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sexta-feira, janeiro 03, 2025

‘Violência doméstica e Intolerância’: produtora e Instituto lançam revista para conscientizar jovens sobre temas


O conteúdo de “As jornadas de Chiara” apresenta o empoderamento feminino ao alcance de todos os públicos, com formato leve de HQ, ressaltando a força da mulher

A produtora Escritório do Pensamento e o Instituto Clara Martins lançam na quarta-feira (8) a primeira edição da revista “As jornadas de Chiara”, um produto editorial que pretende conscientizar jovens e crianças a respeito dos casos de violência doméstica, intolerância religiosa, bullying e a formas de reverter este cenário através do empoderamento feminino e letramento sobre a legislação brasileira. A sessão de autógrafos com os idealizadores e responsáveis pelo projeto acontece a partir das 17h30 no coworking Oito Imagem, localizado na Rua Dinah Silveira de Queiroz, número seis, Horto Florestal, em Salvador.

Com uma narrativa envolvente e personagens cativantes, a revista pretende educar e inspirar jovens mulheres. Para garantir a acessibilidade, haverá uma versão digital com narração e áudio descrição. De acordo com os organizadores a versão virtual da revista também será disponibilizada gratuitamente. 

Mil exemplares da edição impressa serão distribuídos gratuitamente para estudantes da rede pública de ensino da Bahia.

“Este projeto busca transformar ‘As Jornadas de Chiara’ em uma ferramenta poderosa para o empoderamento feminino, proporcionando conscientização e apoio às jovens mulheres. Através da colaboração de diversas parcerias e da implementação cuidadosa de cada etapa, esperamos alcançar e impactar significativamente nosso público-alvo”, afirma o professor e escritor Ricardo Carvalho. 

O autor chama a atenção para o papel da educação e do entretenimento como ferramentas da promoção da conscientização. O educador destaca o uso da HQ para promover a igualdade de gênero, desafiar estereótipos e apoiar o desenvolvimento pessoal e profissional das mulheres: “Essas publicações criam um espaço para discussões sobre questões importantes, como a igualdade de gênero, feminismo, discriminação, e o papel das mulheres na sociedade. Isso promove um diálogo construtivo e a reflexão crítica sobre esses temas”.

“A violência doméstica é um problema persistente em nossa sociedade, afetando milhões de mulheres. Muitas vezes, as vítimas não conhecem seus direitos ou não sabem como buscar ajuda. Eu vivi isso na pele e consegui renascer do caos da agressão. Espero ajudar outras mulheres a não terem que passar pelo que eu passei” diz Clara Martins, vítima de violência doméstica que escreveu com a professora Rafaela Lobo “O Caso Chiara”, livro semi-autobiográfico e que serviu de ponto de partida e que inspirou a personagem “Chiara” da HQ. 


"’As Jornadas de Chiara’ visa preencher essa lacuna, oferecendo uma narrativa que educa e empodera. A escolha de uma HQ se dá pelo apelo visual e pela facilidade de engajar o público jovem”, concluiu Rafaela Lobo.


"As Jornadas de Chiara" é uma produção do Escritório do Pensamento, com produção de Marília Carvalho e direção de Arte sobre a liderança de Filipe Monet, que coordenou a equipe de desenhistas e designers. A revista será lançada em parceria com o Instituto Clara Martins e tem patrocínio do Governo da Bahia através da Bahiagás.


SERVIÇO

...

O QUÊ: Sessão de autógrafos do lançamento da revista "As Jornadas de Chiara"

QUANDO: quarta-feira (8), a partir das 17h30

ONDE: Oito Imagem - Rua Dinah Silveira de Queiroz, número seis, Horto Florestal, em Salvador.

QUANTO: Evento reservado a convidados.

INFORMAÇÕES: @epensamento @instituto_clara_martins

Pauta enviada pelo Jornalista Fábio Almeida

Vale-peru e venda de sentenças desmoralizam o Poder Judiciário

Publicado em 3 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet

Justiça protege Juiz contra jornal | Proibido falar de venda de sentenças  :( - Blue Bus

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

Bruno Boghossian
Folha

Nos dias finais de 2024, os tribunais brasileiros encenaram mais um espetáculo de exibição de privilégios. Em três atos, magistrados da primeira à última instância, mostraram o contorcionismo que fazem todos os anos para preservar auxílios, gratificações e indenizações que se somam a seus salários.

A abertura ficou por conta do presidente do STF. Quando a questão dos supersalários tomou forma na discussão sobre o ajuste fiscal, Luís Roberto Barroso reagiu a uma proposta que não deveria ofender ninguém: seguir o que está na Constituição e limitar o valor pago a qualquer servidor público, incluindo juízes.

TETO ARROMBADO – Como representante da corporação, Barroso declarou que “o Judiciário não tem participação nem responsabilidade sobre a crise fiscal”. Acrescentou que o aumento de despesas dos tribunais nos últimos anos foi modesto e indicou que é preciso furar o teto salarial para que os cargos sejam atrativos. Não se pode culpar o ministro por vícios que existem há décadas, mas ele também não precisa enfeitá-los.

Por trás da cortina, lobistas dos tribunais já trabalhavam para desfigurar no Congresso a proposta do governo que deveria dificultar o pagamento de benefícios acima do teto.

Em pouco tempo, entidades que representam juízes, procuradores e defensores conseguiram emplacar uma versão do texto que praticamente garante os penduricalhos.

VALE-3PERU – A apresentação terminou com o auto do vale-peru, protagonizado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Nas últimas semanas do ano, a corte determinou o pagamento de um auxílio-alimentação especial de R$ 10 mil para juízes e servidores. O Conselho Nacional de Justiça não engoliu o atrevimento e mandou suspender o mimo dois dias depois.

– O tribunal prolongou o vexame e pagou o vale-peru, com o argumento de que a decisão do CNJ não foi informada a tempo. A presidente da corte teve que pedir a devolução do dinheiro e lembrou que o TJ-MT vive um “momento desafiador”.

A magistrada não precisou dizer com todas as letras que o tribunal, que paga em média R$ 116 mil por mês para cada desembargador, tem três integrantes investigados pela venda de sentenças judiciais.


Política no Ceara: “Lindo vai ser sua cara, toda furada de bala!”


Prefeito de cidade no interior do Ceará é preso antes de posse e filho  assume cargo | Jornal de Brasília

Preso antes da posse, Braguinha foi substituído pelo filho

Pepita Ortega e Fausto Macedo
Estadão

Enquanto os gestores dos mais de 5,5 mil municípios tomavam posse em clima festivo nesta quarta-feira, dia 1º, o prefeito reeleito de Santa Quitéria, no interior do Ceará, José Braga Barrozo (PSB), o Braguinha, foi preso pouco antes de assumir o mandato sob acusação de ter contado com apoio direto da facção Comando Vermelho à sua candidatura nas eleições 2024.

O Estadão apurou que o Ministério Público descobriu que o CV expulsou da cidade eleitores do adversário de Braguinha, comprou votos para ele com drogas e espalhou o terror pela cidade com ameaças de morte a quem não votasse no prefeito que tentava a reeleição.

PERTO DE SOBRAL – Santa Quitéria, vizinha ao município de Sobral, tem cerca de 40 mil habitantes e se situa a 220 quilômetros de Fortaleza. Com a prisão de Braguinha, quem acabou assumindo a prefeitura foi seu próprio filho, o vereador Joel Barroso.

O vice-prefeito eleito não consta como investigado no inquérito que tirou Braguinha da administração, mas a Polícia pediu que ele também fosse impedido de assumir o cargo. Joel Barroso entrou na linha direta de sucessão após ser eleito presidente da Câmara, por um voto de diferença.

A decisão judicial que mandou prender Braguinha detalha como a facção atuou intensamente nas eleições no Ceará, ordenando mortes, ataques e investidas políticas em quase todo o Estado – especialmente em Santa Quitéria.

GRAU ELEVADO – Ao avaliar as provas colhidas no inquérito, o Tribunal considerou que a influência do Comando Vermelho nas eleições de Santa Quitéria atingiu “grau elevado” – a qual se deu de diferentes formas, inclusive através da intimidação pública, mediante pichações.

“As inscrições expressavam slogans do Comando Vermelho e continham ameaças a quem apoiasse ou votasse no adversário de Braguinha, com mensagens como: ‘Quem apoiar o Tomas vai entrar na bala’ e ‘Quem apoiar o 15 vai morrer’.”

A facção fez ameaças diretas a apoiadores do adversário do prefeito reeleito, afirma a investigação. As mensagens, enviadas pelo Whatsapp e por ligações, continham ameaças de morte, ordens de expulsão da cidade, ameaças de incêndio em casas e carros. “Lindo vai ser sua cara quando nos pegar e deixa toda furada de bala”, registrou uma delas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOB
– É o chamado Faroeste Caboclo, agora agravado pela participação das principais facções criminosas, milícias e quadrilhas de todo tipo, de terno e gravata, colarinho branco ou encardido. Ah, Brasil, você é muitos países num só… (C.N.)
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A Escolha de Secretários Municipais: Um Ato de Confiança e Responsabilidade Pública

 





A Escolha de Secretários Municipais: Um Ato de Confiança e Responsabilidade Pública

Recebi recentemente imagens que levantaram questões sobre a escolha de secretários municipais. Embora eu não reconheça todos os rostos nas fotos, é importante destacar que a nomeação de secretários é prerrogativa exclusiva do prefeito, baseada em critérios de confiança e alinhamento com os objetivos da gestão.

Nesse contexto, é oportuno recordar as lições de Francesco Ferrara, que em sua obra Teoria del negozio illecito destaca a nulidade de declarações de vontade que contrariam a lei ou os princípios éticos. Aplicando esse pensamento ao caso em questão, os cargos nas administrações municipais não são objetos de negociação ou troca de favores, mas posições que servem ao interesse público, regidas pelos princípios constitucionais da moralidade, impessoalidade e eficiência (art. 37, caput, da Constituição Federal).

O prefeito, ao nomear seus secretários, deve observar esses princípios, garantindo que cada escolha reflita o compromisso com a governança transparente e ética, alinhada à vontade dos eleitores que o conduziram ao cargo. A escolha de secretários é, portanto, um ato que simboliza não apenas confiança, mas também responsabilidade com o bem-estar coletivo.

O Papel dos Secretários

Os secretários municipais desempenham funções essenciais para o funcionamento da máquina pública. Suas ações devem ser guiadas por:

  • Lealdade às instituições: Trabalhar em harmonia com as diretrizes do governo e respeitar as leis.
  • Honestidade e fidelidade ao interesse público: Priorizar sempre o bem comum em detrimento de interesses pessoais ou de grupos.
  • Impessoalidade e moralidade: Evitar favorecimentos e manter uma postura ética em todas as decisões.
  • Transparência e eficiência: Garantir que suas ações sejam claras e produzam resultados concretos para a população.
  • Compromisso e boa-fé: Demonstrar dedicação ao cargo e agir com integridade em todas as situações.

O Papel do Eleitor

Enquanto o prefeito tem a responsabilidade de escolher seus auxiliares, cabe à população acompanhar de perto a atuação desses gestores. Fiscalizar, exigir, criticar e cobrar resultados são deveres cívicos que ajudam a fortalecer a democracia e garantir a boa aplicação dos recursos públicos. Além disso, qualquer suspeita de irregularidade deve ser denunciada às autoridades competentes para que as medidas cabíveis sejam tomadas.

Conclusão

A nomeação de secretários municipais é um momento crucial para qualquer gestão. É nesse instante que se define boa parte do sucesso ou fracasso de uma administração. Ao prefeito, cabe escolher com sabedoria e responsabilidade. Aos secretários, compete honrar os princípios constitucionais e trabalhar em prol da população. E ao cidadão, resta o dever de ser vigilante, participativo e atuante, garantindo que o governo seja, de fato, do povo e para o povo.

Essa é a essência de uma governança ética e eficiente.

Moraes justifica exageros citando “riscos” que a democracia correu

Publicado em 3 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet

Moraes prorroga inquérito das milícias digitais por mais 90 dias | Jovem Pan

Moraes desrespeita a democracia, alegando defendê-la

Mônica Bergamo
Folha

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou a delegados da Polícia Civil que o visitaram em dezembro que instituições brasileiras ainda não compreenderam plenamente os riscos que a democracia brasileira correu no ano de 2022.

Uma delegação de oito integrantes do Movimento Delegados pela Democracia (MDD) foi ao gabinete do magistrado para entregar a ele uma homenagem pela “coragem” na defesa das instituições.

HISTERIA COLETIVA – “Por incrível que pareça, houve uma histeria coletiva” na sociedade, afirmou Moraes, referindo-se aos dias em que as pessoas cantavam hino nacional para pneus e acreditavam em fake news como as que diziam que ele havia sido preso.

Para o magistrado, “tanto na polícia quanto no Ministério Público e no Judiciário, tem gente que não entendeu ainda o que nós passamos. E o perigo de isso ressurgir”.

“Polícia, na ditadura, não é polícia. É braço armado do ditador. Ministério Público, Judiciário, na ditadura, não têm independência nenhuma, autonomia nenhuma. Também são os braços jurídicos” da mesma ditadura, seguiu ele.

ANTES DA PRISÃO – As afirmações foram feitas dias antes de o magistrado decretar a prisão do general Walter Braga Netto por tentar obstruir as investigações sobre tentativa de golpe no país.

Ele é acusado também de participar ativamente dos planos para evitar que Lula (PT) tomasse posse.

Braga Netto é o primeiro general quatro estrelas a ser preso no Brasil após a redemocratização. Por causa da Lei de Anistia, nenhum comandante jamais foi preso por crimes cometidos durante a ditadura militar.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Moraes é um democrata da pá virada, que desrespeita as leis alegando estar salvando a democracia. Deveria se mancar e servir a democracia com naturalidade, sem maiores efeitos e interpretações. Mas ele é piromaníaco, gosta de queima de fogos o ano inteiro. (C.N.)


Desmantelo e Irresponsabilidade no Hospital de Jeremoabo: Um Clamor pela Dignidade Humana

 

Desmantelo e Irresponsabilidade no Hospital de Jeremoabo: Um Clamor pela Dignidade Humana

Assistir ao vídeo que retrata as condições do hospital de Jeremoabo é uma experiência que causa náuseas e indignação. A comparação com um "cúbilo de degradação humana", análogo à escravidão, reflete o profundo abandono e a desvalorização da vida humana em nossa cidade. O cenário é agravado pela omissão e conivência da Vigilância Sanitária, que deveria proteger vidas, mas permitiu que pacientes fossem expostos a riscos extremos.

Condições Insalubres e Risco à Saúde Pública

O hospital apresenta condições que mais se assemelham a um lixão. O estado do prédio e a falta de higiene básica criam um ambiente ideal para a proliferação de bactérias, colocando em risco a saúde de pacientes e trabalhadores. O descumprimento das normas sanitárias, a presença de pragas e a falta de manutenção são razões suficientes para uma interdição imediata, algo que, infelizmente, não ocorreu.

A Vigilância Sanitária, órgão responsável por garantir o cumprimento das normas de saúde pública, falhou em sua missão. Sua inação frente a um risco tão evidente é inaceitável e reforça a percepção de descaso com a população.

Conivência Política e Falta de Ética

A situação é agravada pela postura de vereadores que, em sessões da Câmara, aplaudem e parabenizam a secretária de saúde, mesmo diante do caos. Essa atitude demonstra não apenas a falta de ética, mas também a conivência com uma gestão que negligencia o básico: a dignidade humana.

Propostas de Ação

Diante dessa realidade, é urgente que a população de Jeremoabo se mobilize para exigir mudanças. Algumas ações possíveis incluem:

  1. Mobilização Popular: Organizar protestos pacíficos, abaixo-assinados e buscar apoio de entidades de defesa dos direitos humanos para pressionar as autoridades.

  2. Denúncia e Divulgação: Usar redes sociais e veículos de comunicação para expor a situação, buscando repercussão estadual e nacional.

  3. Ações Judiciais: Entrar com ações judiciais contra os responsáveis pela gestão do hospital, exigindo melhorias imediatas e responsabilização.

  4. Fiscalização Externa: Convidar ONGs e conselhos de classe para inspecionar o hospital e divulgar relatórios sobre as condições encontradas..

Reflexão Final

O hospital de Jeremoabo é um símbolo do descaso com a saúde pública e da degradação ética de alguns gestores e representantes. É imprescindível que a sociedade se una para exigir respeito, dignidade e um atendimento de qualidade. Que essa luta seja um marco na busca por justiça e pela valorização da vida humana em nossa cidade.

Que Deus tenha misericórdia do povo de Jeremoabo, D~e discernimento e coragem ao prefeito Tista de Deda para  corregir esse atentado contra vidas humanas,

Hospital não, verdadeiro " pela vivo"

Governo Lula se ancora em Dino para cortar emendas sem aval do Congresso e cumprir arcabouço fiscal

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo
O presidente Lula e o ministro Flávio Dino, do STF02 de janeiro de 2025 | 20:10

Governo Lula se ancora em Dino para cortar emendas sem aval do Congresso e cumprir arcabouço fiscal

economia

O governo do presidente Lula caminha para firmar um entendimento de que agora poderá cortar emendas parlamentares – ou mesmo deixar de pagar – para cumprir o arcabouço fiscal mesmo não tendo recebido aval do Congresso Nacional para isso. A análise é ancorada nas decisões do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), após o Executivo não conseguir aprovar propostas nesse sentido no Legislativo.

Uma parte do entendimento foi firmada pelo governo ao encerrar o ano de 2024 sem liberar todas as emendas parlamentares programadas para o período. Além disso, o presidente Lula vetou dispositivos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 que o próprio governo havia proposto e que previam a execução obrigatória das emendas, a distribuição igualitária dos recursos entre os parlamentares e blindavam as emendas impositivas (obrigatórias) – aquelas previstas na Constituição – de bloqueios no Orçamento.

A análise vai além e pode atingir todas as emendas a partir deste ano. Segundo técnicos do governo e do Congresso, a partir de agora, o Poder Executivo poderá adotar o entendimento ao bloquear os recursos ou deixar de executá-los para cobrir o crescimento de despesas obrigatórias, como salários e aposentadorias, e respeitar o arcabouço fiscal, que impõe um limite para o aumento de despesas públicas de 2,5% ao ano acima da inflação.

Com isso, o valor das emendas, calculadas em R$ 50,5 bilhões para 2025, poderá cair em aproximadamente R$ 5 bilhões, segundo apurou a reportagem.

O Ministério do Planejamento e Orçamento afirmou que o governo vetou um dispositivo da LDO de 2025 que livrava as emendas de bloqueio e que contrariava a decisão do STF. A pasta disse, contudo, que a necessidade de se aprovar ou não uma nova lei para firmar o entendimento de forma definitiva ainda está em estudo no Poder Executivo. O órgão não comentou os outros atos citados pela reportagem.

Procurados, a Casa Civil e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não comentaram.

O que o STF determinou sobre emendas parlamentares

Na série de decisões que assinou, desde agosto do ano passado, o ministro Flávio Dino exigiu que as emendas cumprissem os limites fiscais. Em dezembro, veio uma nova determinação, afirmando que os recursos de interesse dos deputados e senadores não podem crescer mais do que outras despesas do Orçamento, incluindo a manutenção dos ministérios e os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) – atualmente, as emendas têm um crescimento maior e consomem esse espaço.

Não só o nome do parlamentar e o destino têm de estar explícitos, mas também é preciso cumprir o limite de gastos do arcabouço. Atualmente, as emendas crescem mais do que outras despesas, levando o governo a incorporar a decisão do Supremo. Os recursos indicados por deputados e senadores no Orçamento cresceram conforme a arrecadação do governo federal nos últimos anos, acima de outros gastos, e têm um aumento garantido de até 2,5% acima da inflação todos os anos, conforme projeto aprovado recentemente, também acima das demais despesas.

Para se ter uma ideia, de 2024 para 2025, excluindo as despesas obrigatórias – nas quais o governo não tem a opção de gastar ou deixar de gastar, como salários, aposentadorias e pisos da saúde e educação -, todas as outras despesas ou estão congeladas e não tiveram nem reajuste pela inflação ou foram reduzidas.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ao longo do ano passado, durante a discussão do pacote de corte de gastos, que era preciso trazer as emendas para dentro das regras fiscais – entendimento também defendido por Dino nas decisões.

O que o governo tentou e não conseguiu aprovar no Congresso

O governo Lula queria ter o poder de mexer no Orçamento, inclusive cortando emendas parlamentares, sem pedir a aprovação do Congresso Nacional. Até então, ele só podia fazer isso por conta própria com 30% dos recursos. O que passasse desse limite precisava de aprovação do Legislativo. No caso de emendas, era necessário pedir a autorização do parlamentar que apresentou aquela indicação.

O governo tentou alterar as regras por meio da LDO de 2024, da LDO de 2025, do projeto que limitou o crescimento das emendas nos próximos anos e do pacote de corte de gastos, mas o Congresso rejeitou todas essas investidas.

Os parlamentares só aprovaram a possibilidade de bloqueio (congelamento de despesas para cumprir o arcabouço fiscal) para as emendas não impositivas, aquelas não previstas na Constituição, como as emendas de comissão, herdeiras do orçamento secreto, que já podiam ser cortadas, e ainda com limite de contenção de 15%.

Como o governo firmou o novo entendimento sobre o Orçamento

O governo Lula aplicou o entendimento do STF em duas ocasiões na última semana e uma terceira está a caminho. O Poder Executivo encerrou o ano de 2024 sem liberar (empenhar, no jargão técnico) R$ 2,4 bilhões em emendas de comissão após Dino suspender os repasses. O dinheiro não poderá ser recuperado pelo Congresso e servirá apenas para o governo fechar o balanço das contas públicas do ano passado.

Antes da decisão de Dino, o governo chegou a liberar R$ 1,8 bilhão em emendas de comissão, burlando a determinação do Supremo. Nessa fase de empenho, o dinheiro ainda não cai na conta dos Estados e municípios, mas serve como a emissão de uma fatura para a execução de projetos e obras e pagamento futuro. Diante dos questionamentos e do novo despacho do ministro, os técnicos orientaram os ministérios a não repassar o recurso.

No dia 31 de dezembro, o presidente Lula sancionou a LDO, que define as regras do Orçamento e autoriza o governo a cumprir despesas obrigatórias mesmo sem a aprovação do Orçamento (LOA), que ficou pendente no Congresso. O chefe do Poder Executivo vetou uma série de dispositivos que protegiam as emendas. Entre eles, estão regras que o próprio governo colocou no projeto ao enviar a proposta para o Legislativo.

Lula vetou um dispositivo que dizia que a execução das emendas impositivas é obrigatória e que a liberação dos recursos deve ser feita de forma equitativa, sem olhar para o autor e o partido do parlamentar. Derrubou ainda um item que determina o empenho (reserva) e o pagamento efetivo das despesas – ou seja, toda a execução orçamentária – para cumprir a obrigação.

O entendimento é inédito e contraria práticas adotadas desde 2019, quando o Congresso avançou ainda mais no Orçamento e aprovou o orçamento secreto e as emendas Pix. Com as decisões de Dino, o Executivo federal não se vê mais na obrigação de pagar emendas aprovadas pelo Congresso a qualquer custo.

Segundo o governo, o dispositivo “não é acompanhado de exceção e poderia ser interpretado como limitador à possibilidade de bloqueio e redução dessas despesas para cumprimento dos limites individualizados estabelecidos na Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto de 2023 (arcabouço fiscal)”.

Ao vetar, o Planalto citou a decisão de Dino afirmando que “deve-se levar em consideração a decisão do Supremo Tribunal Federal nos autos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 854, segundo a qual quaisquer regras, restrições ou impedimentos aplicáveis às programações discricionárias do Poder Executivo se aplicam às emendas parlamentares, e vice-versa”, nos termos do arcabouço e do projeto que impôs um limite para o crescimento das emendas.

Lula também vetou um trecho que livrava as emendas impositivas de bloqueio, e que o próprio Executivo havia colocado no projeto da LDO. O Planalto argumentou que a regra contrariava a decisão do STF e que as emendas devem “possuir o mesmo tratamento de bloqueio e contingenciamento aplicável a qualquer despesa discricionária do Poder Executivo federal”.

Valor das emendas pode cair em R$ 5 bi com decisão do STF

Para 2025 e nos próximos anos, mesmo sem ter aprovado o bloqueio de emendas, o governo entende que a decisão do STF abre caminho para os cortes nos recursos de maior interesse do Congresso. O bloqueio acontece quando os gastos obrigatórios crescem e o limite de gastos do arcabouço fiscal está sob risco. Assim, o governo é levado a conter as despesas do Orçamento, sacrificando o custeio da máquina e os investimentos.

Técnicos do Congresso calculam que o entendimento abre caminho para uma redução de aproximadamente R$ 5 bilhões em emendas em 2025. O valor programado pelo Congresso para esses recursos é de R$ 50,5 bilhões e pode ser ainda maior a depender da votação do Orçamento, que ainda não foi feita e deve ser retomada em fevereiro, com o retorno dos trabalhos legislativos.

“Todo mundo já estava trabalhando com valores pré-definidos, que já estavam na Constituição e que foram redefinidos em acordo com o Poder Executivo e agora se corre o risco de diminuir”, afirmou o consultor-geral da Câmara, Wagner Primo Figueiredo Júnior, em entrevista à TV oficial da Casa em dezembro. “Se diminuir, o dinheiro vai para outro lugar. O que muda é que havia a garantia de se chegar aos municípios. Ele não tem mais a garantia de chegar aos municípios.”

Para alguns especialistas, o entendimento é frágil, porque as regras que blindam as emendas estão na Constituição. Nos bastidores, parlamentares veem o governo Lula alinhado e se ancorando nas decisões de Dino para recuperar parte do poder que o Poder Executivo perdeu nos últimos anos para o Congresso quando o assunto é orçamento público. O embate deve atrasar ainda mais a votação do Orçamento de 2025.

Daniel Weterman/Estadão

PoliticaLivre 

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