Foto Divulgação - heldermoura
Por Leitor Anônimo
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Por Leitor Anônimo
Este Blog foi gerado do nada, apenas amparado nas três colunas da coragem, da sinceridade e da perseverança.
Os primeiros passos foram aprendidos por intermédio da competência e sabedoria de Leoman Alves Moitinho expert em internet, na redação contei por vários anos com a colaboração de Lulinha Fio, até quanto tornou-se em definitivo o Blog-dedemontalvao; sendo que todo apoio Jurídico contei com a sabedoria de Dr. Fernando Montalvão, meu irmão, sem sua ajuda, o Blog teria tombado na primeira batalha.
Não fosse a abundancia de pedras atiradas contra o Blog, não teríamos conseguido construir com tamanha solidez e firmeza o nosso cominho, nem chegar onde hoje estamos chegando, 5.000.000 de visitações.
Escrever, é um dom que poucos tem. A capacidade de sermos muitas vezes a voz que não se cala mediante aos fatos e aos acontecimentos, de termos sempre um compromisso com a verdade, que não se cala mediante as injustiças de tentar não deixar que a verdade fique implicitamente oculta, fazemos um blog , imparcial, não enveredamos na impressa marrom, tivemos um compromisso de ética com os nossos leitores , que entenderam e viram com bons olhos os nossos artigos feitos com muita coesão, com total credibilidade sem precisar de falsos moralismos.
por Marcelo Toledo | Folhapress
A morte do prefeito de Hortolândia (SP), Angelo Perugini (PSD), 65, na quinta-feira (1º), em decorrência de complicações provocadas pela Covid-19, chamou atenção por ter ocorrido apenas três meses depois do início da atual gestão.
A morte do político, que estava em seu quarto mandato à frente da cidade na região metropolitana de Campinas (2005-2012 e desde 2016), faz parte de um cenário comum a ao menos dez cidades de oito estados brasileiros que perderam seus principais governantes para a Covid-19 logo nos primeiros meses do ano. Desses, quatro estavam em sua primeira gestão. Os governantes tinham entre 42 e 73 anos.
Perugini, que completaria 66 anos na próxima terça-feira (6), ficou dois meses internado, com as últimas semanas em um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em São Paulo, intubado.
Uma de suas últimas agendas foi o recebimento do primeiro lote de vacinas contra a Covid-19, que chegou à cidade em 20 de janeiro.
Hortolândia, que agora será comandada em definitivo pelo até então vice, Zezé (PL), decretou luto de sete dias pela morte do prefeito. "Seu carisma e sua fé serão sempre lembrados, com carinho, pelos amigos que fez ao longo da jornada", disse, por meio de nota, a prefeitura.
Sete das mortes ocorreram a partir de 14 de março, mês em que os óbitos causados pela pandemia se aceleraram em todo o país.
A morte de Perugini ocorreu apenas um dia após o prefeito de Pitimbu (PB), Jorge Luiz (PDT), 43, perder a vida depois de passar três dias internado com Covid-19. O prefeito estava se recuperando em sua casa, mas sentiu falta de ar e procurou atendimento hospitalar em João Pessoa, a 58 km de distância.
Dois dias antes da morte do prefeito paraibano, Tarek Dargham (PTB), 68, que governava Guararapes, na região de Araçatuba, morreu em São Paulo, onde estava internado. O político tinha sido reeleito em novembro do ano passado com 51,56% dos votos.
No último dia 23, a prefeita de Coremas (PB), Francisca das Chagas Andrade de Oliveira, a Chaguinha de Edilson (PDT), 62, morreu em João Pessoa, onde estava internada.
Chaguinha --que também estava em seu segundo mandato, já que tinha sido eleita pela primeira vez em 2016-- tinha manifestado no último dia 2 o interesse de a cidade aderir a um consórcio público para comprar vacinas.
No dia 9, ela foi internada na capital e intubada. Seu quadro se agravou e ela morreu na manhã do dia 23. Neste domingo (4), haverá uma missa virtual pelos 67 anos de emancipação política de Coremas e em memória de Chaguinha.
Na posse, o novo prefeito da cidade paraibana, Irani Alexandrino (Republicanos), chorou ao discursar e disse que o momento estava sendo muito difícil para ele.
"Não tenho palavras suficientes para expressar a dor que estamos passando. Coremas está de luto e ainda chora a partida precoce, trágica, da doutora Chaguinha [...] Para mim vai ser sempre a nossa prefeita. Era uma grande amiga, líder."
O prefeito de Campanário (MG), Luiz Antônio Souza Campos (PSC), 65, morreu na madrugada do dia 20 de março no hospital Mater Dei, em Belo Horizonte.
Em 18 de março, foi a vez de o prefeito licenciado de Vitória da Conquista (BA), Herzem Gusmão (MDB), 72, ter sido vítima do coronavírus. Ele morreu na noite daquele dia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Gusmão estava internado desde 26 de dezembro e tomou posse virtualmente em 1º de janeiro.
Treze dias antes de morrer, o prefeito gravou um áudio para informar a população da cidade baiana que retornaria para a UTI. "Quero dizer para minha terra que, por necessitar de mais oxigênio, a equipe médica indicou o meu retorno para tratamento na UTI", disse na ocasião.
Ele estava iniciando seu segundo mandato, em quatro tentativas de chegar à prefeitura --disputou o cargo também em 2008 e 2012, antes de ser eleito pela primeira vez em 2016. Com a morte de Gusmão, sua vice, Sheila Lemos (DEM), assumiu a função.
A primeira das sete mortes de março foi a de Jorge Postal (MDB), 73, que governava São Jorge (RS) e morreu no último dia 14. O prefeito, que já tinha governado a cidade entre 2009 e 2012, teve diagnóstico de Covid-19 no fim de fevereiro e logo teve de ser internado. Após alguns dias no hospital São João Batista, em Nova Prata, onde foi intubado, foi transferido para a UTI do hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, no dia 7.
Outros três óbitos ocorreram ainda em janeiro. O primeiro prefeito a morrer dentro do atual mandato foi Marcelo Puppi (DEM), 61, de Campo Largo (PR), no dia 7 daquele mês. Ele estava internado desde 25 de novembro, dez dias após ter sido reeleito prefeito do município de 133 mil habitantes.
Apenas três dias após ter sido internado, Puppi foi transferido para a UTI, mas não conseguiu se recuperar e estava no hospital na data em que deveria iniciar um novo mandato. Em seu lugar, assumiu Maurício Rivabem (PSL).
A situação foi a mesma enfrentada por Maguito Vilela (MDB), 71, de Goiânia, que não chegou a administrar a capital de Goiás.
Ele tomou posse no hospital, onde estava internado desde outubro devido a complicações decorrentes da Covid-19. Isso significa que ele não participou da reta final da sua campanha eleitoral, tampouco foi às urnas para votar nele próprio nos dois turnos da eleição goiana.
Vilela morreu na madrugada do dia 13 de janeiro no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Com isso, Rogério Cruz (Republicanos), 56, assumiu o governo na capital.
Eleito com 100% dos votos -foi candidato único- para governar Ereré (CE), o professor Otoni Queiroz (PDT), 42, foi outro que não chegou a assumir o cargo. Internado ainda em dezembro, ele morreu em 20 de janeiro.
Em sua última postagem pública numa rede social, em 8 de dezembro, relatou quadro de dor de cabeça, febre e calafrio. A febre aumentou e ele passou a ter dor nos olhos, o que o fez ir para Fortaleza para passar por exames.
"Dentre os exames, fiz uma tomografia do tórax que apresentou 'características de imagem comumente reportadas na pneumonia por Covid-19', com envolvimento de 25-50% do parênquima pulmonar. Falta receber ainda o resultado do exame swab, mas mesmo assim o médico já confirmou que estou com o coronavírus."
Bahia Notícias
Publicado em 2 de abril de 2021 por Tribuna da Internet
Italo Nogueira
Folha
Familiares e pessoas ligadas ao miliciano Adriano da Nóbrega estavam com o monitoramento telefônico da polícia interrompido no mesmo período em que houve o encontro com ex-assessores do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), em dezembro de 2019.
Os alvos da Operação Gárgula, que mirou a lavagem de dinheiro e a estrutura de fuga do miliciano, ficaram 28 dias fora das escutas, entre o dia 15 de novembro e 12 de dezembro daquele ano. Foi neste intervalo que Márcia Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, e Luis Botto Maia, advogado de Flávio, se encontraram com a mãe do miliciano e ex-assessora do senador, Raimunda Veras Magalhães, numa cidade do interior de Minas Gerais.
“RACHADINHA” – Os três estiveram juntos nos dias 3 e 4 de dezembro, segundo a investigação sobre o suposto esquema de “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa.
Trocas de mensagens apreendidas no celular de Márcia na investigação da “rachadinha” indicam que o objetivo do encontro era estabelecer contato com Adriano, em fuga sob acusação de comandar uma milícia. Elas também sugerem que Júlia Lotuffo, namorada do miliciano, também participou do encontro.
O método de contato com o miliciano foi confirmado pela investigação da Operação Gárgula. Escutas apontam que Adriano exigiu que todos adotassem uma técnica chamada ponto-a-ponto, na qual mantinham aparelhos exclusivos para falar com ele.
GRAMPO – O encontro em Minas Gerais foi uma das razões para a prisão de Queiroz, apontado como operador financeiro da “rachadinha”. A medida foi revogada recentemente. Os investigadores da Gárgula grampearam dezenas de telefones entre junho de 2019 e fevereiro de 2020 para tentar identificar os celulares que estabeleciam contato com Adriano.
Raimunda teve dois números monitorados. Júlia teve uma série de celulares atribuídos ao seu nome e a pessoas ligadas a ela, a fim de tentar desvendar os seus passos ao encontro do namorado. O monitoramento no entorno de Júlia foi o que mais deu pistas sobre a movimentação da namorada de Adriano, morto em fevereiro numa operação policial para prendê-lo após um ano de fuga. Em agosto, por exemplo, a polícia conseguiu identificar uma viagem dela para encontrar o ex-capitão da Polícia Militar —sem, contudo, descobrir o local.
As informações foram obtidas a partir de escutas feitas num telefone em nome da sobrinha de Julia usado por uma amiga dela. Nas conversas, ela comentava com um homem parte da rotina da namorada de Adriano.O intervalo entre a segunda metade de novembro e primeira de dezembro não foi o único período relativamente longo sem monitoramento durante a investigação. Foi, contudo, o maior.
RENOVAÇÃO DAS INTERCEPTAÇÕES – As decisões para interceptações telefônicas têm validade de 15 dias. Por esse motivo, o Ministério Público do Rio de Janeiro sempre solicitava, no início da apuração, a renovação das interceptações um dia antes do fim do prazo.
A apuração começou em maio, quando o MP-RJ obteve a informação sobre sete telefones ligados ao entorno do miliciano à época foragido. A primeira quinzena de interceptações começou em 5 de junho de 2019. A partir delas, novos números possivelmente utilizados para contato com o ex-capitão foram adicionados aos pedidos de monitoramento.
Com o tempo, os pedidos passaram a ocorrer depois do fim da quinzena anterior, iniciando os lapsos entre os períodos de escuta. O primeiro sem monitoramento ocorreu entre os dias 21 e 29 de julho (9 dias). Em seguida, foram 7 dias entre 14 e 20 de agosto sem interceptações. Outro vácuo significativo ocorreu entre 5 e 29 de setembro (25 dias). Foram depois mais 15 dias sem o instrumento, entre 15 e 29 de outubro.
JUSTIFICATIVA – Após a escuta até 14 de novembro, a própria polícia sugeriu que o telefone de Raimunda não fosse mais monitorado. A razão era que ela realizava poucas chamadas telefônicas, aparentemente privilegiando a comunicação por aplicativos de mensagem de texto e voz. De fato, as mensagens e ligações entre Raimunda e Márcia obtidas na investigação da “rachadinha” ocorreram por meio de WhatsApp, para o qual não é possível o grampo.
Depois do intervalo entre novembro e dezembro de 28 dias, houve outro de 25 dias entre 28 de dezembro e 21 de janeiro. Foi na quinzena seguinte, iniciada em 22 de janeiro de 2020, que a polícia realizou a primeira tentativa de prender Adriano, na Costa do Sauípe. Ele conseguiu fugir, no dia 31 daquele mês. Desta vez, não houve interrupção no monitoramento, tendo ele sido renovado antes do fim do prazo, em 5 de fevereiro.
Adriano foi morto em 9 de fevereiro de 2020 num sítio em Esplanada (170 km de Salvador) numa operação da Polícia Militar da Bahia com a participação de agentes fluminenses. A polícia da Bahia afirma que ele disparou contra os agentes quando foi localizado. Ele estava foragido havia um ano sob acusação de comandar a milícia da favela Rio das Pedras.
COMPANHEIRO DE QUEIROZ – O ex-capitão era amigo e foi companheiro de batalhão de Queiroz, apontado como operador financeiro da “rachadinha”. O miliciano teve a ex-mulher e a mãe lotadas no gabinete de Flávio, ambas denunciadas junto com o senador sob acusação de envolvimento no esquema.
O miliciano tem um histórico de relacionamento com os Bolsonaro desde 2003, quando recebeu uma homenagem de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa.Dois anos depois, enquanto estava preso preventivamente pelo homicídio de um guardador de carros, foi condecorado por Flávio com a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio.
Adriano também foi defendido por Jair Bolsonaro, então deputado federal, em discurso na Câmara dos Deputados, em 2005, por ocasião da condenação por homicídio. O ex-capitão seria absolvido depois em novo julgamento.
FUNCIONÁRIAS FANTASMAS – Em 2007, o miliciano indicou a ex-mulher e a mãe para trabalharem no gabinete de Flávio na Assembleia. Queiroz afirmou que foi o responsável pela nomeação. Segundo o MP-RJ, as duas eram funcionárias fantasmas e foram denunciadas junto com o senador.
De acordo com a quebra de sigilo bancário do caso, anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), parte do dinheiro repassado ao ex-assessor de Flávio passava por contas geridas pelo miliciano. A investigação também identificou conversas entre Adriano e sua ex-mulher que indicam que parte do valor recebido por ela beneficiava também o ex-capitão.
A defesa de Queiroz e Márcia não comentou o suposto contato com Adriano. Ela negou o envolvimento do ex-assessor do senador no esquema da “rachadinha” A defesa de Julia Lotuffo disse, em nota, que nega as acusações contra sua cliente. “Ela nunca teve qualquer participação em eventuais condutas ilegais que possam ter sido praticadas por seu falecido marido. Ela teme pela sua vida e pela vida de sua filha, razão única pela qual ainda não se entregou”, afirma a nota da defesa da namorada de Adriano.
Mudanças passam a valer no dia 12 de abril
A partir do dia 12 de abril as mudanças no Código de Trânsito Brasileiro passam a ter validade e os motoristas precisam se alterar nas modificações que vão desde a alteração na validade da CNH (Carteira Nacional de Habilitação), pontuação por infrações e uso da cadeirinha. Confira as principais alterações.
De acordo com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), as antigas regras previam a suspensão da carteira de habilitação quando o condutor atinge 20 pontos de infrações por ano. Com a mudança, os pontos serão em escalas:
O Código de Trânsito Brasileiro, no artigo 259 da legislação, determina uma pontuação específica para cada uma das infrações cometidas. Leve penaliza em 3 pontos; média em pontos; grave em 5 pontos; e gravíssima em 7 pontos.
O condutor que utiliza um veículo para trabalhar e durante o expediente sofrer penalidade, o limite será imposto ao atingir 40 pontos. O prazo para recurso da autuação também passa de 15 para 30 dias nos departamentos de trânsito regional.
Antes, o condutor que atingia 20 pontos na carteira tinha a CNH suspenda, independentemente de ter cometido infrações gravíssimas. Com a nova legislação, haverá prazo, limite estendido e gravidade nas categorias antes de perder a documentação.
Validade da CNH
Na antiga legislação, o exame de aptidão física e mental deve ser feito a cada cinco anos, sendo que motoristas idosos, precisam renovar a habilitação a cada três anos. Com a nova lei, a partir de 2021 a renovação da CNH será feita a cada 10 anos para motoristas com até 50 anos. Para condutores entre 50 e 70 anos, a cada cinco anos, para condutores com 70 anos ou mais, renovação da CNH será feita a cada três anos.
Cadeirinha de criança
A lei determina a obrigatoriedade do uso da cadeirinha para crianças de até 10 anos com menos de 1,45m de altura. O descumprimento da regra ocasionará uma multa correspondente a uma infração gravíssima.
Exames toxicológicos
Para renovação da CNH, fica mantida a obrigatoriedade de exames toxicológicos para motoristas das categorias C, D e E. Os motoristas com menos de 70 anos devem fazer o exame a cada período de 2 anos e meio. Caso o resultado do exame seja positivo, o condutor perde o direito de dirigir por três meses.
Cadastro de bons motoristas
A lei cria o RNPC (Registro Nacional Positivo de Condutores), para cadastrar motoristas que não tenham cometido infrações de trânsito nos últimos 12 meses. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios poderão usar o RNPC para conceder benefícios fiscais ou tarifários aos condutores cadastrados.
Multas administrativas
Algumas infrações não devem resultar em pontos na carteira: conduzir veículo com a cor ou característica alterada; conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório; portar no veículo placas em desacordo com as especificações e modelos estabelecidos pelo Contran; deixar de atualizar o cadastro de registro do veículo ou de habilitação do condutor.
Faróis
Deixa de ser obrigatório o uso de farol baixo em rodovias durante o dia. O farol aceso será exigido apenas em rodovias simples fora do perímetro urbano, ou seja, aquelas sem canteiro central e com divisão das faixas de direção por meio de sinalização no chão.
https://www.midiamax.com.br/
J.R.Guzzo
Estadão
Eis aí os três ministros militares, todos os três de uma vez só, desembarcados do governo. Em outros tempos, um negócio desses faria um barulho danado, ainda mais nas vésperas do dia 31 de março. O que está acontecendo? O que vai acontecer? Quem ganha? Quem perde? A terra tremia, pelo menos para quem tinha medo de “Brasília” ou para quem tinha alguma coisa a esperar das altas autoridades do País.
Outros tempos, realmente. Hoje ninguém tem medo de militar nenhum – e, embora muita gente ainda tenha muito a esperar de cima, a queima geral dos chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica é um assunto de interesse só para o mundo político e os jornalistas, ou bem pouco mais do que isso.
ILUSTRES DESCONHECIDOS – Para dizer a verdade, quanta gente sabe quem é mesmo o almirante Ílques, o brigadeiro Bermudez, ou mesmo o general Pujol, que como comandante do Exército é normalmente o mais falado? A quase totalidade da população (e a maioria dos jornalistas), nunca tinha ouvido falar o nome de nenhum deles, e mesmo o do seu chefe nominal, o ministro da Defesa – o primeiro a ser demitido, aliás.
Nem ministros eles se chamam mais – hoje, seu título é de comandante de cada uma das três armas. Em suma: o mundo continuou a girar como tinha girado na véspera, e o Brasil girou junto, com o seu caminhão de problemas do mesmíssimo tamanho que carregava antes.
Isso tudo é assim porque os militares brasileiros não são mais o que eram, e golpes de Estado viraram uma coisa obsoleta, esquisita e inviável.
SERVIDORES PÚBLICOS – Os militares não funcionam mais como uma força política – tornaram-se, ao longo dos últimos 30 anos, uma organização profissional, e seus oficiais são atualmente mais ou menos como os outros funcionários públicos do aparelho estatal. Quanto ao quesito “golpe de Estado”, em si, caiu na categoria das coisas que não se fazem “mais”.
Esse, no fim das contas, é o único ponto que interessa: vai ter golpe? Não, não vai ter golpe, pela simples razão de que não se consegue mais, e já há muito tempo, “botar a tropa na rua” e derrubar o governo – a última vez que isso aconteceu, aliás, foi há exatos 57 anos, em 1964. De lá para cá houve uns roncos de vez em quando, briga entre eles mesmos, mas golpe, mesmo, não dá para fazer no mundo das realidades práticas.
A história mais emocionante que se tentou circular é de que o governo queria virar a mesa e os comandantes militares, mais o ministro da Defesa, se recusaram a obedecer; além disso, eles tinham cumprimentado o presidente com o cotovelo e de máscara, em cerimônias das forças armadas.
CRISE GRAVÍSSIMA? – Por conta disso, haveria uma crise gravíssima – atestada inclusive por professores universitários que a mídia entrevista na condição de “cientistas políticos”. Quem sabe se “os militares”, revoltados com o governo, não iriam, eles mesmos, virar o feitiço contra o feiticeiro?
O problema com essas teorias é que a possibilidade do presidente Bolsonaro dar um golpe é igual a três vezes zero; e o mesmo, por simetria, se aplica ao outro lado.
Camila Mattoso
Folha
Para o general da reserva Francisco Mamede de Brito Filho, 59, a demissão do então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e a subsequente saída dos comandantes militares tiveram a marca do desrespeito do presidente Jair Bolsonaro. Conhecido como general Brito, ele comandou o contingente brasileiro da missão de paz da ONU no Haiti (conhecida como Minustah) e a Força de Pacificação no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.
Ele participou do governo Bolsonaro durante quatro meses, em 2019, quando foi chefe de gabinete do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, o Inep. Conta ter se decepcionado também com a falta de respeito e pedido as contas.
DEMISSÃO DE AZEVEDO – O general observa que as mudanças no Ministério da Defesa e nas Forças Armadas ocorreram abruptamente e sem explicações ou agradecimentos —estes que só vieram em live nesta quinta-feira, 1º. “O ministro Fernando [Azevedo e Silva] dormiu no domingo como ministro e na segunda saiu com uma carta de demissão”, aponta.
O desembarque desses militares do governo federal em meio a mensagens lacônicas —Azevedo escreveu que preservou as Forças Armadas como instituições de Estado— despertou alerta sobre a possibilidade de que Bolsonaro esteja pressionando os militares a apoiarem seu governo.Opositores do governo e analistas debateram a possibilidade de ruptura institucional.
Brito, que serviu na companhia dos generais Azevedo, Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Ramos (Casa Civil), descarta qualquer chance de participação militar em manobras autoritárias. E enfatiza que se o objetivo de Bolsonaro era ter os militares mais próximos de si com as trocas, receberá em retorno apenas distanciamento.
“CUIDADO COM AS TROPAS” – “Conheço bem os militares do Alto Comando, tem pessoas do Alto Comando que pertencem à minha turma de formação, com os quais convivi durante quatro anos na Academia Militar das Agulhas Negras, e os outros todos foram contemporâneos. As quatro turmas de formação que estão hoje no Alto Comando foram contemporâneas minhas. Conheço muito bem o treinamento, e há uma coisa muito bem definida na nossa formação: a de que militares cuidam da sua tropa. Têm que buscar a sua profissionalização. Abandonar a política para quem vive de política, que não são os militares”, afirma o general.
Brito diz que os compromissos de profissionalização das Forças Armadas e de afastamento da política, idealizados pelo marechal Humberto de Alencar Castello Branco (1897-1967), forjaram a sua geração militar.
SALVADORES DA PÁTRIA – “Minha turma, de 1983, se formou nos dois últimos anos do governo militar. Essa era uma máxima durante nossa carreira: comandante tem que cuidar da tropa, de seus afazeres institucionais. À medida que o tempo foi passando, com o fortalecimento das instituições, ficava mais claro e evidente que as instituições nacionais estavam fortes o suficiente para administrarem o governo democrático que foi estabelecido. Não havia necessidade de salvadores da pátria”, continua.
“Creio que a mensagem que agora está sendo consolidada vai inclusive distanciar, talvez, um pouco mais os comandantes e as tropas do governo Bolsonaro”, argumenta Brito. Para ele, o recado deixado por Azevedo, Edson Pujol (Exército), Antonio Carlos Moretti (Aeronáutica) e Ilques Barbosa Junior (Marinha) é muito forte.
“Uma mensagem para ratificar que não existe nenhuma intenção de se aventurar politicamente dentro de um quadro conturbado, de crise, sabendo que existem instituições democráticas consolidadas e que vão apresentar uma solução para o problema.”
REUNIÃO MINISTERIAL – Um marco na trajetória do governo Bolsonaro foi a reunião de maio de 2020, na leitura do general Brito. Naquela ocasião, diz, se fosse membro do primeiro escalão da gestão, teria pedido demissão.”É uma postura de uma pessoa que não tem noção, e eu me refiro ao presidente, que não tem noção do tamanho da responsabilidade que ele tem como presidente, que não se conscientizou da estatura do cargo que assumiu como presidente, como chefe de estado”, diz, lembrando que os ministros do STF foram chamados de vagabundos por um ministro —no caso, Abraham Weintraub, então na Educação.
Questionado se ele pensa que já passou do momento de as Forças Armadas deixarem o governo Bolsonaro, ele diz respeitar quem prefere continuar e argumenta que talvez eles enxerguem que oferecem “um mínimo de equilíbrio necessário.” Por fim, Brito viu como inoportuno o ato inaugural do general Walter Braga Netto, sucessor de Azevedo na Defesa, de divulgar uma carta em que defende que o golpe militar de 1964 deve ser celebrado como parte da trajetória histórica do Brasil.
QUESTIONAMENTO – “As manifestações e a própria nota podem ser questionados. Não é o momento de ficar aqui reabrindo feridas que estão cicatrizando”, diz o general. “Não cabe a uma pessoa que ocupa um cargo público, que tem responsabilidade diante de toda uma sociedade, se manifestar a favor de um evento que dividiu essa sociedade. Sob todos os aspectos, não era o momento adequado para se fazer referências, redigir notas, fazer manifestações em público sobre o que aconteceu no período.”
“A prova maior está nas fortes reações que a simples menção a esse evento provoca. Deixam claro para a gente que a sociedade ainda não cicatrizou das feridas provocadas por esse período. É diferente evocar um evento unanimemente visto como algo positivo para o país. No Sete de Setembro, por exemplo, vamos todos às ruas, militares e civis. Quase a totalidade da população enxerga a independência do Brasil como fato histórico a ser celebrado. A revolução de 31 de março e as reações fortes mostram que é uma coisa muito recente.”
Publicado em 28 de dezembro de 2024 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Charge do Duke (Arquivo |Google) Charge do Duke ...