Paulo Cappelli
Metrópoles
Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes afirmou haver “bastante concretude” na investigação da Polícia Federal que apura suposta tentativa de golpe de Estado. Para ele, os fatos descritos no relatório final indicam ações que vão além de atos preparatórios. À coluna, o magistrado analisou a prisão de Braga Netto e explicou que as investigações continuam mesmo após a conclusão do trabalho pela PF.
“Estamos na fase em que a Procuradoria-Geral da República vai se debruçar sobre o trabalho investigatório da Polícia Federal. E vai oferecer denúncia em relação a determinados fatos ou não. A partir daí, virá a fase de defesa e depois a instrução. A investigação prossegue”, disse Gilmar Mendes.
BRAGA NETTO – “Veja que o próprio inquérito foi atrasado por conta dessas últimas investigações. Esses fatos últimos surgiram mais recentemente e levaram à prisão do general Braga Netto. Que é um fato grave. Ninguém decidiria pela prisão de um general 4 estrelas, com toda a sua representatividade, se não houvesse substância bastante grande em relação aos fatos que estão sendo imputados. É claro que nós estamos falando ainda de investigações abertas”, continuou o ministro.
Braga Netto foi preso preventivamente, por determinação de Alexandre de Moraes, após indícios de que teria atuado para atrapalhar as investigações.
AVALIAR A DENÚNCIA – Gilmar Mendes prosseguiu: “Vamos avaliar eventualmente a denúncia. Certamente será um elemento mais consistente feita pelo procurador-geral da República [Paulo Gonet]. E, depois, os desdobramentos. Mas um dado parece certo: a investigação é bastante consistente. Acha documentos impressos em impressoras do Palácio do Planalto, comunicações entre essas pessoas, envolvimento dessas pessoas. E todos tinham cargos públicos. Então tudo isto é bastante sério”.
“O relatório tem mais de 800 páginas. Nós vemos atos muito mais concretos. Quando se trata, por exemplo, de falar do assassinato do presidente da República eleito, do vice-presidente eleito, do assassinato de um ministro do Supremo. São coisas de extrema gravidade. E não eram pessoas que estavam lá no Acre fazendo um exercício lítero-poético-recreativo. Eram pessoas que estavam com dinheiro, estavam com carros, estavam se deslocando, monitorando essas pessoas”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Reina a esculhambação. Não há mais a restrição de que “juiz só fala nos autos”. Gilmar Mendes fala pelos cotovelos e acaba dizendo bobagens. Nenhum juiz pode “defender” a prisão preventiva de Braga Netto, porque está inteiramente fora da lei. O argumento mais forte era de que Braga Netto teria tentado “obstruir” a investigação ao procurar o general Lourena Cid, pai do delator Mauro Cid. Mas agora se sabe que foi o general Lourena que ligou para Braga Netto, e isso desmonta a frágil ilação de Alexandre de Moraes. (C.N.)