vencer, a impressão das parcelas somente poderá ocorrer com o cadastro no Portal do Contribuinte. “Com a criação do login e senha, o contribuinte pode acessar os débitos e imprimir os boletos com maior segurança e proteção dos seus dados, como define a lei”, sublinhou.

Para este ano, de acordo com a Secretaria Municipal da Fazenda (Semfaz), a perspectiva de arrecadação do IPTU, que conta com 200 mil contribuintes ativos, gira em torno de R$200 milhões. Secretário da pasta, Jeferson Passos destaca que essa arrecadação é utilizada, por exemplo, em obras de infraestrutura.

“A legislação também define que 25% do que for arrecadado seja aplicado diretamente na Educação, e outros 20% sejam direcionados à Saúde, o que temos cumprido rigorosamente”, salientou.

Fonte: AAN

INFONET

Aras abre mais de 90 apurações na PGR, mas maioria segue sem resultado


Aras abre mais de 90 apurações na PGR, mas maioria segue sem resultado
Foto: José Cruz/Agência Brasil

O baiano Augusto Aras, procurador-geral da República, determinou a instauração de uma notícia de fato para analisar as acusações da CPI da Pandemia, nesta quinta-feira (28). 

 

De acordo com a coluna de Guilherme Amado, no site parceiro Metrópoles, o procedimento, que é como uma apuração preliminar, parece ter pouca eficácia na gestão atual da PGR. Segundo dados do próprio órgão, apenas na gestão Aras foram abertos mais de 90 procedimentos do tipo sobre ações do presidente Jair Bolsonaro, mas a maioria sem qualquer resultado.

 

Segundo a publicação, somente duas apurações tiveram andamento e resultaram em inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), um para apurar problemas na compra da vacina indiana Covaxin e outro sobre a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.

 

A lista de notícias de fato que não foram para frente inclui uma apuração sobre produção de relatórios da Abin para auxiliar a defesa do senador Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas e uma sobre ataques do presidente às urnas eletrônicas.

 

Mas não é só Bolsonaro que figura entre as 90 notícias de fato encomendadas pelo procurador-geral. No mês passado, Augusto Aras instaurou um procedimento do tipo para investigar as offshores ligadas ao ministro da economia Paulo Guedes e ao presidente do Banco Central Roberto Campos Neto.

 

O presidente não foi o único a ser alvo de notícias de fato do PGR. No mês passado, Aras instaurou procedimento semelhante para investigar offshores ligadas a Paulo Guedes e Roberto Campos Neto.

 

Segundo a coluna, subprocuradores críticos ao trabalho de Aras apontam que ele tem utilizado as notícias de fato para fazer de conta que está tomando alguma providência, mas sem levar as investigações à frente de verdade. Eles acusam o PGR de ter uma postura leniente com Bolsonaro. 

Bahia Notícias

Escapando da reunião sobre clima, Bolsonaro acentuou o fracasso de sua política para o meio ambiente

 

Escapando da reunião sobre clima, Bolsonaro acentuou o fracasso de sua política para o meio ambiente

Bolsonaro “pipocou” e não deve participar da COP26 em Glasgow

Pedro do Coutto

O presidente Jair Bolsonaro, aliás como era esperado e não surpreendeu ninguém, decidiu não comparecer à reunião sobre o clima que se inicia hoje em Glasgow, na Escócia, embora estejam presentes chefes de Estado de mais de cem países. Em Brasília, o general Hamilton Mourão, que assumiu interinamente a Presidência da República, em declarações à Folha de S. Paulo, disse que Jair Bolsonaro não participa da COP26, evento da ONU, para evitar pedradas contra o seu governo, expressão usada para focalizar protestos generalizados.

A atitude de Bolsonaro deixa o país muito mal no julgamento internacional sobre as medidas que deveria ter tomado e não tomou contra os desmatamentos, as queimadas e em relação aos fatos que produziram o aumento do carbono na atmosfera. Mourão disse ver lógica no comportamento presidencial porque senão em Glasgow todo mundo poderia criticar Bolsonaro. Mas assinalou que haverá uma equipe bem estruturada representando o Brasil na reunião.

ESCAPISMO – Estarão o ministro Joaquim Leite, do Meio Ambiente, Fábio Faria, Comunicações, e Bento Albuquerque, Minas e Energia. Na minha opinião, optando pelo escapismo, Bolsonaro agravou a situação brasileira no contexto internacional. Mourão, de acordo com a Folha, disse que as restrições voltam-se contra o governo por ser da direita e também em função de uma disputa econômica.

A maioria das pessoas que possuem maior consciência ambiental são de esquerda. Mas tem também a questão econômica, através da qual países produtores tentam prejudicar o agronegócio brasileiro tentando dizer que ele decorre do desmatamento da Amazônia, o que não é verdade. Hamilton Mourão disse ainda que o Brasil em Glasgow defenderá o que considera um interesse nacional com as armas da diplomacia. O vice-presidente Hamilton Mourão é também o chefe do Conselho da Amazônia, órgão do governo brasileiro contra o desmatamento.

PRECATÓRIOS –  Reportagem de Ranier Bragon, Thiago Resende e Danielle Brant, Folha de S. Paulo deste sábado, analisa a falta de número que a base do governo na Câmara revelou impedindo a votação do projeto de emenda constitucional que parcela e atrasa o pagamento dos precatórios judiciais. São apontados como fatores  a traição de correligionários do governo e a falta de liderança que vem causando as ausências. Como no caso das emendas constitucionais para a aprovação são necessários 308 votos a favor, as ausências representam claramente uma posição contrária à medida e não se pode, a meu ver, citar traições como motivo, pois em muitos casos trata-se de uma questão de consciência.

Não foi a ministra Flávia Arruda, secretária do governo, que falhou. Ela, de fato, foi indicada ao cargo por Valdemar Costa Neto do PL que se empenha para que Jair Bolsonaro se filie à legenda. Deputados do PL podem estar obtendo vantagens da sua adesão ao bloco de Centro. Mas é preciso considerar também a hipótese de que uma expressiva parcela de parlamentares não aprova o adiamento dos precatórios por uma questão de consciência e também em consequência de pressão de eleitores.

DÉCADAS DE ESPERA  – Os precatórios são dívidas do governo e do INSS que resultam de ações ajuizadas em médias há trinta anos. Portanto, os autores destas ações que se tornaram vitoriosas definitivamente esperam há três décadas para receberem os resultados. Não tem cabimento que depois de uma espera dessa dimensão, o governo resolva adiar novamente o pagamento e protelá-lo sem previsão de qualquer prazo.

As dívidas do governo são assim. O governo cobra, sobretudo por intermédio do Imposto de Renda, pagamentos imediatos. Mas quando tem que pagar, protela de forma absurda. E, no fundo, a aplicação aplicada aos valores perdem para os índices inflacionários reais que se estenderam no caso dos precatórios por uma longa estrada que o governo ameaça agora não ter um horizonte.

 

“ARAS SABE DAS CONSEQUÊNCIAS DE SUA OMISSÃO”, DIZ SIMONE TEBET

 https://congressoemfoco.uol.com.br/temas/democracia/aras-sabe-das-consequencias-de-sua-omissao-diz-simone-tebet/


Simone Tebet: só fome vai levar pessoas às ruas por impeachment de Bolsonaro. Foto: Agência Senado

CPI DA COVID

“ARAS SABE DAS CONSEQUÊNCIAS DE SUA OMISSÃO”, DIZ SIMONE TEBET

30.10.2021 08:18  0

O maremoto e o capitão

 



Uma coisa é certa: 2022 não será um ano fácil para Jair Bolsonaro

Por Ricardo Rangel (foto)

Com 19 milhões de brasileiros com fome, não se discute que a renovação do auxílio emergencial é necessária. Também não se discute de onde o dinheiro deveria vir: das emendas do orçamento secreto que Arthur Lira e Ciro Nogueira pilotam. Mas Bolsonaro, temendo desagradar ao Centrão, que o mantém na cadeira, achou que furar o teto era uma boa alternativa. A PEC dos Precatórios, turbinada com o jabuti do auxílio, criará um rombo de até 95 bilhões de reais.

A proposta nem foi aprovada ainda, mas o estrago já está feito: dólar, juros e inflação muito mais altos do que o previsto. O presidente dará com uma mão, tirará com a outra e enfrentará uma campanha eleitoral com a crise econômica muito agravada.

Não há sequer garantia de que a proposta será aprovada. Noves fora o permanente interesse dos parlamentares em abrir espaço para as emendas de relator (até porque é ano eleitoral), uma emenda constitucional exige dois terços dos votos no Congresso, a oposição busca caminhos para barrar, o Senado nunca dá vida fácil ao presidente e Rodrigo Pacheco é candidato ao Planalto.

Não está claro o quanto Bolsonaro ganhará com um auxílio conseguido em troca de sacrificar o teto. Segundo pesquisa recente da Genial/Quaest, a medida é controversa: 44% são contra e 42%, a favor, e agrada aos bolsonaristas e desagrada aos antibolsonaristas na mesma proporção. Bolsonaro pode ter criado sérias dificuldades econômicas para si mesmo em troca de nada.

“Não está claro o quanto o presidente ganhará com um auxílio conseguido em troca de sacrificar o teto”

O relatório da CPI joga ainda mais lenha na fogueira. Augusto Aras não pode se fingir de morto (como Arthur Lira, olimpicamente, fará): ele tem trinta dias para informar que medidas tomou. É de esperar que proteja Bolsonaro e, para reduzir a pressão, investigue e denuncie outros. O assunto estará no noticiário, mantendo pressão contínua sobre Bolsonaro, durante toda a campanha eleitoral. E se Aras acabar por denunciar o presidente, o que não é impossível, aí o desgaste é incomensurável.

Na frente digital, o projeto de lei das fake news, a ser aprovado em breve, cria sérios entraves para a principal ferramenta eleitoral bolsonarista: a desinformação. As redes serão reguladas, e aquelas que não operam no Brasil — como o Telegram, favorito dos bolsonaristas — podem até ser banidas. Antes mesmo da promulgação da nova lei, a insistência nas fake news golpistas vem ficando mais cara. Allan dos Santos está sendo procurado pela Interpol e Zé Trovão acaba de se entregar à PF; vão fazer companhia a Roberto Jefferson e Daniel Silveira (leia a reportagem na pág. 30).

Até o panorama externo pode trazer dificuldades para Bolsonaro. O Brasil vai à COP26, uma conferência ambiental, com a insana proposta de aumentar as emissões de carbono: depois desse vexame, o risco de sanções comerciais internacionais aumentará significativamente. Somem-se a isso as dificuldades para exportar carne para a China, que não estão resolvidas. O agronegócio é um dos redutos do bolsonarismo, e a queda repentina na exportação pode afetar diretamente a sua popularidade (sem falar dos problemas de praxe: queda no crescimento e na arrecadação, alta do dólar e da inflação). Em um cenário de muita incerteza, uma coisa é certa: 2022 não vai ser um ano fácil para Jair Bolsonaro.

Revista Veja

Justiça de ocasião

 




TSE decidiu que Bolsonaro terá seu registro cassado e pode ser preso por disparo de mensagens em massa durante a campanha de 2022. Hoje, segue sendo presidente do Brasil

Por Ascânio Seleme (foto)

Três anos depois de receber a denúncia, o Tribunal Superior Eleitoral arquivou o pedido de cassação da chapa Bolsonaro-Mourão por abuso de poder econômico no disparo de mensagens em massa. Todos os ministros concordaram que houve abuso, alguns foram mais enfáticos do que outros, mas cada um deles confirmou que viu, sim, indícios de crime eleitoral no episódio. Nenhum, contudo, condenou a chapa. Alegaram que não foram apresentadas provas de que houve benefício eleitoral para a dupla vencedora com os disparos em massa. Não precisa ser especialista para saber do poder e da eficiência das redes sociais em campanhas eleitorais. Desde a primeira eleição de Barack Obama, em 2008, é assim. No Brasil de 2018, foi escandaloso. Você sabe, eu sei, os ministros do TSE também sabem.

Alexandre de Moraes disse em seu voto que “a justiça é cega, mas não é tola”. O julgamento dos disparos em massa pelo TSE teve um inegável mérito, o de estabelecer parâmetros para a conduta eleitoral nas redes sociais daqui em diante. Por outro lado, significa que o que não foi crime hoje será crime amanhã. Se não há provas hoje para punir, elas serão desnecessárias em 2022. Pela tese aprovada pelos ministros, os simples disparos em massa com desinformação serão considerados abuso de poder. O tribunal decidiu que o abuso cometido hoje só será punido se for cometido de novo a partir das próximas eleições. Aparentemente, o TSE julgou olhando para o cenário político.

O país está calmo, o presidente obsceno está quieto e parou de ameaçar as instituições, por que então o TSE geraria turbulência no cenário pacificado, mesmo que artificialmente? Para aplicar a lei, talvez fosse a resposta mais apropriada. Outra pergunta, como seria este mesmo julgamento se Bolsonaro tivesse continuado em sua sanha golpista que quase explodiu no Sete de Setembro? Se o país estivesse contaminado pelo ódio bolsonarista e anti-institucional que se viu com a ameaça de invasão do Supremo, os senhores juízes votariam da mesma forma? Eu acho que não. Minha impressão é que, neste caso, teriam cassado a chapa e posto fim ao mandato e aos direitos políticos de Bolsonaro por oito anos.

Outra questão a ser considerada, se a Justiça for mesmo igual para todos, como reza a Constituição, é a cassação do deputado estadual Fernando Francischini. Seu crime foi muito menor e com impacto absolutamente insignificante diante do que representaram os disparos em massa mentirosos que desvirtuaram a eleição presidencial. No máximo, a mentira de Francischini elegeu Francischini. O crime da chapa de Bolsonaro pode ter mudado a História do país. Isso aqui não significa defesa de Francischini, obviamente não. Trata-se de um criminoso que deveria ser condenado e finalmente uma fake news está sendo punida com o rigor da lei. O fato é que a mesma lei deveria ter sido aplicada a Bolsonaro. É simples.

Há também a questão que o ministro Alexandre de Moraes chamou de “lapso temporal”. Trata-se do impacto sobre o resultado no julgamento da conhecida lentidão da Justiça. Faltando um ano para a eleição de 2022, cassar uma chapa e os direitos políticos de um dos candidatos representaria riscos institucionais. Pode ser. Mas, de outro modo, imaginem o prejuízo causado à Nação se o TSE tivesse encontrado provas do crime e os ministros fossem obrigados a cassar a chapa. A decisão seria correta, a justiça seria feita, mas não apagaria os quase três anos de mandato e as dezenas de crimes cometidos por Bolsonaro neste período. Nem ressuscitaria os milhares de mortos por Covid que acreditaram no charlatão. Como se vê, a morosidade da Justiça pode matar.

Finalmente, tem que se levar em conta os que entendem que o tribunal mandou um recado para os partidos e especialmente para o Gabinete do Ódio de Bolsonaro. Ao estabelecer regras para os próximos pleitos, o TSE fez o balizamento que limita o uso indevido das redes sociais por campanhas eleitorais. Foi mais do que um recado, foi uma medida que terá repercussões no futuro. A novidade impede o uso de uma das principais ferramentas do bolsonarismo e vai representar um grande prejuízo para a sua campanha em 2022. Pelo mesmo crime, no ano que vem, Bolsonaro terá seu registro cassado e pode ser preso. Hoje, segue sendo presidente do Brasil.

Espertalhão 1

Uma rápida pesquisada no perfil de Maurício Souza nas redes sociais e um único “Google” nas suas atividades bastam para saber que dali não podia se esperar muita coisa mesmo. Bolsonarista desavergonhado, acabou de chegar da Olimpíada de Tóquio (onde foi o pior jogador na derrota para a Argentina pelo bronze) e correu para o Palácio do Planalto para um beija-mão solitário. A reação homofóbica ao desenho super-homem bissexual não tinha sido sua primeira manifestação neste sentido. Foi a primeira notada. Ao ser obrigado a se desculpar, teve a simpatia do presidente, que pensa como ele. “Agora tudo é feminismo, tudo é homofobia”, disse sua excelência, o obtuso. Maurício acabou demitido por ser também espertalhão. Primeiro, pediu desculpas em perfil recém-criado, com pouco mais de 50 seguidores, depois, pediu perdão dizendo que apenas exercia sua liberdade de expressão. Com a demissão consumada, rasgou a fantasia e atacou Douglas, seu ex-colega de seleção assumidamente gay. Não passa de um ignorante que mereceu o destino que teve.

Exxon x Musk

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que em 30 anos a Petrobras não vai valer mais nada. Pode ser, já que o mundo corre por energia limpa e renovável como forma de garantir o seu próprio futuro. O G1 publicou esta semana que Elon Musk (US$ 289 bilhões), dono da Tesla, empresa de carros elétricos, vale mais do que a Exxon (US$ 272 bilhões), a maior petrolífera do mundo. Pena que, para o governo brasileiro, energia limpa, proteção ao meio ambiente, combate à queimadas e essas coisas todas sejam “mi-mi-mi de esquerdistas que não querem o desenvolvimento do país”. Tanto que mesmo estando na Europa, Bolsonaro não vai participar da reunião de líderes na COP- 26, em Glasgow, na Escócia. O ecocida preferiu fazer turismo na Itália.

Astronauta burro

Até Paulo Guedes, que não é esse gênio todo, muito pelo contrário, reconhece que não basta ser militar para ser eficiente ou inteligente. Guedes chamou de burro o tenente-coronel Marcos Pontes, o astronauta brasileiro que virou ministro da Ciência e Tecnologia de Bolsonaro. Pontes não conseguiu gastar dois terços do seu orçamento, e não por austeridade, mas por absoluta incompetência. Faltaram ideias, projetos, visões. Ou foi burrice mesmo, Guedes tem razão.

O escafandrista

Outra do Paulo Guedes foi o agradecimento choroso a Bolsonaro quando ganhou sobrevida na cadeira em que está agarrado. Encantado, disse que estava morrendo afogado quando o chefe apareceu para lhe dar a mão. Melhor usar um escafandro, ministro, vai haver ainda pela frente muita água profunda, escura e turbulenta para atravessar.

Espertalhão 2

Sabe o que significa a investigação preliminar determinada pelo procurador Augusto Aras sobre as denúncias da CPI da Covid? Nada. Significa nada. Apuração de crime só conta quando uma denúncia é oferecida pelo Ministério Público à Justiça. O que Aras fez foi ganhar tempo e posar de independente. E o tempo que ele ganhou é indeterminado, o mesmo prazo que deu para que as investigações preliminares sejam conduzidas. Cabe ao Observatório da Pandemia, criado pelo G7 da CPI, colocar fogo em Aras. Se deixar sem pressão, em um ou dois meses ele arquivará o documento de 1.288 páginas dizendo que não encontrou elementos para oferecimento da denúncia ou abertura de inquérito. Pensando melhor, acho que nem com pressão a coisa vai andar.

A turma do Lira

Arthur Lira não tem a menor vergonha em sempre se posicionar do lado errado. O ataque à CPI da Covid por ter pedido o indiciamento de deputados é o exemplo mais recente. Papa do fisiologismo, o presidente da Câmara golpeou a mais importante Comissão Parlamentar de Inquérito desde a do PC Farias alegando que ela não tem poder para indiciar parlamentar. Bobagem. Lira abriu a boca para defender os seus: Ricardo Barros (que responde na Justiça por chantagem, desvio de dinheiro público, fraudes em licitações e defesa de nepotismo, foi indiciado por seu envolvimento no esquema Covaxin-Precisa, incitação ao crime, advocacia administrativa, formação de organização criminosa e improbidade administrativa), Bia Kicis (acusada por racismo, divulgação de fake news, indiciada por incitação ao crime), Carla Zambelli (condenada por fake news, denunciada por falta de decoro, acusada de ter mentido ao afirmar ter se curado de Covid com hidroxicloroquina sem nunca ter sido acometida pela doença, indiciada por incitação ao crime ), Carlos Jordy (denunciado por campanha de difamação contra youtuber, ameaça a jornalista e fake news, indiciado por incitação ao crime), Osmar Terra (réu por improbidade administrativa, foi indiciado por incitação ao crime e por epidemia com resultado morte) e Eduardo Bolsonaro (denunciado por ameaça de agressão física a jornalista, ataques virtuais a desafetos, defesa do fechamento do STF e apoio à volta do AI-5, foi indiciado pela CPI por incitação ao crime charlatanismo). Esta é a turma que Lira defende.

E aí, Kajuru?

Na semana passada, o senador Jorge Kajuru denunciou o líder do governo no Senado, Eduardo Gomes, por ter lhe oferecido R$ 100 milhões em emendas se ele parasse de bater no governo. Quer dizer, em outras palavras, um enviado do presidente da República queria usar dinheiro público para comprar um parlamentar. Isso pode? Vai ficar por isso mesmo, Kajuru?

Dois sábados

Deixo os caros leitores em sossego pelos próximos dois sábados. Nos vemos de novo no dia 20 de novembro.

O Globo

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