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sexta-feira, janeiro 07, 2022

Auxilio Brasil não reduz a miséria no país de maneira alguma, mas agrada eleitores

Publicado em 7 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet

Charge do Jota..A (portalodia.com)

Pedro do Coutto

O tema entrou em debate no final da tarde de quarta-feira na GloboNews com o governo comparando números de antes e depois do auxílio emergencial, agora transformado em Auxílio Brasil, e concluindo que tinha funcionado para reduzir a extrema pobreza.

Um absurdo completo, pois o auxílio hoje de R$ 400 por família não leva em consideração que a média de pessoas por unidade familiar passa de cinco. Assim, o auxílio mensal reduz-se logicamente para R$ 80 por pessoa.

CONTESTAÇÃO – Os números do governo, em programa conduzido por César Tralli, foram contestados parcialmente por Marcelo Neri, da FGV, e de forma mais acentuada por Fernando Gabeira. Acrescento a minha opinião; se auxílios assistenciais pudessem resolver problemas múltiplos que envolvem a pobreza extrema, ela já teria acabado no mundo. Entretanto, a situação se agrava cada vez mais.

Só uma política de pleno emprego e de salários não perdendo para a inflação poderá enfrentar até mesmo  a fome que ronda milhões de pessoas no Brasil e no mundo. O impasse entre o capital e o trabalho não foi resolvido até hoje, dois mil anos depois de Jesus Cristo.

CONCENTRAÇÃO DE RENDA –  Os conservadores se mantêm firmes na ideologia de assegurar a concentração de renda. Um grupo dessa corrente, na verdade, não deve ser chamado sequer de conservador, um engano. Querem, de fato, ampliar a concentração de renda e não conservar. Essa é a grande contradição. O problema se eterniza.

Não será o Auxilio Brasil uma ação de emergência que poderá nem equacionar a questão. Fora do emprego e do salário não há caminho social livre para a grande maioria da população. Inclusive, a questão do Auxilio Brasil não é apenas dinheiro. É a falta de seguro social adequado, capaz de pelo menos assegurar a aposentadoria às pessoas marginalizadas pelo destino e pela ação das políticas super conservadoras e reacionárias.  

IMPREVISTOS –  A política, conforme digo sempre, é marcada por imprevistos. Agora mesmo, anteontem, aconteceu mais um. As Polícias Federal e também Estadual de São Paulo desencadearam uma investigação sobre o ex-governador Márcio França, que foi vice de Geraldo Alckmin, perdeu a eleição de prefeito para João Doria e agora candidata-se novamente ao voto,  no rumo do Palácio Bandeirantes.

O escândalo e a sequência das investigações abalam frontalmente a sua candidatura ao governo paulista, pelo PSB, partido ao qual Geraldo Alckmin deve se filiar. O afastamento de Márcio França, consequência natural do escândalo, resolve um problema que Lula tinha pela frente em São Paulo: o PSB pensou em lançar Márcio França e Lula pretende apoiar Fernando Haddad.

Agora, o campo parece livre para Fernando Haddad. Mais uma vez, impõe-se a bela frase de Magalhães Pinto: “Política é como a nuvem, muda de forma e direção a todo instante”. A reportagem sobre as investigações contra Márcio França, Folha de S. Paulo desta quinta-feira, é de Rogério Pagnan e Klaus Richmond.

FALTA DE UNIDADE –  Reunião da Saúde comprova falta de unidade dos setores. O ministro Marcelo Queiroga marcou uma entrevista à imprensa na tarde de quarta-feira aparentemente para anunciar o início da vacinação infantil. Acabou fazendo isso, mas depois de idas e vindas de sua equipe. Uma das diretoras voltou ao tema das receitas médicas e da obrigação dos pais levarem as crianças para serem vacinadas.

Ela própria não tomou conhecimento de que o Ministério da Saúde havia recuado sobre a exigência. Além disso, a diretora desconhecia também a decisão da consulta pública que rejeitou a necessidade da receita. Como é possível que uma diretora do Ministério da Saúde senta-se à mesa da equipe, presidida por Queiroga, e defenda caminhos diversos dos que já haviam sido traçados?


País encerra 2021 com 40 barragens em situação de emergência declarada, diz ANM

 




O País tinha 40 barragens em nível de emergência em dezembro de 2021, sete a menos do registrado no fim do ano anterior, mostra boletim da Agência Nacional de Mineração (ANM) publicado nesta quinta-feira, dia 6. Das estruturas, três estão em "nível 3", classificação de situação de "ruptura iminente ou em curso".

De acordo com o boletim, as três unidades com risco máximo ficam localizadas em Minas Gerais e todas pertencem à mineradora Vale. São elas: B3/B4 (Nova Lima), Forquilha III (Ouro Preto) e Sul Superior (Barão de Cocais). Durante o Vale Day, a mineradora previu que não terá nenhuma barragem em condição crítica de segurança até 2025.

Outras sete barragens estão em "nível 2" de emergência, quando uma anomalia é classificada como "não controlada" ou "não extinta", necessitando de novas inspeções e intervenções. Todas estão em municípios mineiros, como Itatiaiuçu, Nova Lima, Ouro Preto e Mariana. As barragens são da Vale (5), ArcelorMittal (1) e Minérios Nacional (1).

Outras 30 barragens são classificadas pela agência em "nível 1", que é acionado quando detectada uma anomalia quanto ao estado de conservação ou para qualquer situação com potencial comprometimento de segurança da estrutura. Do total, 26 estão em Minas Gerais, duas em Mato Grosso, uma no Pará e uma no Amapá.

O País tem atualmente 906 barragens de mineração cadastradas no Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração (SIGBM), das quais 455 estão enquadradas na Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB). De acordo com a agência, foram realizadas 296 vistorias em 283 barragens ao longo do ano passado.

A preocupação com a situação das barragens ficou ainda maior após a tragédia de Brumadinho, que deixou 270 pessoas mortas. Foi a segunda tragédia de grandes proporções em três anos. Em novembro de 2015, a barragem da Samarco rompeu-se em Mariana e matou 19 pessoas, além de ter deixado um rastro de destruição ambiental.

Estadão / Dinheiro Rural

Bolsonaristas vazam ilegalmente dados pessoais de médicos que defendem a vacinação infantil




Deputada Bia Kicis admitiu ao jornal 'O Globo' que divulgou documentos de especialistas que participaram de audiência na terça. Ministério condenou vazamento, mas não informou medidas.

Dados pessoais de 3 médicos favoráveis a vacinação infantil contra covid são vazados ilegamente

Por Delis Ortiz

Dados pessoais de três médicos que defendem a vacinação de crianças contra a Covid foram vazados ilegalmente, na internet, nos últimos dias. Informações como o telefone e o e-mail dos especialistas foram espalhadas em grupos bolsonaristas a partir de documentos do Ministério da Saúde.

O caso foi revelado pelo blog da jornalista Malu Gaspar no jornal "O Globo". Os dados pessoais constam nas declarações de conflito de interesses dos especialistas, entregues ao Ministério da Saúde antes que eles participassem da audiência pública sobre o tema nesta terça (4).

A entrega desses documentos é prática comum no meio acadêmico para participação em publicações científicas, consultorias e audiências públicas. Neles, os profissionais indicam para quais empresas já prestaram serviços.

Via de regra, tais declarações de conflito de interesses são tornadas públicas. O problema, neste caso, é que imagens dos documentos foram divulgadas na íntegra, sem ocultar dados como CPF, e-mail e celular – o que é irregular.

A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, admitiu ao jornal que repassou as informações pessoais dos especialistas em grupos de WhatsApp.

"Compartilhei em um grupo de zap de médicos. Quando me avisaram no Ministério da Saúde que alguém havia postado, pedi imediatamente que quem o fez removesse. Mas o ministério me informou que os documentos iriam para o site. Por isso entendi que eram públicos", disse Bia Kicis ao "Globo".

Bia Kicis é procuradora aposentada do Ministério Público do Distrito Federal e investigada no inquérito sobre produção de fake news e ameaças a autoridades que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Defensores da vacinação

O vazamento atingiu três médicos:

    *Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações;

   * Marco Aurélio Sáfadi, da Sociedade Brasileira de Pediatria, e

    *Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Os três participaram da audiência pública promovida pelo Ministério da Saúde na última terça – um dia antes de a pasta confirmar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos e anunciar que não exigiria receita médica ou autorização por escrito dos pais.

Na audiência, os três especialistas apresentaram argumentos contundentes em defesa da imunização desse público-alvo – uma postura contrária ao que o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores vêm defendendo.

Um dos médicos prejudicados afirma que o vazamento começou ainda durante a audiência pública. E que, logo depois, os três começaram a receber agressões, ataques intimidatórios e ameaças de grupos radicais antivacina em suas redes sociais.

G1

Bolsonaro afronta a verdade e desrespeita técnicos da Anvisa e o luto de milhares de brasileiros - Editorial




Declarações do presidente Jair Bolsonaro contrastam com aquilo que prevê o artigo 196 da Constituição que ele jurou respeitar: a saúde é direito de todos os cidadãos e dever do Estado.

As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre as mortes de crianças por Covid afrontam a verdade e desrespeitam o luto de milhares de brasileiros - parentes e amigos das mais de 300 vítimas de 5 a 11 anos.

O presidente também desrespeita todos os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ao questionar qual seria o interesse da Anvisa com a autorização da vacinação de crianças. O interesse da Anvisa está expresso na lei que a criou: coordenar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, em defesa da saúde da população.

O 4º artigo da lei determina que a agência atue como entidade administrativa independente e que as prerrogativas necessárias ao exercício adequado de suas atribuições sejam asseguradas. Não é isso que o presidente tem feito ao ameaçar divulgar nomes de integrantes da Anvisa que aprovaram a vacinação infantil. E, agora, ao questionar a lisura do órgão.

Por fim, as declarações do presidente Jair Bolsonaro contrastam com aquilo que prevê o artigo 196 da Constituição que ele jurou respeitar: a saúde é direito de todos os cidadãos – e dever do Estado.

O governo Bolsonaro retardou a decisão sobre as vacinas para crianças desde o dia 16 de dezembro de 2021 até quarta-feira (5), data limite imposta pelo Supremo Tribunal Federal. Convocou uma consulta pública estapafúrdia, porque remédios não podem ser aprovados pelo público leigo, mas por cientistas.

Em razão dessa demora, as famílias brasileiras têm ainda que aguardar ao menos mais sete dias até a chegada das primeiras doses pediátricas.

Como se não bastasse, nesta quinta-feira (6), ele insistiu em atacar as vacinas. O presidente Jair Bolsonaro é responsável pelo que diz, pelo que faz. Espera-se que venha também a ser responsável por todas as consequências daquilo que faz e diz.

Jornal Nacional / O Globo

Pensar que ômicron será a última variante é ‘muito otimista’, diz especialista da OMS




Ômicron pode ser o vírus de mais rápida propagação da história

O surgimento de novas variantes do coronavírus é plenamente possível, disse nesta quinta-feira (6) Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências em saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde), ao ser questionado se a ômicron poderia ser a última cepa do Sars-CoV-2.

“Podemos ter esperança [de ser a última variante], mas não fazemos o suficiente para evitar novas [cepas]”, afirmou Ryan.

Ele destacou que bilhões de pessoas ainda não se vacinaram e isso é um fator importante, porque colabora para o vírus se modificar.

Maria Van Kerkhove, líder técnica do programa de emergência da Covid-19, também indicou que a falha na vacinação da população mundial é um grande risco para o surgimento de novas variantes.

“Quanto menos esse vírus circular, menos oportunidade de mudar. Portanto, se vacinar é crucial, é importante”, afirmou.

O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom, afirmou que, na taxa atual de vacinação, “109 países não atingirão a meta de vacinar toda a população até o início de julho de 2022”.

O diretor reiterou a importância de uma maior equidade na distribuição dos imunizantes ao redor do mundo.

Adhanom, chamou atenção ainda para o risco de que, embora “a ômicron pareça ser menos severa do que a delta, isso não quer dizer que ela deve ser classificada como leve”. “Assim como nas variantes anteriores, a ômicron está causando hospitalizações e mortes”, completou.

Na quarta passada (29), Adhanom afirmou que o “tsunami” criado pela circulação simultânea das variantes delta e ômicron estava levando “os sistemas de saúde à beira do colapso”.

A disseminação acelerada da ômicron pode ser vista no aumento de casos de Covid-19 em algumas regiões do planeta desde dezembro.

No continente americano, segundo dados do boletim epidemiológico da OMS, também divulgado na quarta passada (29), havia aumento de 39% nos diagnósticos da infecção quandos comparados com a semana anterior.

No Brasil, já existe uma grande pressão por atendimentos em hospitais públicos e privados por causa da alta de casos de gripe e Covid. Além disso, a média móvel de infecções de Sars-CoV-2 cresceu 223% em relação aos dados de duas semanas atrás.

Caracterizada pela alta capacidade de transmissão, a ômicron já é a cepa predominante em alguns países, como os Estados Unidos e Reino Unido. No Brasil, um levantamento divulgado na última semana de 2021 indicou que ela já é responsável por mais de 30% das infecções por coronavírus e foi encontrada em oito estados do país.

Estudos também já indicaram que a nova variante é menos agressiva quando comparada a outras cepas, como a delta. Mesmo assim, em razão de ela ser muito mais transmissível, pode levar a situações extremas de demanda nos sistemas de saúde.

A OMS, em entrevista coletiva anterior, já tinha afirmado que o uso somente de vacinas não será suficiente para barrar a transmissão da ômicron. Os especialistas reiteram a importância de tomar outras ações, como evitar grandes aglomerações, usar máscaras de proteção e dar preferência por ambientes bem ventilados.

Ainda em relação a vacinas, as farmacêuticas já realizam estudos para mensurar se os imunizantes são eficazes contra a variante. A BioNTech e a Pfizer, por exemplo, disseram que três doses da sua vacina neutralizaram a nova variante em um teste de laboratório.

Outro estudo realizado com a Janssen sugeriu que uma dose extra da vacina reduz as hospitalizações causadas pela ômicron, reiterando as evidências de que o reforço é essencial contra a cepa.

POR SAMUEL FERNANDES 

FolhaPress / Daynews

Cenário do PIB em 2022 é pior que resultado de 2021




Previsão do Boletim Focus para a variação do produto deste ano vem caindo, e a queda desta semana foi bem mais forte.

Por Roberto Macedo* (foto)

O primeiro Boletim Focus, do Banco Central, de 2022, publicado na segunda-feira passada, revelou cenário mais difícil para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano do que o observado em 2021. O boletim é semanal e suas previsões são colhidas de analistas do mercado financeiro, na sexta-feira anterior à sua publicação.

A previsão para a variação do PIB de 2022 deste boletim é de apenas 0,36% – na semana anterior, estava em 0,42%, e há quatro semanas era de 0,51%. Ou seja, vem caindo, e esta última queda foi bem mais forte.

Quanto a 2021, a previsão é de uma taxa de 4,5%, mas é enganosa quanto ao desempenho do PIB dentro do ano. Ela é calculada usando o PIB previsto para 2021 relativamente ao de 2020, ou seja, entre esses dois anos. Como em 2020 o PIB caiu 3,9%, essa queda faz com que a comparação entre 2021 e 2020 leve a uma taxa bem mais alta do que a que ocorreria se o PIB houvesse permanecido estável em 2020. Vista de outra forma, a taxa de 4,5% é mais determinada pela queda do PIB de 2020 do que pelo seu fraco desempenho em 2021.

Resumindo, fiz cálculos sobre o assunto e concluí que o crescimento do PIB medido apenas dentro de 2021 foi estimado em apenas 0,9%, o que contrasta fortemente com o referido aumento de 4,5%, que o Boletim Focus apresenta.

Acrescente-se que em 2020 o crescimento do PIB foi bem maior no primeiro do que no segundo semestre, em larga medida impulsionado pelo desempenho do agronegócio no primeiro trimestre, que coincide com o auge das colheitas no meio rural. Mas, em seguida, o desempenho da economia foi se deteriorando até chegar à situação já mencionada, em que os analistas do mercado financeiro viraram o ano reduzindo, ainda mais e fortemente, a sua visão do crescimento do PIB em 2022.

Ainda sobre o PIB, os dados do IBGE de 2019 e de 2020, mais as previsões do Boletim Focus para 2021 e 2022, já permitem obter uma visão do PIB durante todo o governo Bolsonaro. As taxas anuais do PIB obtidas dessas fontes são: 2019 (1,2%), 2020 (-3,9%), 2021 (4,5%) e 2022 (0,4%), o que leva à média de 0,6%, inferior ao crescimento da população, estimado em 0,7% ao ano. Assim, o PIB total cresceu muito pouco e o PIB per capita caiu. Bolsonaro deverá ser cobrado por isso nos debates eleitorais deste ano.

O que fazer? Sou economista, mas entendo que o principal problema da economia brasileira é na esfera política. Nossos políticos, em particular no momento em curso, estão longe de se preocupar com os problemas econômicos do País, ressalvadas exceções cada vez mais excepcionais. Começando pelo presidente da República, é como se não tivéssemos um. E, pior, nem se pode dizer que seja algo como um zero à esquerda. É pior do que isso, pois seu comportamento tem efeitos econômicos negativos. Não tem capacidade nem demonstra interesse por uma gestão presidencial eficaz, a ponto de ter designado o ministro Paulo Guedes como seu “Posto Ipiranga” para questões sobre a economia. Mas parece que o próprio presidente não se interessa mais por seus conselhos ao decidir.

Também não o vejo interessado em liderar uma pauta política de discussões centradas nos principais problemas econômicos do País. Frágil politicamente, e obsessivamente focado só em sua reeleição, optou pelo Centrão para se sustentar no poder e obter um novo mandato a um custo brutal para a economia, pois esse aliado só sabe atuar para atender aos interesses paroquiais dos congressistas, cuja maioria também não está aí para servir o País. Matéria de página inteira deste jornal no dia 26/12/2021 teve este título: Congresso controla mais de 50% dos investimentos do Orçamento. Entrevistado sobre o assunto, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) afirmou: “Num sistema presidencialista, é complicado ter um Orçamento parlamentarista”.

Um dos resultados é o agravamento do endividamento público, pelo qual o mercado financeiro passou a cobrar mais caro, o que também agrava a dívida. Título de matéria no jornal Valor de ontem ilustra essa dificuldade: Risco fiscal piora e juros disparam. E as preocupações quanto à solvência do governo pressionam, também, a taxa de câmbio e geram efeitos inflacionários.

O que precisa acontecer em 2022 para o Brasil seguir por um caminho ao menos não tão ruim como este evidenciado pelo péssimo desempenho do PIB? Primeiro, é preciso que Bolsonaro não seja reeleito, pois, a julgar pelo que faz no seu mandato, não se credencia a um novo. É preciso que os eleitores atentem para essa questão. Quem ainda o apoia precisa examinar o mal que ele trouxe ao País, que poderia ser sintetizado na expressão um período de desgoverno. Quem ao seu redor ainda o chama de mito e seus apoiadores em geral precisam perceber que ele é mito noutro sentido, de que não é verdadeiro, ao não governar conforme prometeu. E quem não o apoiou ou se desiludiu com o seu desempenho precisa atuar no seu meio social para mudar as crenças dos incautos que ainda pensam em reelegê-lo.

*Economista (UFMG, USP e HARVARD), professor sênior da USP, é Consultor econômico e de Ensino Superior 

O Estado de São Paulo

Biden afirma que “teia de mentiras” representa ameaça à democracia




Líder democrata no Senado cogitou reformas eleitorais

Por Andy Sullivan e Richard Cowan e Jeff Mason

Washington (DC) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acusou nesta quinta-feira (6) seu antecessor, Donald Trump, de representar uma ameaça contínua à democracia no aniversário do violento ataque à sede do Congresso dos EUA, por seguidores de Trump, que tentavam reverter sua derrota nas eleições de 2020. 

Em pronunciamento no Capitólio, palco do motim de 6 de janeiro de 2021, Biden alertou que as acusações falsas de Trump de que a eleição foi roubada dele por meio de uma fraude eleitoral generalizada poderia desafiar o Estado de Direito e minar futuras eleições.

"Precisamos ser absolutamente claros sobre o que é verdade e o que é mentira. Aqui está a verdade: um ex-presidente dos Estados Unidos da América criou e espalhou uma teia de mentiras sobre as eleições de 2020. Ele fez isso porque valoriza o poder mais do que princípios", disse Biden.

"Ele não consegue aceitar que perdeu", acrescentou Biden.

Lançar um ataque tão direto a Trump - embora Biden nunca tenha realmente dito o nome de seu antecessor durante o discurso - foi uma largada para o presidente, que passou a maior parte de seu primeiro ano no cargo focado em seguir sua própria agenda, em vez de olhar para trás.

Mas democratas, alguns republicanos e muitos observadores independentes têm alertado que o estrago causado por Trump para minar a fé na eleição que perdeu para Biden persiste.

De acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos, cerca de 55% dos eleitores republicanos acreditam na afirmação falsa de Trump, rejeitada por dezenas de tribunais, departamentos eleitorais estaduais e membros do próprio governo chefiado por ele.

Acusando Trump de tentar perpetuar uma "grande mentira", Biden disse que há uma "batalha pela alma da América" e uma luta interna e externa entre as forças da democracia e da autocracia.

Trump em comunicado divulgado após o discurso de Biden disse que o presidente norte-americano "usou meu nome hoje para tentar dividir ainda mais a América".

Quatro pessoas morreram nas horas de caos de um ano atrás, que ocorreu depois que Trump pediu aos apoiadores que marchassem até o Capitólio e "lutassem como o inferno". Um policial morreu no dia seguinte a uma batalha contra desordeiros e quatro morreram depois por suicídio. Cerca de 140 policiais ficaram feridos.

O líder da Maioria no Senado, Chuck Schumer, afirmou na quarta-feira que embora o edifício do Capitólio seja mais fortificado hoje do que um ano atrás, a democracia continua vulnerável. 

"A insurreição não será uma aberração. Ela pode bem se tornar a norma", a não ser que o Congresso aborde "as raízes" do 6 de janeiro através de reformas eleitorais, afirmou o democrata.

Reuters / Agência Brasil

Obsessão de Bolsonaro contra a vacina é quase inacreditável, um desastre eleitoral




Por Pedro do Coutto

A posição radical do presidente Bolsonaro contra a vacinação para imunizar o país da Covid-19 é quase inacreditável, não fossem os fatos públicos que a confirmam numa série de ocasiões e intervenções inexplicáveis. Começou com o veto à vacina Coronavac chinesa, identificada como um instrumento comunista e de propaganda antidemocrática.

No episódio, Bolsonaro ignorou que a China é a nossa maior parceira comercial, logo, se infiltração comunista houvesse ela não seria desencadeada isoladamente no caso das vacinas, mas sim permanentemente através do comércio entre os dois países.

OBSTÁCULOS –  Depois foi a vez da Pfizer, que ofereceu a venda de quantidade expressiva de vacinas contra o coronavírus e o presidente tentou obstaculizar. No meio do negativismo, surgiu uma vacina indiana cujo fornecimento para o Brasil seria intermediado pela firma Precisa, numa etapa que logicamente dispensa intermediações.

O ministro Pazuello chegou a recusar a vacina chinesa, falando a famosa frase “um manda e o outro obedece”. O caso da vacinação em massa não é um problema do sim e não, mas do problema do viver ou não viver, conforme os números comprovaram.

Agora, o presidente voltou-se contra a vacinação de crianças de 5 a 11 anos e o Ministério da Saúde convocou uma audiência pública, que teve a presença de bolsonaristas, a exemplo da deputada Bia Kicks. Ficou flagrante que o objetivo da chamada audiência pública era contornar a posição de Bolsonaro, sobretudo porque ele poderia se irritar com a iniciativa de apoiar a vacinação em crianças do ministro Marcelo Queiroga.

AUDIÊNCIA – Queiroga se expôs ao ridículo convocando a audiência para apreciar uma decisão técnica da Anvisa. Um dos obstáculos colocados por Bolsonaro era a necessidade de receita médica. Um absurdo completo e total. Impossível de ser atendido pela população a procura de médicos no país dispostos a receitar a vacina, uma obrigação pública.

A dispensa de receita foi aprovada. A matéria está focalizada em reportagens de Raquel Lopes e Matheus Vargas, Folha de S. Paulo de quarta-feira, e no O Globo, por Constança Tatsch, Giulia Vidal e Melissa Duarte. Esperamos agora o início da vacinação infantil. Importantíssimo.

No Rio, o prefeito Eduardo Paes suspendeu os blocos de rua, mas manteve o desfile na Sapucaí, reivindicação da hotelaria da cidade, pois sem as escolas de samba os turistas não têm motivo para vir ao Rio de Janeiro.

INVASÃO – Voltando ao assunto da vacina, verifica-se que há mais de três semanas o site do SUS, do Ministério da Saúde, sofreu uma invasão de hackers, segundo o ministro Queiroga, e ainda não foi restabelecido integralmente. Aí faltam dados que agravam o cenário da pandemia, agora acrescida pelo Ômicron e pela gripe Influenza.

O apagão da Saúde agrava a campanha de imunização. É muito estranho que um bloqueio de um site causado pela invasão de hackers demore tanto tempo para ser restabelecido.

VETO – O presidente Fernando Henrique Cardoso, pouco após assumir em 1995, publicou um decreto que previa renúncia fiscal pela cessão do horário de propaganda partidária no rádio e na televisão. Agora o Congresso Nacional, reportagem de Marianna Holanda e Ranier Bragon, Folha de S.Paulo de ontem, focaliza a decisão presidencial  que vetou a compensação fiscal e o início da reação das emissoras de rádio e TV.

No Congresso, foi desencadeada uma campanha para derrubar o veto do presidente da República. Bolsonaro, como facilmente se constata, praticou mais um erro político logo em sua campanha eleitoral: desagradou suas lideranças no Senado e na Câmara, atingiu as emissoras de TV e rádio e fica evidente no episódio que haverá reflexos na opinião pública.

Tribuna da Internet

Ômicron já é dominante no Brasil, apontam dados




Levantamento da plataforma Our World in Data mostra que nova variante do coronavírus já é responsável por mais da metade das infecções no país e que casos explodiram em duas semanas.

A variante ômicron do coronavírus já é dominante no Brasil, sendo responsável por 58,33% dos casos de covid-19 sequenciados no país, segundo levantamento da plataforma online Our World in Data.

Vinculada à Universidade de Oxford, a Our World in Data é considerada uma referência na publicação de dados sobre a pandemia. Os dados correspondem à parcela da ômicron em todas as sequências analisadas nas duas semanas anteriores ao dia 27 de dezembro.

Em 13 de dezembro, a ômicron era responsável por apenas 2,85% dos casos de covid-19 sequenciados nas duas semanas anteriores, segundo os dados da Our World in Data, que indicam alta transmissibilidade da nova cepa.

Até esta quarta, o governo federal brasileiros registrava 170 casos confirmados da nova variante e outros 118 em investigação, mas estimava que a cepa já respondesse por cerca de um terço das infecções no país.

A variante foi detectada inicialmente em Botsuana e na África do Sul e reportada à Organização Mundial da Saúde (OMS) em 24 de novembro. Desde então, vem se espalhando a um ritmo vertiginoso. Em sua última contagem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que 128 países já confirmaram casos da ômicron.

A cepa já se tornou dominante na África do Sul, no Reino Unido, na França e nos EUA, entre outros países. Na Alemanha, a ômicron provavelmente se tornará dominante em questão de dias, declarou um porta-voz do Ministério da Saúde nesta quarta-feira.

Transmissibilidade quase sem precedentes

Nesta terça-feira, um especialista da OMS afirmou que baixas taxas de hospitalização e mortes na África do Sul devido à ômicron não podem ser vistas como um padrão para o efeito da variante em outros países.

Para Abdi Mahamud, gerente de incidência de covid-19 da OMS, a situação de cada país é única. Ressaltando que a variante tem uma transmissibilidade quase sem precedentes para um vírus, ele observou que há um crescimento extraordinário nos casos nos EUA, acompanhado de mais hospitalizações.

Mahamud afirmou que estudos que sugerem que a ômicron poupa os pulmões – ao contrário de versões anteriores do coronavírus – podem ser boas notícias, mas que mais pesquisas são necessárias.

Risco de sobrecarga para hospitais

Na semana passada, a OMS também havia alertado que, embora estudos sugiram que a ômicron cause casos de covid-19 mais leves, a variante ainda representava um risco muito alto e poderia sobrecarregar sistemas de saúde.

Apesar das evidências iniciais, o rápido avanço da ômicron "ainda resultará em números elevados de hospitalizações, particularmente entre grupos não vacinados, e causará um transtorno generalizado em sistemas de saúde e outros serviços críticos", afirmou Catherine Smallwood, gerente de incidência de covid-19 da OMS na Europa.

"Estou muito preocupado que a ômicron, sendo altamente transmissível e se espalhando ao mesmo tempo que a delta, gere um tsunami de casos", alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Deutsche Welle

Despreparo de novo - Editorial




País repete erros de outras ondas da pandemia, sendo o mais grave o negacionismo federal

O Brasil enfrenta a sua terceira escalada de infecções pelo novo coronavírus mais protegido pela alta adesão popular às vacinas, mas lamentavelmente despreparado em quase todos os outros aspectos do controle da pandemia. A experiência acumulada não se traduz em aprendizado, o que é preocupante.

Esbugalhou-se o termômetro para detectar a marcha da virose —a contagem tempestiva de casos positivos. Não bastasse o baixo índice de exames, uma constante desde o início da crise, agora não se podem considerar as cifras oficiais porque o sistema federal entrou em colapso após sofrer ataque cibernético, há quase um mês.

Também o sequenciamento genético, importante para monitorar novas cepas como a ômicron, mal engatinha no Brasil. Decifram-se pouquíssimas amostras e com tanto atraso que seus resultados são pouco menos que inúteis para orientar reações sanitárias oportunas.

Enquanto outros países distribuem autotestes baratos nos sistemas públicos, nas farmácias ou até em domicílios, no Brasil essa opção óbvia para o cidadão saber depressa se está com Covid nem sequer existe. É preciso recorrer a profissionais de saúde, o que concorre para superlotar os serviços e promover aglomerações perigosas.

Também não deslancha a telemedicina, que a custos módicos poderia ser amplamente mobilizada para orientar as pessoas com suspeitas de infecção —a imensa maioria dos que contraíram o vírus jamais precisará de intervenção hospitalar para recuperar-se.

Por isso as estatísticas dos hospitais são as únicas a captar melhor, embora com defasagem de tempo, um pedaço da nova onda. Voltou a crescer aceleradamente o volume de internados em UTIs paulistas para Covid. Ainda num patamar relativamente baixo em relação à onda anterior, ele aumenta depressa, quase 2% ao dia.

O incremento do risco sanitário, que deveria ser combatido pela expansão da população vacinada, encontra o governo federal em novo pico de febre negacionista. Promoveu uma consulta pública às raias do inacreditável sobre imunização de crianças apenas para satisfazer às estultices de Jair Bolsonaro (PL).

Mais uma vez na mesma pandemia, o país vai deixar de proteger uma parcela significativa de sua população, a tempo de evitar internações e mortes, porque o presidente da República embota o processo por incompetência e com pretextos e ideias retirados do esgoto.

Diante de desafios raros e ciclópicos como a epidemia de coronavírus, é comum um país cometer erros. O incomum é não aprender com eles e repeti-los. Que o Brasil saiba absorver ao menos a lição eleitoral, diante de tamanhos e reiterados desmandos federais.

Folha de São Paulo

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