Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

sexta-feira, junho 12, 2020

Moraes (sempre ele) vai derrubar a ilegal Medida Provisória da nomeação de reitores


Alexandre de Moraes rejeita pedido para reconsiderar Ramagem na PF ...
Moraes não está perseguindo Bolsonaro,; essa MP é ilegal, mesmo
Jorge Béja
Nesta sexta-feira (12/6), Bolsonaro sofrerá mais uma derrota no Supremo Tribunal Federal. Vai até parecer confronto entre Executivo e Judiciário. Mas não é. A Medida Provisória nº 979/2020, que dá ao Ministro da Educação o poder de designar quem vão ser Reitores e Vice-Reitores Pro Tempore (enquanto durar a pandemia) nas Universidades Federais e no Colégio Pedro II, é de uma inconstitucionalidade tão escandalosa quanto os palavrões daquela reunião ministerial do dia 22.04.2020, comandada pelo presidente da República.
Sim, inconstitucional. O artigo 207 da Constituição Federal é bem claro quando diz que as universidades têm autonomias. A conferir: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.
AUTONOMIA ADMINISTRATIVA – A expressão magnânima e régia é “autonomia administrativa”. Significa dizer que as Universidades (no caso em tela, as públicas e federais) são independentes, autônomas, com discricionariedade própria para formarem seu corpo administrativo, do servidor mais modesto ao reitor e vice-reitor e pró-reitores. Na hipótese de previsão da existência de lista tríplice para a escolha dos reitores e seus vices, é a própria Universidade — e ninguém mais — quem elabora da lista. E neste mister ninguém poderá ferir, ainda que levemente, a autonomia administrativa que a Constituição Federal prevê.
Também a Constituição Federal nem a legislação infraconstitucional estabelecem qualquer exceção, restrição e/ou excepcionalidade ao comando do artigo 207. E onde não existem estas três situações, não cabe ao intérprete, ainda que o intérprete se chame Jair Bolsonaro, fazer as distinções que a Carta e as leis não fazem.
EXCEÇÃO PANDÊMICA – Para a inconstitucional Medida Provisória nº 979/2020 e no entender de Jair, que a editou, a exceção estaria na pandemia do coronavírus-19 e enquanto o flagelo durar. Mas a Constituição Federal não prevê excepcionalidade alguma. Além disso, a MP em questão tem o condão de mexer no texto constitucional, o que só seria possível através de Projeto de Emenda à Constituição (PEC). Jamais por meio de Medida Provisória.
Mas admitamos que a pandemia seja motivo de força maior, fato superveniente e inesperado – e realmente é.  Nesse caso, caberá, então, à autonomia administrativa das próprias entidades encontrar solução. Não, cabe a Jair dá-la. Nem muito menos a Weintraub (logo quem!) executá-la no cargo de Ministro da Educação.
Não conheço a petição da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 6.458 que o PDT redigiu e endereçou ao Supremo Tribunal Federal. Certamente é uma peça muito bem fundamentada. Os corpos jurídicos dos partidos políticos conhecem o Direito. Mas o tema não tem complexidade.
LIMINAR SUSPENSIVA – O ministro Alexandre de Moraes, sorteado relator, ainda hoje, sexta-feira, 12 de junho, haverá de deferir o pedido de medida cautelar e expedir liminar suspendendo a eficácia legal desta outra Medida Provisória improvisada por Jair e também assinada pelo Weintraub.

Revogação da medida provisória dos reitores é humilhante para o governo


Assessores de Alcolumbre recebem R$ 20 mil em diárias no recesso ...
Davi Alcolumbre humilhou o governo ao devolver a MP
Marcelo Parreira e Luiz Felipe Barbiéri
TV Globo e G1 — Brasília
O presidente Jair Bolsonaro revogou, nesta sexta-feira (12), a medida provisória que dava ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, o poder de nomear reitores por escolha própria para universidades federais durante a pandemia do coronavírus.
A MP tinha sido editada na terça (9), e previa essa possibilidade na substituição de todos os reitores e pró-reitores cujos mandatos terminassem ao longo da pandemia. No processo regular, o MEC escolhe o dirigente a partir de uma lista tríplice, montada com os votos de alunos, professores e servidores.
ALCOLUMBRE DEVOLVEU – Pela manhã, o presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), devolveu a MP dos reitores ao Palácio do Planalto. Com isso, o texto perdeu a validade.
Em uma rede social, Alcolumbre disse que optou por devolver a MP por dois motivos: por tê-la considerado inconstitucional e para fazer uma defesa das universidades federais que, segundo Alcolumbre, estão desempenhando um papel fundamental nas pesquisas de combate ao coronavírus.
Para revogar, o governo editou uma nova medida provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Francisco de Oliveira. Em uma rede social, Oliveira disse que a decisão foi tomada para acolher a “sugestão” de Davi Alcolumbre.
MAIS CRÍTICAS -Assim que foi publicada, a MP recebeu críticas de entidades ligadas às universidades, que classificaram a medida de antidemocrática. O texto foi alvo de contestações de partidos na Justiça.
O Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse em entrevista à Globonews que considerava a medida provisória inconstitucional. Segundo Maia, o texto trata do mesmo tema de uma outra medida provisória, que perdeu a validade na semana passada. Pela lei, o governo não pode editar medidas provisórias sobre o mesmo tema num mesmo ano.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
 Em tradução simultânea: com um “assessor” jurídico da categoria do ministro Jorge de Oliveira, o governo Bolsonaro não vai muito longe. O pior é que o tal ministro, que não sabe distinguir entre um decreto e uma medida provisória, está cotadíssimo para uma cadeira no Supremo, vejam a que ponto chegou a decadência desse país. (C.N.)

General Eduardo Ramos descarta golpe militar, mas alerta oposição: “Não estica a corda”


Ramos minimiza e diz Bolsonaro não fez campanha pelo golpe
Deu na Folha
O general Luiz Eduardo Ramos, ministro chefe da Secretaria de Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), descartou a possibilidade de uma intervenção militar. Em entrevista à revista Veja, ele criticou as acusações de fascismo feitas à administração, mas alertou a oposição: não “estica a corda”.
Ramos é próximo de vários comandantes de unidades do Exército por ter sido instrutor da academia de cadetes. O ministro disse que a ideia de golpe não é ventilada entre os oficiais. “Eles têm tropas nas mãos. Para eles, é ultrajante e ofensivo dizer que as Forças Armadas, em particular o Exército, vão dar o golpe, que as Forças Armadas vão quebrar o regime democrático”, disse o ministro.
CAUTELA – Embora Bolsonaro tenha frequentado atos antidemocráticos, o general reforçou a ideia de que o presidente não fez campanha pelo golpe. “O próprio presidente nunca pregou o golpe. Agora, o outro lado tem de entender também o seguinte: não estica a corda”, declarou.
Questionado sobre o que queria dizer, o ministro criticou as comparações entre Bolsonaro e o líder nazista Adolf Hitler. “O Hitler exterminou 6 milhões de judeus. Fora as outras desgraças. Comparar o presidente a Hitler é passar do ponto, e muito. Não contribui com nada para serenar os ânimos”, disse.
Ele também criticou o julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que analisa uma denúncia de abuso de poder da chapa formada por Jair Bolsonaro (ex-PSL) e o general Hamilton Mourão (PRTB) na eleição de 2018.
VIÉS POLÍTICO -“Também não é plausível achar que um julgamento casuístico pode tirar um presidente que foi eleito com 57 milhões de votos”, afirmou. “Dizem que havia muitas provas na chapa de Dilma (PT) e Temer (MDB). Mesmo assim, os ministros consideraram que a chapa era legítima. Não estou questionando a decisão do TSE. Mas, querendo ou não, ela tem viés político”, disse.
O general minimizou o risco de impeachment, afirmando que “Rodrigo Maia (presidente da Câmara) disse que não vai pôr para votar os pedidos contra Bolsonaro”, e pediu que o TSE assuma postura semelhante.
“Se o Congresso, que historicamente já fez dois impeachments, da Dilma e do Collor, não cogita essa possibilidade, é o TSE que vai julgar a chapa irregular? Não é uma hipótese plausível”, concluiu.
RESERVA DO EXÉRCITO – Na entrevista, Ramos revelou que se infiltrou em uma manifestação contra o governo Bolsonaro apenas “observando o pessoal”. Ele disse que os protestos não o preocupam, mas que discorda de os manifestantes usarem roupas pretas. Para o ministro, “eles não usavam vermelho para não pegar mal. Mas me pareceu que eram petistas”. O general ainda afirmou que pedirá para ser transferido para a reserva do Exército, para que suas decisões como ministro não sejam associadas às Forças Armadas.
Ele citou a vez em que acompanhou o presidente em um ato favorável ao governo e que atacava o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal). “Fui muito criticado no dia seguinte, inclusive pelos meus companheiros de farda. Não me sinto bem. Não tenho direito de estar aqui como ministro e haver qualquer leitura equivocada de que estou aqui como Exército ou como general.”
“DEU CERTO” – “Por isso, já conversei com o ministro da Defesa e com o comandante do Exército. Devo pedir para ir para a reserva. Estou tomando essa decisão porque acredito que o governo deu certo e vai dar certo. O meu coração e o sentimento querem que eu esteja aqui com o presidente”, disse Ramos.
A ida de Ramos à reserva, segundo o general disse à Folha, foi porque ele quer se sentir “um cidadão”. “Eu vi a coisa do general americano, faz todo o sentido”, disse, em referência ao pedido de desculpa do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, Mark Milley.
O militar pediu desculpa por ter participado de uma caminhada com o presidente Donald Trump, um ato político contra os manifestantes antirracismo em Washington. “Eu também estava sem lugar para voltar ao Exército agora. A janela seria em julho, ir para o Rio, mas não é o caso”, afirmou o general.
DESCONFORTO – A reflexão de Ramos vai de encontro a um desconforto grande no serviço ativo das Forças com a excessiva identificação entre os militares e o governo Bolsonaro. Agora, sobra em cargo de primeiro escalão o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello.
Ele vive uma situação inusitada: é hierarquicamente superior no governo ao comandante do Exército, Edson Leal Pujol, mas seu subordinado –é um general de três estrelas, enquanto Ramos ostenta as quatro que simbolizam o topo da carreira.
MUDANÇAS – Os incômodos na ativa são conhecidos, e pioraram quando Bolsonaro cogitou trocar Pujol por Ramos, algo que o ministro nega ter acontecido. O secretário de Governo acaba de perder poder, com a retirada da área de propaganda institucional de sua pasta para o recriado Ministério das Comunicações.
Ramos minimiza isso. “Esquece, falei hoje com o presidente. A relação com ele continua sólida como sempre. Sempre que o presidente demonstra apreço por mim aparecem esses boatos”, disse.
REAÇÕES – Parlamentares da oposição reagiram ao que consideraram uma ameaça do ministro de Bolsonaro. Presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR) contestou, em uma rede social, o alerta de Ramos.
“E o que é esticar a corda general? Investigar os crimes praticados pelo presidente q tutelam? Julgar as ações de crimes eleitorais praticados pela chapa Bolsonaro/Mourão?”, escreveu. “Abrir um dos + de 30 processos de impeachment q estão na Camara? Isso chama-se ameaça.”
O líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), também criticou as declarações de Ramos. “O ministro diz que não haverá golpe, mas condiciona isso a calar a Oposição. Ou seja, faz uma ameaça caso Bolsonaro não tenha carta branca para continuar rasgando a Constituição”, disse.
IMPEACHMENT – André Figueiredo (PDT-CE), líder da oposição na Câmara, rebateu o ministro. “Pode ter certeza que esticaremos o quanto for necessário pra barrar todas as atrocidades deste desgoverno incompetente e genocida. E a melhor corda pra isso se chama impeachmet!”, afirmou, também em rede social.
Ex-aliado de Bolsonaro, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) questionou, em rede social, se a ameaça de Ramos era ao “povo brasileiro” ou aos que não “compactuam com as mentiras e armações de um Governo caótico que precisa comprar as pessoas, e abrir mão das promessas para Governar”. “Um escândalo atrás do outro. E agora vem com esse papo de esticar a corda”, criticou.

Fux desfaz ilusões de Bolsonaro e diz que Forças Armadas não são ‘poder moderador’


Ministros do STF querem levar liminar de Fux a Plenário - Tribuna ...
Na liminar, o ministro Luiz Fux deu uma grande aula de Direito
Fernanda Vivas e Márcio FalcãoTV Globo — Brasília
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu uma liminar (decisão provisória) nesta sexta-feira (12) fixando que as Forças Armadas não atuam como poder moderador em um eventual conflito entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
A decisão do ministro atende a um pedido do PDT, que apresentou ação na última quarta-feira (10) questionando pontos de leis complementares que tratam da atuação das Forças Armadas. Estas leis definem as Forças Armadas e explicitam a atuação delas na “garantia dos poderes constitucionais”.
QUATRO ATRIBUIÇÕES – A decisão de Fux explicita quatro atribuições das Forças Armadas:
  1. Missão institucional das Forças Armadas na defesa da Pátria, na garantia dos poderes constitucionais e na garantia da lei e da ordem não acomoda o exercício de poder moderador entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário;
  2. A chefia das Forças Armadas é poder limitado, excluindo-se qualquer interpretação que permita sua utilização para indevidas intromissões no independente funcionamento dos outros Poderes, relacionando-se a autoridade sobre as Forças Armadas às competências materiais atribuídas pela Constituição ao Presidente da República
  3. A prerrogativa do Presidente da República de autorizar o emprego das Forças Armadas, por iniciativa própria ou em atendimento a pedido manifestado por quaisquer dos outros poderes constitucionais – por intermédio dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados –, não pode ser exercida contra os próprios Poderes entre si;
  4. O emprego das Forças Armadas para a “garantia da lei e da ordem”, embora não se limite às hipóteses de intervenção federal, de estados de defesa e de estado sítio, presta-se ao excepcional enfrentamento de grave e concreta violação à segurança pública interna, em caráter subsidiário, após o esgotamento dos mecanismos ordinários e preferenciais de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, mediante a atuação colaborativa das instituições estatais e sujeita ao controle permanente dos demais poderes, na forma da Constituição e da lei.
PODERES DO PRESIDENTE – “Convém ressaltar, ainda, que a interpretação conforme que ora se concede ao verbete não reduz nem amplia os poderes constitucionais do Presidente da República”, afirmou o ministro.
Em sua decisão, Fux ressaltou que não está limitando nem ampliando os poderes do presidente mas apenas explicando. “Uma vez fixado que (i) o presidente da República, como autoridade maior das Forças Armadas, exerce o poder de supervisão administrativo-orçamentária desse ramo estatal, e que (ii) o presidente da República e os demais chefes de poder não podem empregar as Forças Armadas para o exercício de tarefas não expressamente previstas na Constituição, não há razão jurídica para reduzir-lhe a prerrogativa constitucional expressa”, escreveu.
DISCRICIONARIDADE – O ministro negou o pedido de restringir o uso das Forças Armadas a estado de sítio, defesa e intervenção nos estados. “Não se está aqui a reduzir o espaço de discricionaridade política e administrativa do Chefe do Executivo nacional. Pelo contrário, a medida aqui concedida tem caráter meramente explicativo, na medida em que reafirma cláusula elementar de qualquer Estado Democrático de Direito: a supremacia da Constituição sobre todos os cidadãos, inclusive os agentes estatais, como mecanismo de coordenação, de estabilização e de racionalização do exercício do poder político no ambiente naturalmente competitivo de uma democracia plural”, escreveu.
Em sua decisão, o ministro Luiz Fux analisou o trecho de uma lei de 1999 que detalha o emprego das Forças Armadas. A norma prevê que as Forças Armadas são “instituições nacionais permanentes e regulares”, “organizadas com base na hierarquia e disciplina e sob autoridade suprema do Presidente da República”.
SEM SOBREPOSIÇÃO – No entendimento do ministro, a expressão “autoridade suprema” deve não deve ser interpretada como uma sobreposição a outros poderes. Fux ressaltou que nenhuma autoridade está acima das demais e da Constituição.
“Deveras, a ‘autoridade suprema’ sobre as Forças Armadas conferida ao Presidente da República correlaciona-se às balizas de hierarquia e de disciplina que informam a conduta militar”, afirmou.
Segundo ele, isso “não se sobrepõe à separação e à harmonia entre os Poderes, cujo funcionamento livre e independente fundamenta a democracia constitucional, no âmbito da qual nenhuma autoridade está acima das demais ou fora do alcance da Constituição”.
“AUTORIDADE SUPREMA” – Para o ministro, “descabe conceder à expressão ‘autoridade suprema’ interpretação que exorbite o exercício circunstanciado, por parte do Presidente da República, de suas próprias responsabilidades constitucionais, sempre sob o controle e, quando cabível, sob a autorização dos demais Poderes”.
“Impõe-se, assim, reconhecer que, em um Estado Democrático de Direito, nenhum agente estatal, inclusive o Presidente da República, dispõe de poderes extraconstitucionais ou anticonstitucionais, ainda que em momentos de crise, qualquer que seja a sua natureza. A Constituição bem tratou de definir os limites rígidos de atuação dos poderes estatais, seja em períodos de normalidade institucional, seja em períodos extraordinários. Destarte, todo e qualquer exercício de poder político deve encontrar validade na Constituição e nela se justificar”, acrescentou.
ARTIGO 142 – A lei de 1999 também regulamenta o artigo 142 da Constituição. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro invocam o artigo 142 como argumento para uma intervenção militar, reivindicada em faixas de manifestantes de atos pró-governo. Essa interpretação é rechaçada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pela Câmara dos Deputados, por juristas, especialistas e ministros do STF.
O artigo 142 regulamenta a competência das Forças Armadas, mas não autoriza intervenção militar. Textualmente, diz o seguinte: “Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.
OUTROS PONTOS – O ministro afirmou que a missão institucional das Forças Armadas coincide inicialmente com a preservação da soberania do Brasil frente à ameaças externas. Mas ressaltou que “isso não significa, porém, que a atribuição constitucional se restrinja à intervenção federal e aos estados de defesa e de sítio”.
“A República Federativa do Brasil se fundamenta na soberania e alicerça suas relações internacionais em diversos princípios, como a independência nacional, a defesa da paz e a igualdade entre os Estados. A defesa da Pátria de que trata o artigo 142 inscreve-se na proteção material da soberania brasileira, mas compreende quaisquer medidas que a lei permitir para a proteção dos interesses da República Federativa do Brasil. Nesse ponto, tais medidas não se iniciam nem se esgotam nas hipóteses excepcionais de intervenção, de estado de defesa e de estado de sítio. Pelo contrário, há uma miríade de possibilidades de atuação prévia das Forças Armadas para a proteção das faixas de fronteiras, dos espaços aéreos e marítimos, inclusive em períodos de paz.”
PODERES LIMITADOS – Fux também considerou que tanto em cenários de “normalidade institucional como em cenários extremos de guerra”, os poderes do presidente da República sobre as Forças Armadas não são absolutos.
“Destaque-se que, tanto nos cenários de normalidade institucional como em cenários extremos de guerra e defesa da soberania, os poderes do Presidente da República sobre as Forças Armadas não são absolutos, submetendo-se também a mecanismos de controle explicitamente delineados no texto constitucional”.
O ministro analisou ainda os questionamentos sobre a atuação das Forças Armadas na “garantia dos poderes constitucionais”.
GARANTIA DOS PODERES – “Em uma leitura originalista e histórica do artigo 142 da Constituição, a expressão “garantia dos poderes constitucionais” não comporta qualquer interpretação que admita o emprego das Forças Armadas para a defesa de um Poder contra o outro. No desenho democrático brasileiro, a independência e a harmonia entre os poderes devem ser preservadas pelos mecanismos pacíficos e institucionais de freios e contrapesos criados pela própria Constituição”.
“Assim, inexiste no sistema constitucional brasileiro a função de garante ou de poder moderador: para a defesa de um poder sobre os demais a Constituição instituiu o pétreo princípio da separação de poderes e seus mecanismos de realização”.
O ministro também citou que a Constituição adotou o princípio da separação dos poderes, o que torna incabível a interpretação segundo a qual as Forças Armadas poderiam atuar na intervenção em outros poderes.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Foi como uma sexta-feira 13 para Bolsonaro e seu “consultor” jurídico Jorge Oliveira, aquele major da PM que se reformou aos 42 anos, fez um curso de Direito, diz ser “jurista”, e Bolsonaro acredita. Cotadíssimo para ser nomeado ao Supremo, o ministro Oliveira é uma besta quadrada que leva Bolsonaro por caminhos tristonhos, como diria Ary Barroso, lembrando as folhas mortas que a corrente transporta. E la nave va, cada vez mais fellinianamente. (C.N.)

Militares temem que exemplo de militares americanos contamine brasileiros


Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Militares da ativa das Forças Armadas no Brasil viram como uma espécie de alerta o gesto da maior autoridade militar americana, general Mark Milley, de pedir desculpas por ter participado de ato político ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O chefe do Estado Maior se desculpou por criar a impressão de envolvimento dos militares na política interna. O ato do qual ele participou, em Washington, contou com a dispersão de uma multidão pela polícia com uso de balas de borracha e gás lacrimogêneo. Os manifestantes protestavam contra o racismo.
“Foi um ato muito digno e que pode influenciar comportamentos daqui por diante”, avaliou um general brasileiro.
Generais ouvidos pelo blog reforçam a necessidade de o gesto de Milley servir como uma espécie de exemplo do que não se deve fazer por aqui.
Há forte contrariedade em setores da ativa das Forças Armadas com a tentativa de politização dos quartéis no governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Em qualquer país com um pouco de amadurecimento político, é normal que as Forças Armadas fiquem fora das disputas políticas”, disse um general da reserva.
Mas, por aqui, militares lembram que o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, tem agido para evitar essa politização.
Pujol tem frisado aos generais e demais oficiais da ativa a necessidade do distanciamento para evitar a politização da tropa.
O general tem seguido a linha do antecessor, general Eduardo Villas Bôas, que sempre ressaltou o papel constitucional nas Forças Armadas.
Para um general quatro estrelas da reserva, há um paralelo a ser feito, “altamente positivo para nós, mas parece que entramos em crise aguda do complexo de vira-latas.”
Segundo ele, não há “uma fotografia sequer” de um general fardado ou em função militar participando de manifestação política. “Essa foto não existe agora ou antes”, afirmou.
Para esse general da reserva, os generais brasileiros já disseram à exaustão, com outras palavras, o mesmo que o general Mark Milley declarou.
“Só que ele falou para pedir desculpas, enquanto nos falamos para que nossos interlocutores entendam que isso não acontecerá e, infelizmente, temos que repetir quase que diariamente porque as pessoas parecem não querer acreditar na democracia. Lamentavelmente, parece ficar mais charmoso festejar o “mea culpa” do americano do que comentar o nosso comportamento”, observou
Porém, há uma preocupação entre oficiais da ativa com o desgaste de imagem das Forças Armadas diante dos sucessivos gestos de Bolsonaro expondo militares que ocupam cargos no primeiro escalão do governo.
Desde que Bolsonaro participou de uma manifestação na qual havia faixas com inscrições antidemocráticas, em frente ao Quartel General do Exército, o incômodo aumentou dentro das Forças Armadas.
Na sequência, houve ainda o episódio com a presença de ministros militares ao lado do presidente na rampa do Palácio do Planalto saudando uma manifestação que pregava a intervenção militar. O ato também foi mal recebido.
Estavam presentes na ocasião, inclusive, o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), que é um general da ativa. Nesse dia, Bolsonaro ainda afirmou que as Forças Armadas estavam com ele.
Recentemente, outro episódio que provocou desgaste foi o voo de helicóptero de Bolsonaro e do ministro da Defesa, o general da reserva Fernando Azevedo Silva, para acompanhar mais uma manifestação com pedidos antidemocráticos e inconstitucionais, como o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF).
Como informou o blog nesta semana, integrantes da ativa das Forças Armadas já temem o desgaste do Exército diante da repercussão internacional envolvendo a mudança na divulgação de números da pandemia de coronavírus no Brasil.
O fato de a mudança ser coordenada pelo general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, e pelo grupo de 25 militares que estão na pasta, preocupa especialmente generais da ativa.
Há o reconhecimento interno de que o general Pazuello está cumprindo determinações do próprio presidente Jair Bolsonaro ao insistir nas mudanças da divulgação do número de mortos por covid-19 no país.
Um militar adverte ainda que a reação negativa de todos os setores científicos no país e no exterior, atingindo a credibilidade dos números oficiais do país, tem potencial para causar danos na imagem do próprio Exército.

Em destaque

Pacheco defende corte de gastos, mas diz que valorizar servidores públicos também é importante

  Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) 05 de novembro de 2024 | 13:54 Pacheco defende corte d...

Mais visitadas