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domingo, abril 04, 2021

Autor de projeto diz que Lei de Segurança Nacional é inconstiitucional e deve ser revogada


Streck defende criação de lei de defesa do Estado democrático de Direito

Renata Galf
Folha

Para o advogado e professor de Direito Lenio Luiz Streck, a Lei de Segurança Nacional, gestada na ditadura militar, é incompatível com a Constituição e deveria ser revogada e substituída por uma nova. Streck, 65, foi um dos especialistas responsáveis pela elaboração do projeto de lei 3.864/2020, que pretende criar uma lei de defesa do Estado democrático de Direito.

Ele diz, no entanto, não acreditar que esta será a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Parte das ações na Corte sobre o tema pedem a suspensão de toda a legislação, mas há também questionamentos solicitando apenas a invalidação de alguns trechos.

SUSPEIÇÃO DE MORO – Streck também é um dos organizadores do recém-lançado “O Livro das Parcialidades”, que trata do julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro e que aponta abusos que teriam sido cometidos ao longo da Operação Lava Jato.

O livro, com 28 artigos, é do Grupo Prerrogativas —que reúne advogados críticos à Lava Jato, sendo que parte deles atua ou atuou na defesa de alvos da força-tarefa. Como advogado, na Lava Jato, Streck diz ter realizado um trabalho para a defesa da Odebrecht e um parecer pro bono para a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O livro é apresentado como a certificação de que um corpo caiu (no caso, a Lava Jato) e como os relatos de quem sabe por que o corpo caiu. Boa parte dos atos da Lava Jato no passado foram acompanhados ou referendados pelo Supremo. Por que a mudança nos posicionamentos da Corte?
Há um pouco de lenda urbana nessa questão de que o Supremo referendou os atos. Muitos dos processos não tratavam de questões de mérito de processos, por exemplo do ex-presidente Lula.

São duas questões, uma é a Lava Jato, em relação a esse número grande de pessoas que fizeram acordos de delação premiada, e muitos deles terminaram pela própria delação. Dizer que os processos todos foram referendados, no mérito, não [foram] tantos assim não. É que em direito tem uma especificidade, às vezes, e por uma questão de forma, o tribunal não examina.

Mas ao longo da operação a gente viu mudanças de posicionamento, por exemplo, em relação à prisão após condenação em segunda instância.
Na verdade, o Supremo surpreendeu a comunidade jurídica em 2016, surpreendeu muito menos que em 2019, quando ele voltou ao leito normal, dizer que a presunção da inocência era constitucional, que era a nossa tese.

Como o senhor vê a decisão da suspeição de Moro em relação a outros casos da Lava Jato?
Vai depender do entendimento do Supremo. Na minha opinião, é possível estender o habeas corpus da suspeição do caso tríplex para os outros três processos do Lula, porque a suspeição é algo personalíssimo, quem é suspeito é o juiz Sergio Moro. E as circunstâncias em que houve a suspeição, conforme o Supremo decidiu, elas se dão nos processos em que Lula é réu e Sergio Moro é juiz.

Na linha do que o Supremo decidiu, a tendência é que tenha consequência restrita ou que vá impactar outros réus?
Na minha opinião, o Supremo vai tomar uma decisão restrita. O máximo que o Supremo vai fazer —vai depender ainda— é [decidir] se estende ou não o caso do tríplex para os outros processos, como o do sítio [de Atibaia (SP)]. Isso tem chance de acontecer, mas não tem chance de isso se estender assim para outros casos. As notícias assim assustam as pessoas. Já passei por isso no caso da presunção da inocência. ‘Ah, vai acontecer tal coisa’. Cada réu vai ter que entrar com uma ação para provar isso, é uma questão bem complexa, complexíssima.

O fato de o Supremo ter citado as mensagens da Operação Spoofing, mas não ter enfrentado a questão da legalidade, pode ser considerado um problema nessa decisão?
Não, tecnicamente, não. Primeiro, ele poderia ter utilizado, [mas] não utilizou, porque teve provas suficientes. O Supremo fez uma decisão histórica, porque começou a compreender que a parcialidade é causa de nulidade, porque o Código só fala em suspeição. Basta um elemento para tornar um juiz, no caso, suspeito ou parcial. E o Supremo deu mais que um elemento, ele nem precisou [das mensagens]. E acho que também, estrategicamente, para evitar maiores críticas à sua decisão, ele tinha elementos suficientes para decidir desse modo e apenas referiu a Operação Spoofing para dar o contexto, o clima.

Como o senhor avalia a decisão do Supremo quanto à imparcialidade e a influência que as mensagens podem ter tido para a formação da decisão dos ministros?
O modo como a Lava Jato e a força-tarefa conduziram tudo isso não fez bem para o Brasil. Não se pode cometer crimes para combater crimes. Os fins não justificam os meios. Então as mensagens da Operação Spoofing são muito importantes, ainda vão ser muito importantes, ninguém pode negar que elas existem. Todos nós sabemos que elas existem, ninguém pode ignorar. Agora, a sua utilização no processo, que o Supremo ainda não fez, vai depender de novos julgamentos.

Outro ponto trazido no livro é a questão de que o fenômeno da Lava Jato é consequência do realismo jurídico, de que o direito seria aquilo que o Judiciário diz que é. Como o senhor vê isso em outros temas, por exemplo, na decisão quanto à reeleição dos presidentes do Congresso no fim de 2020?
O realismo jurídico é um problema muito sério. É a tese pela qual o direito é aquilo que os tribunais dizem que é. É uma tese ativista. Agora, há uma diferença entre ativismo judicial e judicialização da política, se a gente não fizer essa separação, não funciona.

Por exemplo, quando o Supremo dá uma decisão como essa do federalismo, em que ele diz que os estados e municípios são copartícipes, ele não está fazendo ativismo, ele está fazendo judicialização. Como é que a gente descobre se uma decisão é ativista ou judicializadora? Se a decisão pode ser dada para outros casos, do mesmo modo, nas mesmas condições, isto é o primeiro passo para entendermos que ela judicializa, mas quando a decisão é fruto de uma vontade individual e de uma decisão individual do juiz —porque ele acha que é bom ou que é ruim— aí é ativismo. No Brasil o ativismo ainda é muito forte. O próprio Supremo pratica de quando em vez pratica ativismos.

E no caso da reeleição dos presidentes do Congresso?
O Supremo, por maioria, decidiu corretamente. Por vezes, a interpretação aqui no Brasil, é muito maleável. Tem uma metáfora americana de que a lei é como um donuts, uma rosca, no meio tem um buraco que dá para preencher como se quer. Eu não concordo com isso, mas a interpretação do direito no Brasil deveria ser revista.

Em janeiro, o senhor escreveu artigo em que defende que, enquanto a LSN não fosse extraída do ordenamento jurídico, era imprescindível se insurgir contra a sua aplicação. Isso mudou, no caso, quando o senhor avaliou a prisão do Daniel Silveira?
O fato de eu achar que a Lei de Segurança Nacional, de que ela é inconstitucional ou que ela é incompatível não significa que, se o Supremo a usou em um determinado caso, eu não possa dizer que o Supremo está correto naquele caso. O direito é assim, o fato de eu pensar simplesmente não tira uma lei do sistema. O fato de eu concordar não melhora, não piora uma lei, o fato de eu discordar da lei também não tira ela do sistema. São coisas diferentes. O Supremo disse que ela é constitucional, o Supremo aplicou. O problema vai ser se o Supremo disser agora que ela é inconstitucional e ele já tinha aplicado.

Na sua opinião, a LSN deveria ser considerada inconstitucional em sua íntegra ou parcialmente?
Eu sou membro de duas comissões, a Comissão da OAB e também auxilio nesse caso uma comissão com o deputado Paulo Teixeira, nós consideramos a necessidade urgente de aprovar uma lei de defesa do Estado democrático de Direito. Isso quer dizer que o parlamento tem que se manifestar. Eu penso que esta lei não está recepcionada porque ela tem uma péssima filiação, a origem é viciada, o fundamento que é a ditadura militar, a própria lei diz defesa do regime, daquele regime. Então, tem uma série de problemas. O correto é tirar essa lei fora do sistema, evidente. Mas provavelmente o Supremo não o fará. De novo, estou dizendo que o melhor seria se essa lei fosse varrida, que ela é um entulho e no lugar dela fosse colocada uma lei de defesa do Estado democrático de Direito, que é uma lei nova, que nós estamos fazendo, que não trata os adversários políticos ou os críticos do regime como inimigos.

O presidente Jair Bolsonaro disse no ano passado que ele acabou com a Lava Jato porque não há corrupção no governo dele. Como o senhor avalia o combate a corrupção no governo atual?
Eu não creio que o combate à corrupção, que está hoje a cargo do procurador-geral da República, o [Augusto] Aras tenha diminuído. O combate à corrupção continua, a diferença do combate à corrupção hoje e do combate que foi feito anteriormente é que, aos poucos, o combate está sendo feito de acordo com as regras do jogo. É o mínimo que se espera numa democracia. Todos os exemplos de voluntarismos, como na Itália, foram ruins. A Itália teve resultados ruins. A Lava Jato da Itália [Operação Mãos Limpas] resultou no Berlusconi. E aqui a Lava Jato resultou no presidente Bolsonaro.

Muitos apontam que quando se fala de crimes do colarinho branco, há impunidade em relação a outros crimes. Como o senhor avalia a atuação do Judiciário em relação a crimes de colarinho branco?
Até o Mensalão, por aí, tinha-se, digamos, essa situação: o andar de baixo era o preferido pelo braço do direito penal e sofria, porque o andar de baixo, os pobres, também eram processados faltando sempre uma boa dose de garantismo.

Depois houve uma viragem, começou-se também a pegar o andar de cima. Uma coisa só que ficou, de certo modo, foi a falta de um sistema garantista. Por isso que até hoje estamos lutando pelo juiz de garantias e estamos lutando pelo sistema acusatório: juiz não investiga, juiz não acusa, juiz não auxilia a acusação, juiz julga. Promotor acusa, mas não persegue e não faz agir estratégico. Advogado defende, advogado faz agir estratégico, porque o advogado é pago para isso.

Neste ponto não é justa a crítica de pessoas que têm sido investigadas pelo inquérito das fake news, de que ele tem um juiz julgando e investigando?
Esse é um problema. E confesso que aí nós temos um problema que é um problema no sistema. Com a palavra, a Procuradoria-Geral da República que, se tivesse, naquele momento, com a Raquel Dodge, cumprido o seu dever, nada disso precisava ter acontecido.

A grande questão é que, no direito, na democracia, é diferente você discutir isso no plano de um tribunal no interior do Brasil, e na Suprema Corte. Quem defende a Suprema Corte? É o procurador-geral da República. Mas se a Procuradoria-Geral da República —não estou dizendo este procurador, estou dizendo os anteriores— não defende a Suprema Corte, o que eu faço? Por isso que ela teve, como última ratio, lançar mão de uma legislação que vale ainda, segundo o próprio Supremo, que é esta de poder abrir inquéritos, quando ele mesmo, o Supremo, é vítima, assim como acontece, por exemplo, em outros países. Essa é a questão. Nem tudo é perfeito.

Ministro Kassio Nunes libera cultos e missas no país, em meio a medidas restritivas da Covid


por Constança Rezende e Elaine Trindade | Folhapress

Ministro Kassio Nunes libera cultos e missas no país, em meio a medidas restritivas da Covid
Foto: Felipe Sampaio / STF

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Kassio Nunes Marques decidiu pela liberação da realização de cultos, missas e demais celebrações religiosas no país, em meio a medidas restritivas para a Covid-19.

A decisão foi publicada neste sábado (3), depois que a (Anajure) Associação Nacional de Juristas Evangélicos entrou com uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental na Corte).

A decisão impede estados, Distrito Federal e municípios de editar ou de exigir o cumprimento de decretos ou atos administrativos locais que proíbam completamente a realização de celebrações religiosas presenciais, por motivos ligados à prevenção da Covid-19.

Porém, estabelece que sejam aplicados nestes eventos os protocolos sanitários de prevenção relativos à limitação de presença (no máximo, 25% da capacidade).

Além disso, exige medidas como distanciamento social (com ocupação de forma espaçada entre os assentos e modo alternado entre as fileiras de cadeiras ou bancos) e observância de que o espaço seja arejado (com janelas e portas abertas, sempre que possível).

Acrescenta a obrigatoriedade quanto ao uso de máscaras, disponibilização de álcool em gel nas entradas dos templos, aferição de temperatura, fixadas estas como balizas mínimas, recomendando-se também outras medidas profiláticas editadas pelo Ministério da Saúde; “sem prejuízo da possível e gradativa mitigação das restrições pelo Poder Executivo, conforme haja evolução positiva no tratamento e combate à pandemia”.

“Reconheço que o momento é de cautela, ante o contexto pandêmico que vivenciamos. Ainda assim, e justamente por vivermos em momentos tão difíceis, mais se faz necessário reconhecer a essencialidade da atividade religiosa, responsável, entre outras funções, por conferir acolhimento e conforto espiritual", disse o ministro.

O ministro também defendeu, em sua decisão, “o caráter filantrópico promovido por tais instituições”. Ele afirmou que muitas delas fornecem alimentação e abrigo à população mais carente “cuja necessidade mais se destaca no atual contexto” e “é elemento essencial para enfrentarmos os reflexos da pandemia”.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) noticiou a medida em seu perfil no twitter: "Celebrações religiosas: Min. Nunes Marques/STF concede medida cautelar para o fim de determinar que: estados, DF e municípios se abstenham de editar ou exigir o cumprimento de decretos ou atos administrativos locais que proíbam a realização de celebrações religiosas presenciais”, disse.

Em seu pedido vitorioso, a associação de juristas evangélicos alegou que decretos estaduais e municipais que impediram celebrações deste caráter feriram o direito fundamental à liberdade religiosa e o princípio da laicidade estatal.

A AGU (Advocacia-Geral da União) havia sustentado a ilegitimidade da Anajure de ingressar com tal ação. O advogado-geral da união substituto Fabrício da Soller argumentou que o estatuto da associação não menciona quais profissionais poderiam integrar no grupo e que, por isso, a autora “sequer constitui uma entidade de classe”.

“Além de heterogênea, a autora não comprovou que sua atuação ocorre em âmbito nacional. Nos termos da jurisprudência dessa Suprema Corte, reputa-se de caráter nacional somente a entidade que demonstre reunir membros ou associados em pelo menos nove estados da federação”, disse.

Por outro lado, Nunes argumentou que o pedido da associação guarda relação fundamental com seus objetivos essenciais, consistentes na proteção da liberdade religiosa. Também citou decisão anterior do ministro Marco Aurélio que aceitou a legitimidade da ação.

Nunes acrescentou que a ação não foi ajuizada unicamente contra um decreto municipal, mas que “o problema é mais amplo e tem a ver com a reação do Poder Público em diferentes locais do país à epidemia de Covid-19, atraindo, assim, aspectos federativos que reclamam uma solução nacional e uniforme”.

Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral de Rua de São Paulo, indaga de quem partiu tal pedido ao STF. "Só pode ser de alguém que coloca o lucro acima da vida".

Ao ser informado de que o ministro Kassio acatou o pedido de um grupo de jurístas evangélicos, afirmou: "Será que esses advogdos pediram também a liberação imediata do auxílio emergencial? Será que eles pediram também a vacinação em massa da população?".

Para o padre, é absurda a realização de missas e cultos nesse momento crítico da pandemia. "Não adianta ter culto religoso e não ter dignidade da vida".

Ele falou com a Folha logo após celebrar a Vígilia Pascal online, seguida por 4.000 fieis remotamente. "O conforto espiritual é levado dessa maneira". As missas de domingo são seguidas por até 15 mil pessoas. "Nunca celebrei uma missa presencial para esse quantidade de fiéis", compara.

Ele reafirmou que aqueles que desejam igrejas abertas em plena pandemia estão pensando mais na questão econômica. "Religião náo é para lucrar, é para servir, para cuidar", conclui.

O pastor Silas Malafaia, presidente da Assembléia de Deus Vitória em Cristo, festejou a decissão do ministro Kassio Nunes.

Em um primeiro post no Twitter, ele alertava pastores e líderes religosos de que "estavam liberados cultos presenciais com normas sanitárias até o julgamento do pleno". Em seguida, o pastor chamou de "inescrupuloso" e "bobalhão"o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, que não pretende acatar a decisão e exigir o cumprimento do decreto municipal que proibi missas e cultos na capital mineira neste momento crítico da pandemia.

Mais cedo, o pastor Silas Malafaia foi parar entre os assuntos mais comentados do Twitter, na manhã deste sábado (3), após compartilhar vídeo onde o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, vestido com uma balaclava, ensina a usar armas e instrumentos de torutura contra os "que querem fechar as igrejas".

?O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), disse que, mesmo com a decisão do ministro, não liberará os cultos na cidade. "Em Belo Horizonte, acompanhamos o Plenário do Supremo Tribunal Federal. O que vale é o decreto do Prefeito. Estão proibidos os cultos e missas presenciais", escreveu no twitter.

Também pelo Twitter, o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), pastor e presidente da Assembléi de Deus Ministério Catedral do Avivamento, também criticou o prefeito de Belo Horizonte, aletando que descumprir decisão judicial é crime.

"Alguém avise ao Prefeito de BH @alexandrekalil q descumprir decisão judicial é crime previsto no art.330 do Código Penal. Decisão judicial ñ se discute, se cumpre! A decisão é pública e já está valendo em todo o território nacional! “Cumpra-se, com urgência”, escreveu o ministro.

O deputado evangélico também mando recado para os demias membros do STF. "Supremo colhendo o que plantou. Afinal, se disseram que decisão de prefeito valia mais do que a do Presidente da República, agora prefeito também acha que manda mais do que ministro do STF. Semearam a insegurança jurídica e colheram a anarquia!"

Para Daniel Wang, professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas, a primeira coisa que chama a atenção na decisão é que fala que não se pode fechar culto religioso. Segundo ele, um equivoco do ministro, já que a Lei 13.979, que trata da Covid-19, permite que autoridades municipais e estaduais imponham restrições a atividades, como isolamento e quarentena.

"Pode ter uma discusão se atividade religiosa deveria ser tratada como serviço essencial e por isso ser aberta na pandemia. Mas o problema é um ministro do STF em uma decisão liminar, de um indivíduo, passar por cima da autoridade municipal e estadual em um momento de uma crise sanitária enorme, quando estados e municípios decidiram que era imporante restrigir os cultos religiosos."

"É uma demanda no mínimo controversa e ilegítima, que não poderia ter atendida por uma decisão indivigual", diz Wang. "Juridicamente a liminar é absurda e irresponsável, pois permite aglomeração que vai agravar a pandemia".

Segundo o professor, é muito claro que não é uma demanda legítima, pois existe lei que dá poder as autoridades e também jurisprudência do próprio supremo no sentido de que estados e municípios têm poder também para determinar o que entendem por serviços essenciais." ?

Ele também alerta para o fato de que não há perigo na demora que justificasse uma liminar. "Não tinha por que conceder uma liminar a essa hora da noite. É desleal com os colegas da Corte, porque é uma decisão que tinha de ser colegiada."

Bahia Notícias




Enquanto isso:




"Foi muito bom viver, obrigado", últimas palavras foram ditas por paciente de Covid-19, do Recife a médico intensivista antes de ser intubado


 

       Imagem: Michael Dantas/AFP


Do UOL, por Carolina Marins

"Foi muito bom viver", foram as últimas palavras ouvidas pelo médico intensivista Artur Milach antes de intubar um senhor de 75 anos. A frase o fez chorar pela primeira vez em muito tempo durante esta pandemia. Depois de um ano, ele achava que já havia se emocionado o suficiente, mas com a piora da situação no país o que ele tem visto são pacientes chegando cada vez em pior estado.

Idoso e com muitas comorbidades, o senhor pediu para falar com a família antes de ser intubado. Como muitos dos pacientes atendidos por Milach, ele disse aos familiares que os amava e se preparou para o procedimento.

"Quando eu vou intubar um paciente, eu fico perto da cabeça e vou conversando com ele. Nesse momento, ele pegou na minha mão disse: 'Foi muito bom viver, obrigado'. Eu nunca tinha escutado isso, de nenhum paciente. De falar numa serenidade", lembra.

Ele sabia da gravidade do caso dele, isso me tocou profundamente. Quando ele olhou para mim, ele podia ter chorado, esperneado, mas ele sorriu e disse que foi muito bom viver." Contou Artur Milach.

O quadro do senhor de 75 anos era grave e ele morreu dentro de 24 horas. "Foi muito duro. Fazia tempo que eu não chorava na pandemia. Esse dia eu chorei bastante quando cheguei no carro. Esse paciente eu levei a semana inteira comigo, isso me fez ressignificar inclusive a minha força pra trabalhar."

Artur Milach está na linha de frente da covid-19 desde o início da pandemia. Primeiro trabalhou no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. No ano passado, se mudou para Recife e atua hoje como coordenador de UTI-covid em dois hospitais da capital pernambucana: o Hospital de Referência Unidade Boa Viagem Covid-19 e o Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa.

No entanto, o perfil que ele tem visto nesta segunda onda da doença não é apenas o do senhor idoso com comorbidades. Assim como já relataram muitos profissionais de saúde, o intensivista vê um aumento de pacientes jovens necessitando de cuidados intensivos, em especial os que sofrem de obesidade. Mas o que preocupa Milach é que esses pacientes têm chegado em estado cada vez mais grave ao hospital.

O perfil de paciente jovem que está chegando é muito grave. É isso que está nos assustando. Muito parecido com alguns idosos que chegavam, entravam em insuficiência respiratória, precisavam de um consumo de oxigênio grande até serem intubados."

Muitos dos jovens que chegam contam terem utilizado o "kit covid de tratamento precoce", defendido pelo governo federal, mas que não possui eficácia no combate à covid-19.

A diferença é que alguns jovens respondem bem, respondem rápido, e a gente pensou: 'como agora está adoecendo mais jovens, a gente vai conseguir tirar mais rápido do respirador e vai ter menor mortalidade'. E não foi isso que aconteceu.

"A gente vê nas redes sociais gente falando que a família toda tomou e ficou bem. Ela iria ficar bem com ou sem o medicamento. As UTIs estão lotadas de pacientes com tratamento precoce."

Agora com a nova onda da covid-19 ocorrendo simultaneamente em todo o país, o desafio para um coordenador de UTI é ter equipes suficientes para atender à demanda.

"A gente está pedindo ajuda para vários profissionais médicos até não intensivista que estão vindo ajudar a gente. Só que ter o leito não é a garantia de que você vai ter a melhor assistência e isso preocupa bastante a gente."

Atualmente Pernambuco tem mais de 90% dos seus leitos UTI covid ocupados, tanto na rede pública quanto na rede privada. Somente na rede pública esse número está em 96% e a abertura de novos leitos não ajudou a aliviar essa pressão.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO UOL

https://www.blogdanoeliabrito.com/



Deputado pede que PGR e TCU apurem gastos de R$ 2,3 milhões por Bolsonaro durante suas férias


Bolsonaro promoveu aglomerações e gastou milhões em viagens

Mônica Bergamo
Folha

O deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Tribunal de Contas da União (TCU) ofícios solicitando investigação e auditoria, respectivamente, dos gastos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante suas férias.

Nesta semana, o governo federal informou que foram gastos R$ 2,3 milhões de recursos públicos nas viagens de férias de Bolsonaro às praias de São Francisco do Sul (SC) e Guarujá (SP) entre os dias 18 de dezembro de 2020 e 5 de janeiro deste ano, em meio ao agravamento da pandemia.

PEDIDO DE INFORMAÇÃO – Os valores foram enviados pelo general Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência), e pelo ministro Onyx Lorenzoni, da Secretaria Geral da Presidência, em resposta ao pedido de informação formulado pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO).

“Os gastos de recursos públicos acima, num olhar rápido, são meros exemplos da violação de diversos princípios constitucionais, tais como o princípio da economicidade e o da moralidade administrativa”, afirma o parlamentar do PSOL.

Miranda, que qualifica as férias do presidente como “extravagantes”, ainda cita o descompasso entre os gastos do governo federal em relação às desigualdades sociais acentuadas com a crise da Covid-19 e o aumento do desemprego no país.De acordo com o GSI, foram gastos US$ 185 mil, cerca de R$ 1 milhão, com transporte aéreo em aeronaves da FAB para eventos privados do presidente neste período.

PASSAGENS E DIÁRIAS – Além disso, foram calculadas despesas de R$ 202 mil com passagens aéreas e diárias de integrantes da secretaria de segurança e coordenação presidencial. Já a Secretaria-Geral da Presidência informou que foram gastos R$ 1,1 milhão em cartão corporativo de despesas decorrentes das viagens.

O valor inclui a hospedagem das equipes de apoio e segurança das comitivas oficiais, a alimentação dos agentes de segurança aérea que não recebem diárias, despesas aeroportuárias e combustível. Bolsonaro esteve em São Francisco do Sul entre os dias 19 e 23 e se hospedou no Forte Marechal Luz. Durante a estadia, ele pescou na baía da Babitonga, andou de jet ski, participou de evento com apoiadores e provocou aglomeração entre banhistas.

MULTIDÃO – O mesmo aconteceu na viagem à praia do litoral sul de São Paulo, onde ficou dos dias 28 de dezembro a 4 de janeiro deste ano, em uma base militar.O presidente usou o descanso para passear de barco em Praia Grande, cidade vizinha a Guarujá. Em dos dias, ele nadou em direção à praia e, ainda dentro d’água, foi cercado por uma multidão sem máscara aos gritos de “mito”.

A viagem ocorreu no momento em que a pandemia do coronavírus se agravava no país. No dia 31 de dezembro, o Brasil registrou 1.036 óbitos pela Covid-19 e 55.811 casos da doença em 24 horas.

Enquanto isso, a Lista do Fura Fila continua hibernado na Câmara de Vereadores, sem que o distinto público jeremoabense possa tomar conhecimento...

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Até tu Brutus!!!

 

Eleições de 2022: ‘Sérgio Moro não pode ser descartado ainda’, avalia cientista político


Moro continua sendo uma peça, mas está em uma encruzilhada

Sarah Teófilo
Correio Braziliense

Mais um episódio, na última semana, colocou o ex-juiz Sergio Moro no centro do debate sobre o futuro político do personagem central da Lava-Jato, a maior operação no âmbito do combate à corrupção no Brasil. A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a parcialidade do ex-magistrado na condenação do ex-presidente Lula no caso do triplex em Guarujá (SP).

A decisão desgastou ainda mais a imagem construída por Moro durante a força-tarefa. Analistas apontam que, no xadrez político para 2022, ele continua sendo uma peça, mas está em uma encruzilhada.

OPÇÕES – Isso porque, de um lado, tem a opção de pular de cabeça na política e buscar defender seu legado. De outro, pode continuar atuando na iniciativa privada e se manifestar em notas, como tem feito, sempre que alguma decisão atinge a imagem de luta anticorrupção — postura esta que se deteriorou, em especial nos últimos dois anos, seja por decisões judiciais, seja por escolhas pessoais. A primeira delas foi a própria saída da magistratura para atuar em um governo opositor àquele que Moro ajudou a condenar.

Depois, pediu exoneração do cargo de ministro da Justiça, acusando o presidente Jair Bolsonaro de interferência política na Polícia Federal, o que o fez ganhar inimigos e críticos no bolsonarismo. Por fim, foi contratado como diretor de investigações de uma empresa de consultoria americana que representa a Odebrecht, um dos alvos da Lava-Jato.

Assim, Moro, outrora defendido por vários personagens na política que queriam vender a imagem de anticorrupção, hoje tem uma rede de apoio reduzida, como explica o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo.

ACENO – O ex-juiz não é aceito por partidos de esquerda, de centro nem em muitos de direita. “Acho que só o Podemos continua sendo um partido que sinaliza para o Moro, mas não sei se com a mesma convicção. Ele continua popular, isso é inegável, aparece bem em todas as pesquisas, mas não tão bem quanto antes”, afirma.

Segundo o professor, se a imagem de Moro já estava esgotada no âmbito político, a nova decisão do Supremo ajudou a drená-la mais, mas, desta vez, no âmbito do prestígio na sociedade. Tudo isso mostra que o ex-juiz teria dificuldade de se movimentar, caso decidisse lançar candidatura para presidente ou vice-presidente em 2022. “Antes de ele ir para o governo, era recebido em qualquer lugar. Hoje, experimenta um processo de isolamento”, diz Teixeira.

HABILIDADE POLÍTICA – O analista Melillo Dinis, do portal Inteligência Política, vê o ex-ministro numa encruzilhada, mas afirma que o melhor seria ele continuar fora da política. “A maior contribuição ao legado dele é ficar quieto. Só vai piorar a situação”, opina, dizendo que Moro não tem habilidade na política, tampouco no Executivo.

Ricardo Ismael, cientista político da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), não acredita que sair candidato seja uma boa estratégia para Moro defender o seu legado, visto que, conforme ressalta, o embate, agora, é jurídico.

O especialista ressalta que o ex-juiz está desgastado e sofre ataques de várias frentes políticas distintas, o que dificulta a aceitação dele em alguma chapa, ainda que como vice-presidente. “Moro não pode ser descartado ainda, mas as condições políticas para ele, hoje, são muito difíceis para viabilizar uma candidatura”, avalia.

APOIO –  De acordo com ele, caso a decisão da Segunda Turma seja mantida no plenário da Corte, deve ser o fim político de Moro; se não for confirmada, ele terá de buscar apoios e analisar os prós e contras de uma candidatura. Essa questão poderá ser revisitada pelo plenário no próximo mês, quando os magistrados vão avaliar a decisão do ministro Edson Fachin de anular as determinações da 13ª Vara Federal de Curitiba contra Lula. Isso porque, na ocasião, Fachin pediu o arquivamento da suspeição de Moro — dois dias antes do entendimento da Segunda Turma.

Na opinião de Ismael, no caso de não confirmação, Moro estará em uma encruzilhada: decidir sobre entrar ou não na política no próximo pleito. “Não dá para imaginar um candidato sob suspeição. Mesmo sem suspeição, já existe um desgaste de sua imagem. Isso terá de ser avaliado e pesado por ele lá na frente”, diz. O cientista político não vê o Legislativo como uma boa opção ao ex-juiz. “Ele teve muita visibilidade na Lava-Jato, mas, como deputado, será apenas um entre 513”, explica.

Terceira via pode vencer Lula e Bolsonaro, mas está longe, muito longe, de se tornar viável

Publicado em 4 de abril de 2021 por Tribuna da Internet

Dos seis, cinco precisam desistir para o centro sair vitorioso

Carlos Newton

Não costumo fazer análises políticas com base em pesquisas de opinião, por se tratar apenas de amostragens, cuja precisão sempre é questionável. Porém, me interessei por um recente levantamento do Instituto Ideia, encomendado pela revista Exame, porque dá destaque a um quesito sempre decisivo – a rejeição.

A pesquisa indica que Jair Bolsonaro (sem partido) e Lula da Silva (PT) são os candidatos com mais chances de irem para um segundo turno na eleição de 2022. Até aí morreu o Neves, como se dizia antigamente, pois a polarização é mais do que óbvia. O problema é que Bolsonaro e Lula (não necessariamente nessa ordem) lideram também em rejeição, por que são do tipo “ame-o ou deixe-o”.

NENHUM DOS DOIS – Os entrevistadores perguntaram se Bolsonaro merece ser reeleito e 48% consideraram que o atual presidente não faz jus a um segundo mandato. Quanto a Lula, os dois estão num empate técnico, porque 46% também não querem a volta do candidato petista.

A alta rejeição é confirmada em outro quesito. Para 38% dos eleitores, nem o petista nem o atual presidente devem subir novamente a rampa do Palácio do Planalto. E somente 33% optariam por um dos dois na disputa.

O levantamento foi feito entre os dias 10 e 11 de março, com margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Assim, é possível acreditar que a rejeição a Bolsonaro tenha aumentando depois da lambança no caso da defesa do ministro da Defesa e dos comandantes das três Armas.

HÁ CONSENSO – Nesse ponto, aliás, todas as pesquisam concordam – Bolsonaro e Lula lideram no favoritismo e na rejeição. Essa circunstância, diria o genial pensador espanhol Ortega Y Gasset, ilumina a viabilidade de uma terceira via, que começou a se esboçar no manifest0 assinado por seis pré-candidatos de centro, centro-direita e centro-esquerda – João Dória e Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Ciro Gomes (PDT) e Luciano Huck (sem partido).

Outra circunstância é a provável candidatura de Guilherme Boulos pelo PSOL, Se for confirmada, subtrairá muitos votos de Lula e também de Bolsonaro, que ainda tem forte apoio das classes mais carentes, devido ao auxílio emergencial.  

MANO A MANO – Se o Supremo confirmar a elegibilidade de Lula, anulando a condenação no sítio de Atibaia, vai ser uma eleição realmente espetacular. Se não houver união de centro, centro-direita e centro-esquerda, sem a menor dúvida Lula e Bolsonaro passarão ao segundo turno, para decidir no mano a mano.

Respeito a opinião nos outros, mas faço um desabafo. Será um sacrifício imenso aturar novamente no poder os extremistas Bolsonaro e Lula, que são faces de uma mesma moeda, velha e desgastada, que insiste em continuar em circulação, embora valha tanta quanto um nota de três dólares.

A terceira via é viável, mas ainda está longe, muito longe, de mostrar ser possível. E la nave va, cada vez mais fellinianamente.  

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