Paulo Roberto Netto, Rayssa Motta e Rafael Moraes MouraEstadão
A Polícia Federal solicitou à superintendência da corporação no Rio de Janeiro cópia de um inquérito sigiloso aberto em agosto do ano passado envolvendo o relatório do Coaf que identificou movimentações financeiras suspeitas do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz. A solicitação foi feita na última sexta, 19, pela delegada Christiane Correa Machado, que lidera as investigações sobre suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro na corporação. O pedido partiu da defesa do ex-ministro Sérgio Moro.
No dia seguinte, Queiroz foi preso pela Polícia Civil de São Paulo em um sítio do advogado Frederick Wassef, que defendia Flávio Bolsonaro, no inquérito das rachadinhas.
EVASÃO DE DIVISAS – Reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que a PF Rio abriu inquérito em agosto do ano passado para apurar suposto crime de evasão de divisa praticados por um advogado no Rio Grande do Sul, também mencionado no relatório do Coaf. Nem Queiroz e nem Flávio Bolsonaro eram investigados, mas transações financeiras dos dois foram listadas no documento e eles tiveram conhecimento disso.
O advogado Paulo Klein, que então representava Queiroz, teria pedido acesso aos autos, mas a solicitação foi negada pela Justiça.
“Visando instruir os autos do Inquérito Policial nº 0004/2020-1 SINQ/CGRC/DICOR (4831 – STF), solicito a Vossa Excelência informações sobre existência de eventual inquérito instaurado na SR/PF/RJ (Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro), a partir do Relatório de Inteligência Financeira 34670.7.50.6762, esclarecendo se, nos respectivos autos, foram protocolados requerimentos de vistas de Fabrício de Queiroz. Caso positivo, solicito cópia desses documentos”, pediu a delegada.
HOUVE O VAZAMENTO – A defesa de Moro aponta que a petição demonstra que Queiroz tinha ciência da existência do relatório do Coaf que o mencionava, e queria ter acesso ao documento sigiloso.
“Essas razões endossam e reforçam a imprescindibilidade da disponibilização de cópia do procedimento investigatório n° 5011763-74.2019.4.02.5101 para que se possibilite analisar sua evolução processual e eventuais implicações pertinentes à questão criminal aqui apurada”, afirmou o advogado Rodrigo Sánchez Rios.
A defesa de Moro relembrou que as investigações em questão, sobre interferências políticas de Bolsonaro, se interligam ao caso devido à pressão exercida pelo presidente em agosto do ano passado para a troca do comando da PF Rio. Bolsonaro tentou emplacar um nome de sua confiança no mesmo mês que a investigação sigilosa que continua informações de Queiroz foi aberta.
INTERESSE DE BOLSONARO – À época, a PF Rio era comandada pelo delegado Ricardo Saadi, que prestou depoimento alegando que sua exoneração do cargo foi antecipada em agosto do ano passado a pedido e sem justificativa clara.
A saída de Saadi provocou atritos entre o presidente Jair Bolsonaro e o então ministro Sérgio Moro e foi a primeira ocasião em que, segundo o ex-juiz, o presidente teria insistido em emplacar um nome de seu gosto no comando da corporação fluminense – o superintendente no Amazonas Alexandre Saraiva.
Saraiva, por sua vez, disse aos investigadores que sua indicação para assumir a PF Rio partiu do então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, nome de confiança do presidente Jair Bolsonaro e que recentemente teve revogada pelo Supremo sua nomeação para diretor-geral da corporação. O delegado informou que a proposta tinha feita ‘no início do segundo semestre’ do ano passado, época em que o presidente Jair Bolsonaro tentou emplacar o seu nome para comandar a PF Rio.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Fica mais do que comprovada a afirmação do empresário Paulo Marinho, ex-amigo de Bolsonaro, que denunciou vazamentos que a PF fazia para a família presidencial sobre inquéritos sigilosos que pudessem ameaçar Flávio e Queiroz. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Fica mais do que comprovada a afirmação do empresário Paulo Marinho, ex-amigo de Bolsonaro, que denunciou vazamentos que a PF fazia para a família presidencial sobre inquéritos sigilosos que pudessem ameaçar Flávio e Queiroz. (C.N.)