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quarta-feira, dezembro 02, 2020

Baiano esta na lista de 77 jornalistas e influenciadores monitorados pelo Governo Bolsonaro

 

Baiano esta na lista de 77 jornalistas e influenciadores monitorados pelo Governo Bolsonaro

BRASIL

Uma empresa de comunicação contratada pelo governo federal orienta como o órgão deveria lidar com um grupo de 77 jornalistas e “outros formadores de opinião” considerados influenciadores em redes sociais. A medida a ser tomada varia: “o monitoramento preventivo das publicações da influenciadora”, o “envio de esclarecimentos para eventuais equívocos que ele publicar” ou mesmo “propor parceria para divulgar ações da Pasta”.

O acompanhamento do que é publicado sobre determinado órgão ou autoridade é, em si, uma prática corriqueira, mas o relatório revela e leva ao governo as impressões sobre esses profissionais. O levantamento intitulado “Mapa de influenciadores”, que analisou postagens do mês de maio de 2020 sobre o Ministério da Economia e o ministro Paulo Guedes, foi produzido pela BR+ Comunicação.

Ela, conforme informações publicadas pelo site UOL, tem um contrato com o MCTIC (Ciência e Tecnologia) que é aproveitado pelo ME por meio de um Termo de Execução Descentralizada de junho de 2020, no valor total de R$ 2,7 milhões, que inclui outros serviços de comunicação.

Feito em arquivo Excel, o relatório separou os 77 “influenciadores” em três grupos: os “detratores” do governo Bolsonaro, do ME e/ou do ministro Paulo Guedes (não fica claro quem dos três, no entender do relatório, o profissional estaria “detratando”), os “neutros informativos” e os “favoráveis”.

Entre os supostos “detratores” estão jornalistas com milhares de seguidores, como Vera Magalhães, Guga Chacra, Xico Sá, Claudio Dantas, Luis Nassif, Márcia Denser, Rachel Sheherazade, Luís Augusto Simon, além dos professores universitários Silvio Almeida, Marco Antonio Villa, entre outros.

Na lista de “detratores”, também consta o baiano Flávio VM. Costa, editor do UOL.

https://politicalivre.com.br/


Após as eleições, há decisões amargas sobre pandemia e economia para serem tomadas

 

Paulo Guedes vai insistir em novo imposto, nos moldes da antiga CPMF -  Tribuna da Imprensa Livre

Charge do Duke (dukechargista.com.br)

Vera Magalhães
Estadão

Ninguém estava muito aí para as eleições municipais, pelo menos até outubro. Pouco se ouvia falar em propostas, mal se sabia quem eram os candidatos. Mas, ao fim e ao cabo, elas foram um breve momento de vigor cívico e esperança num ano marcado por mortes, renúncias e retrocessos.

Ao fim deste domingo, se o supercomputador do TSE ajudar, já estão conhecidos os prefeitos em todo o Brasil, menos em Macapá, que recebeu uma dose extra e absurda de infortúnio no 2020 distópico.

CONCLUSÃO FATÍDICA – O balanço dos ganhadores e perdedores finais ainda será feito, mas uma conclusão inequívoca é de que a democracia sai robustecida. Dito isso, há tarefas urgentes nesta segundona braba que bate à porta.

Jair Bolsonaro viveu a ilusão de que seria um sucesso eleitoral à base de auxílio emergencial e lives com uso de recursos públicos. Foi um retumbante fracasso.

O presidente não entendeu algo que poderia ser compreendido com uma metáfora simples: o auxílio emergencial era aquela gasolina que você compra num saquinho e joga no tanque de combustível do carro para ele chegar até o posto. Mas o capitão usou a reserva, continuou rodando e a popularidade acabou antes de a eleição ou o posto chegarem.

AS AMARGAS, NÃO – Iludido com a possibilidade de eleger prefeitos aliados sem ter sequer um partido, o presidente mandou parar todas as decisões amargas. Paulo Guedes ficou de stand-by nas últimas semanas, vivendo de outra crença: a de que, passado o pleito, vai se abrir finalmente o caminho para o imposto sobre transações eletrônicas, que parece ser a única ideia na cabeça do ministro para financiar uma versão perene da transferência de renda que seja maior e mais potente eleitoralmente que o Bolsa Família.

Acontece que os fundamentos da economia, que Guedes disse que se recuperariam em “V”, estão em frangalhos. A inflação é um dragão que estava adormecido e acordou com fome, os empregos sumiram e a dívida pública explode, como o próprio Guedes já alertou.

ONDE ESTÁ A SAÍDA? – Bolsonaro tem asco dessa agenda, gostaria de passar batido por ela, e não tem nenhuma vocação para entender do que se trata ou decidir que caminho tomar.

O agravante é que a tempestade perfeita da economia vem conjugada com um previsível recrudescimento da pandemia, depois de um “libera geral” prematuro, quando não se tem ainda vacina aprovada para o novo coronavírus.

Esta segunda-feira pode ser pródiga em anúncios de governadores e prefeitos de novas medidas restritivas, que foram irresponsavelmente seguradas por eles até que as urnas fossem fechadas.

ÀS VESPERAS DO NATAL… – Qual será a reação de empresários caso haja novo fechamento do comércio em diferentes lugares do Brasil às vésperas do Natal, chance de recuperação de vendas num ano praticamente perdido?

Para evitar uma onda de protestos que poderia ganhar contornos similares a 2013 é necessário que cessem as escaramuças políticas que nos levaram a uma das mais deploráveis respostas globais à pandemia, e os diferentes níveis de governo articulem suas ações.

Plano de contingência para evitar uma nova onda, plano de logística para usar os recursos orçamentários para a calamidade que o governo Bolsonaro ainda não liberou, blitz antiburocracia para destinar os testes estocados que estão prestes a vencer.

PLANO DE IMUNIZAÇÃO – Falta também a divulgação urgente de um Plano Nacional de Imunização que preveja insumos, gastos e procedimentos necessários para quando uma ou mais vacina vierem e adoção de medidas que contenham o avanço do vírus.

Esses são alguns passos fundamentais para que dezembro transcorra dentro de um mínimo de normalidade e com menor dose de sofrimento de um país que teve um breve respiro com a lembrança da normalidade trazida pelas eleições, mas que ainda não completou suas provações.

Onze partidos de centro e esquerda assinam carta contra reeleição de Rodrigo Maia e Alcolumbre


Charge do Roque Sponholz (humorpolitico.com.br)

Natália Portinari
O Globo

Partidos de centro e de esquerda assinaram nesta terça-feira, dia 1º, uma carta ao Supremo Tribunal Federal (STF) se posicionando contra a reeleição dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado dentro da mesma legislatura — ou seja, contra a possibilidade de os atuais presidentes, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), se reelegerem.

O STF deve analisar o tema em ação movida pelo PTB, em julgamento que tem início na próxima sexta-feira. A carta à qual O Globo teve acesso é assinada por PP, PL, PSD, PSC, Avante, Patriota, Solidariedade, PSB, Rede e Cidadania e diz que “a vedação à recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente”, como prega a Constituição, é a solução mais “adequada”.

PT NÃO ASSINOU –  Em uma reunião na segunda-feira, dia 30,a bancada do PT na Câmara dos Deputados também se posicionou contra a possibilidade de reeleição, mas não assinou a carta com os demais partidos. O partido não exclui, porém, apoiar um candidato endossado por Maia. O presidente da Câmara vem dizendo a aliados, por enquanto, que não pretender se lançar como candidato.

Entre os que podem ser apoiados por ele, estão Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Luciano Bivar (PSL-PE) e Marcelo Ramos (PL-AM). Eles não excluem, porém, a possibilidade de se unir em torno de Rodrigo Maia caso o Supremo libere sua candidatura. Nesse caso, ele perderia o apoio de PSB e PT. Isso seria um problema, já que Maia conta com os votos da esquerda unida.

No centro, partidos que assinaram a carta são os mesmos que apoiam a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), hoje principal concorrente de Maia na eleição que deve ocorrer em fevereiro do ano que vem. Já PSB e Rede, de esquerda, não têm ainda um candidato definido para a Mesa Diretora.

RESOLUÇÃO INTERNA – A posição contrária à reeleição não é unânime na esquerda. O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse ao O Globo que o assunto deve ser resolvido internamente. Os aliados de Davi Alcolumbre no Senado defendem também que o STF decida assim, delegando a responsabilidade ao Congresso Nacional.

“Não é bom para o Congresso terceirizar sua função. Aí depois reclamam que o Supremo está interferindo nas questões internas. Eu sou a favor de uma reeleição só (nas Mesas). Mas falta uma regulamentação da Constituição pela Câmara e pelo Senado”, afirma.

PF deflagra operação na Bahia contra grupo que fraudou mais R$ 10 milhões


PF deflagra operação na Bahia contra grupo que fraudou mais R$ 10 milhões
Foto: PF-BA

Em mais uma operação contra fraudes a benefícios previdenciários ou assistenciais na Bahia e outros estados, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Cucurbitum, na manhã desta quarta-feira (2). Os agentes cumprem dois mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão, todos em Jeremoabo, no norte do estado, contra um grupo que teria fraudado mais de R$ 10 milhões.

 

De acordo com a PF, apurações iniciais indicam que o grupo criminoso atuava pelo menos desde 2017, com a criação de contas fictícias, mediante a utilização de documentos falsos, a fim de obter os benefícios fraudulentos. Na maioria dos casos, se tratava do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago pelo INSS a pessoas com mais de 65 anos e/ ou portadoras de deficiência.

 

Com isso, segundo a corporação, o prejuízo milionário supera a marca de R$ 10 milhões. O montante é relativo a cerca de 150 benefícios suspeitos, mas a expectativa é de que esses números cresçam à medida em que a investigação avance.

 

Os suspeitos já identificados responderão por diversos crimes, como organização criminosa, estelionato previdenciário, falsificação de documento público e uso de documento falso. As penas somadas podem chegar a mais de 25 anos de prisão.

Bahia Notícias

Com delações paralisadas no STJ, novas fases da Lava-Jato do Rio não deslancham

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Charge do Duke (otempo.com.br)

Bela Megale
O Globo

As novas fases da operação Lava-Jato do Rio enfrentam problemas para deslanchar. O motivo é que grandes acordos de delação firmados com a Procuradoria-Geral da República (PGR) envolvendo autoridades locais estão parados no gabinete do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Felix Fischer, aguardando homologação. Fisher é relator de parte das investigações da Lava-Jato do Rio na Corte.

Entre as delações que aguardam a validação do STJ há mais de três meses está a de José Carlos Lavouras, ex-conselheiro da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio). Segundo fontes que acompanham a negociação, Lavouras relatou crimes envolvendo aproximadamente dez magistrados do Rio, entre desembargadores do Tribunal de Justiça e juízes de primeira instância.

LINHA-DURA – Devido a problemas de saúde, o ministro Fischer se licenciou algumas vezes neste ano. Nesta semana, ele também não participou de julgamentos no STJ, novamente por questões de saúde. Fischer é considerado um dos magistrados mais linha-dura do tribunal.

Em agosto, ele derrubou a decisão judicial que concedeu prisão domiciliar a Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro investigado no caso das rachadinhas. A prisão domiciliar, porém, acabou restaurada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.

Próxima sucessão presidencial se encaminha para uma disputa entre Bolsonaro, Doria e Ciro


Eleição em sete capitais deve ter impacto na formação de palanques em 2022  - Jornal O Globo

Esses três candidatos já estão em permanente campanha

Pedro do Coutto

O governador João Dória, na comemoração pela vitória de Bruno Covas para prefeito, associou-se ao resultado, até porque Covas foi seu companheiro de chapa nas eleições municipais de 2016. Com o episódio, o governador de São Paulo iniciou a decolagem para um voo ao Planalto daqui a dois anos. Um quadro assim começa a se definir, mas o ex-presidente Fernando Henrique, em entrevista para o portal UOL, admitiu que Dória poderá vir a ser o candidato do PSDB, entretanto necessita nacionalizar sua imagem, ou seja, tornar-se conhecido nacionalmente.

As declarações de FHC foram publicadas nas edições desta segunda-feira do Globo e da Folha de São Paulo. Enquanto isso, reportagem de Vera Magalhães, no Estado de São Paulo, revelava  que o DEM , nesta fase inicial, está basicamente dividido entre João Dória e Luciano Huck.

INDEFINIÇÕES – Em 2018 Luciano Huck teve seu nome destacado como um possível candidato, na opinião de Fernando Henrique. Sem dúvida, o posicionamento de FHC esvaziou a candidatura de Geraldo Alckmin e abriu uma perspectiva política para Luciano Huck. Quando coloco uma possível definição das esquerdas na sucessão presidencial, é porque não acredito que PT, PCdoB ou qualquer outa corrente partidária possam ter um candidato capaz de chegar ao segundo turno.

Assim, penso, a opção dos reformistas de direita vai balançar entre João Dória e Jair Bolsonaro que deverão estar entre os dois finalistas.

Projetado a atmosfera de hoje para um cenário do amanhã, as forças esquerdistas só possuem um nome capaz de repercutir – o  ex-ministro Ciro Gomes. Mas é verdade que em política as análises têm de enfrentar as mudanças que ocorrem com velocidade de uma fórmula um.

INFLAÇÃO DISPARA – Como exemplo cito matéria de Eduardo Cucolo, Folha de São Paulo, ressaltando que já no início de 2021 haverá aumento na gasolina, energia elétrica e no universo da saúde. Vão pesar no bolso e poderão funcionar como argumentos contrários ao atual governo do país.

Pode afetar também a imagem de Bolsonaro o congelamento salarial nascido da ideia de Paulo Guedes que tornará impossível o pagamento das tarifas públicas por parte da população. Só o IGPM de novembro a novembro cresceu 20%, atingindo assim os locadores de imóveis.

Outro ponto que poderá contribuir para desmantelar a presidência da República encontra-se no desmatamento da Amazônia, que nos últimos 12 meses aumentou 9,5%. A Amazônia faz parte das atenções do presidente eleito dos EUA, Joe Biden.

MORO NA A&M – Finalmente ao lermos as reportagens de Cleide Carvalho e Katina Baran, respectivamente nas edições de ontem de O Globo e da Folha de São Paulo, surgiu um fato que vai conduzir a desdobramentos e a críticas dos setores mais ati8ngids pela operação Lava Jato.

A contratação do ex-ministro Sérgio Moro para diretor sócio da Consultoria Alvarez & Marsal. Essa assessoria prestou serviços para a empreiteira Odebrecht, como todos sabem a principal empresa envolvida no escândalo da Lava Jato, escândalo que levou a prisão vários implicados condenados por Sergio Moro, entre os quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como se vê em política, os fatos essenciais surgem de repente, pois Moro é também possível candidato.

terça-feira, dezembro 01, 2020

A maldade me revolta, mas já não me surpreende porque não me iludo quanto à Humanidade

 

Morte da única tigresa do zoológico de Teresina deixa tratador de 'luto' | Piauí | G1

Jaula vazia é habitada pela memória da maioria silenciosa

José Eduardo Agualusa
O Globo

Muitas vezes, cruzando-me com um vizinho, sou assaltado por este tipo de pensamento: ‘será que este me entregaria aos leões?’ Não é o tipo de pensamento que me ajude a estabelecer boas relações com a vizinhança

Nunca gostei de ver animais enjaulados. Fiquei a gostar ainda menos depois que, em fevereiro de 2013, visitei Brazzaville, a pequena capital da República do Congo, para participar num festival literário. Num intervalo entre as palestras fui com o meu tradutor, um simpático artista plástico, fluente em 13 idiomas, visitar o jardim zoológico.

O meu tradutor queria mostrar-me um painel que pintara à entrada do complexo, mostrando todos os animais que os visitantes poderiam encontrar. Percebi que aquilo era importante para ele, e aceitei.

FANTASMAS TRISTES – Os animais vagueavam por entre as ruínas como fantasmas tristes. Fotografei os macacos, estendendo os dedos aflitos por entre a ferrugem das grades. Um boi-cavalo arquejante, só pele e ossos, escavava o duro chão com as unhas gastas, à procura de algum talo de capim verde. Tinha um dos chifres rachados, preso com fita adesiva.

Guardei a câmara, agoniado. O meu tradutor deteve-se diante da jaula do leão. Lá dentro não parecia haver nada, exceto uma noite escura e um cheiro antigo e pesado, que nunca mais esqueci.

— O que aconteceu ao leão? — perguntei.

O meu tradutor falou-me da guerra civil. A maioria dos animais morreu de inanição nesses meses cruéis, ou devorados pelas pessoas. O leão, contudo, não morrera de fome. Fora o contrário: morrera de indigestão.

DENTRO DA JAULA – Um oficial das forças governamentais lembrou-se de colocar soldados inimigos dentro da jaula para os humilhar e assustar e, assim, lhes extrair informações. Um dia, o leão, esfomeado, matou um deles. A partir dessa altura passaram a alimentar o animal com carne humana.

Volta e meia lembro-me daquela jaula, e de que não há verdadeiramente espaços vazios. Não alimento ilusões quanto à humanidade da Humanidade. A maldade continua a revoltar-me, mas já não me surpreende.

Vivemos cercados de pessoas comuns que, em situações de colapso moral, como uma guerra, seriam capazes de entregar uma criança para ser devorada por um leão. Muitas vezes, cruzando-me com um vizinho, sou assaltado por este tipo de pensamento: “será que este me entregaria aos leões?” Não é o tipo de pensamento que me ajude a estabelecer boas relações com a vizinhança.

EXISTEM HERÓIS – Há também aqueles que dão a própria vida para salvar o garoto que foi atirado para a jaula dos leões. São poucos. Muito poucos. No final da história, os poucos que nos resgatam.

A maioria das pessoas não seria capaz de lançar ninguém aos leões. Ficaria calada. Esse é o tipo de silêncio que enche aquela jaula, lá, no decrépito jardim zoológico de Brazzaville.

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P.S.. – 
Ouço Donald Trump proclamando aos gritos que ganhou umas eleições nas quais foi amplamente derrotado e ocorre-me que talvez toda a minha realidade seja, afinal, uma intrincada ficção. Um sonho alheio. Depois leio algures apenas 3% dos norte-americanos acreditam verdadeiramente que Trump triunfou (embora milhões finjam acreditar) e fico um pouco mais sossegado. É mais fácil conviver com uma multidão de trapaceiros, flibusteiros e aldrabões, do que com a própria loucura(J.E.A.)

(José Eduardo Agualusa é angolano, considerado um dos mais escritores da atualidade)

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