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sexta-feira, janeiro 07, 2022

Obsessão de Bolsonaro contra a vacina é quase inacreditável, um desastre eleitoral




Por Pedro do Coutto

A posição radical do presidente Bolsonaro contra a vacinação para imunizar o país da Covid-19 é quase inacreditável, não fossem os fatos públicos que a confirmam numa série de ocasiões e intervenções inexplicáveis. Começou com o veto à vacina Coronavac chinesa, identificada como um instrumento comunista e de propaganda antidemocrática.

No episódio, Bolsonaro ignorou que a China é a nossa maior parceira comercial, logo, se infiltração comunista houvesse ela não seria desencadeada isoladamente no caso das vacinas, mas sim permanentemente através do comércio entre os dois países.

OBSTÁCULOS –  Depois foi a vez da Pfizer, que ofereceu a venda de quantidade expressiva de vacinas contra o coronavírus e o presidente tentou obstaculizar. No meio do negativismo, surgiu uma vacina indiana cujo fornecimento para o Brasil seria intermediado pela firma Precisa, numa etapa que logicamente dispensa intermediações.

O ministro Pazuello chegou a recusar a vacina chinesa, falando a famosa frase “um manda e o outro obedece”. O caso da vacinação em massa não é um problema do sim e não, mas do problema do viver ou não viver, conforme os números comprovaram.

Agora, o presidente voltou-se contra a vacinação de crianças de 5 a 11 anos e o Ministério da Saúde convocou uma audiência pública, que teve a presença de bolsonaristas, a exemplo da deputada Bia Kicks. Ficou flagrante que o objetivo da chamada audiência pública era contornar a posição de Bolsonaro, sobretudo porque ele poderia se irritar com a iniciativa de apoiar a vacinação em crianças do ministro Marcelo Queiroga.

AUDIÊNCIA – Queiroga se expôs ao ridículo convocando a audiência para apreciar uma decisão técnica da Anvisa. Um dos obstáculos colocados por Bolsonaro era a necessidade de receita médica. Um absurdo completo e total. Impossível de ser atendido pela população a procura de médicos no país dispostos a receitar a vacina, uma obrigação pública.

A dispensa de receita foi aprovada. A matéria está focalizada em reportagens de Raquel Lopes e Matheus Vargas, Folha de S. Paulo de quarta-feira, e no O Globo, por Constança Tatsch, Giulia Vidal e Melissa Duarte. Esperamos agora o início da vacinação infantil. Importantíssimo.

No Rio, o prefeito Eduardo Paes suspendeu os blocos de rua, mas manteve o desfile na Sapucaí, reivindicação da hotelaria da cidade, pois sem as escolas de samba os turistas não têm motivo para vir ao Rio de Janeiro.

INVASÃO – Voltando ao assunto da vacina, verifica-se que há mais de três semanas o site do SUS, do Ministério da Saúde, sofreu uma invasão de hackers, segundo o ministro Queiroga, e ainda não foi restabelecido integralmente. Aí faltam dados que agravam o cenário da pandemia, agora acrescida pelo Ômicron e pela gripe Influenza.

O apagão da Saúde agrava a campanha de imunização. É muito estranho que um bloqueio de um site causado pela invasão de hackers demore tanto tempo para ser restabelecido.

VETO – O presidente Fernando Henrique Cardoso, pouco após assumir em 1995, publicou um decreto que previa renúncia fiscal pela cessão do horário de propaganda partidária no rádio e na televisão. Agora o Congresso Nacional, reportagem de Marianna Holanda e Ranier Bragon, Folha de S.Paulo de ontem, focaliza a decisão presidencial  que vetou a compensação fiscal e o início da reação das emissoras de rádio e TV.

No Congresso, foi desencadeada uma campanha para derrubar o veto do presidente da República. Bolsonaro, como facilmente se constata, praticou mais um erro político logo em sua campanha eleitoral: desagradou suas lideranças no Senado e na Câmara, atingiu as emissoras de TV e rádio e fica evidente no episódio que haverá reflexos na opinião pública.

Tribuna da Internet

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