A Calamidade da Saúde em Jeremoabo: Culpa Compartilhada e Omissão Generalizada
Por diversas vezes, denunciei neste espaço que a situação de Jeremoabo estava na UTI. Infelizmente, o que era uma metáfora para descrever o estado geral do município tornou-se uma descrição literal da saúde pública local. O hospital, que deveria ser um porto seguro para aqueles que buscam atendimento médico, tornou-se um local de perigo iminente, colocando em risco a vida de pacientes.
Não há como ignorar a responsabilidade direta do ex-prefeito Deri do Paloma e de sua Secretária de Saúde. A gestão deles falhou em garantir o mínimo necessário para um serviço de saúde digno e seguro. No entanto, mais culpados do que eles são os vereadores do município, que, apesar de sua obrigação de fiscalizar e agir, limitaram-se a discursos vazios e ações inócuas.
A Omissão da Câmara de Vereadores
Os vereadores de Jeremoabo tiveram inúmeras oportunidades de intervir e corrigir os rumos da saúde pública, mas optaram pela inércia. Nunca provocaram o Ministério Público, não ingressaram com ações judiciais e sequer registraram boletins de ocorrência para formalizar denúncias sobre as condições do hospital. É inadmissível que, diante de uma crise tão grave, tenham se limitado a palavras sem efeito prático.
A saúde de Jeremoabo era – e continua sendo – um caso de polícia. Era dever dos vereadores agir em defesa da população, requerendo, por exemplo, a interdição do hospital por meio da Justiça. A omissão não é apenas uma falha moral, mas uma traição ao mandato que receberam para representar e proteger os interesses dos cidadãos.
A Conivência da Vigilância Sanitária
Outro órgão que merece duras críticas é a Vigilância Sanitária, que falhou em seu papel fundamental de fiscalização. Sua omissão é um exemplo claro de prevaricação. A Vigilância tinha a obrigação de inspecionar, relatar irregularidades e tomar medidas para garantir a segurança sanitária do hospital. Em vez disso, manteve-se inerte, permitindo que a calamidade se aprofundasse.
Atirar Pedra em Cachorro Morto é Fácil
Agora que a gestão de Deri do Paloma é página virada, muitos se apressam a criticar e apontar erros. No entanto, a indignação tardia não compensa a omissão passada. Se as críticas são válidas, as ações que deveriam ter sido tomadas anteriormente também eram indispensáveis.
A saúde pública de Jeremoabo não chegou a este ponto da noite para o dia. Foi um processo de deterioração, alimentado pela negligência de gestores, pela omissão de vereadores e pela conivência de órgãos fiscalizadores.
Uma Reflexão Necessária
É fácil criticar quando o "cachorro já está morto", mas a verdadeira responsabilidade exige ação no momento certo. A população de Jeremoabo merece mais do que discursos inflamados e promessas vazias. Merece representantes que não apenas falem, mas ajam em defesa do interesse público.
Que este episódio sirva de lição para os novos gestores e representantes eleitos: a omissão é tão grave quanto a má gestão. O futuro de Jeremoabo depende de um compromisso genuíno com a transparência, a fiscalização e a ação concreta em prol do bem-estar da população.