Marianna Holanda
Folha
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste sábado (18) esperar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ajude com sua inelegibilidade no Brasil. Ele, contudo, não detalhou como isso poderia ser feito.
Bolsonaro falou com jornalistas no aeroporto de Brasília, após deixar Michelle Bolsonaro. A ex-primeira-dama embarcou para a posse do presidente americano, que ocorre na segunda-feira (20).
CONTEVE O CHORO – Em mais de um momento, Bolsonaro se emocionou ao mencionar que não participaria da posse do presidente dos Estados Unidos.
“[Trump] já tem influência no mundo todo da presença dele. Primeiros-ministros que estão caindo, Hamas fazendo acordo, o [Justin] Trudeau renunciou. No México, grandes apreensões foram feitas. Gostaria de apertar a mão dele, não daria pra conversar”, disse.
“Mas, com toda certeza, se ele me convidou, ele tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades políticas, como essas duas minhas que eu tive”, completou.
SEM PERSEGUIÇÃO – Questionado sobre como isso poderia ser feito, Bolsonaro disse: “Só a presença dele, o que ele quer, só ações. Não vai admitir certas pessoas pelo mundo perseguindo opositores, o que chama de lawfare, que ele sofreu lá. Grande semelhança entre ele e eu. Também sofreu atentado. […] Não vou dar palpite nem sugestão ele sabe o que está acontecendo”.
Bolsonaro está impedido de concorrer até 2030 em razão de duas decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) relacionadas a ataques infundados ao sistema eleitoral e ao uso político do 7 de Setembro. Na esfera criminal, ele foi indiciado, em novembro passado, por suspeita de envolvimento em uma trama golpista para impedir a posse de Lula.
Legalmente, um outro país não tem qualquer gerência sobre o sistema jurídico brasileiro.
HUMILHAR DE VEZ – O ex-presidente disse ainda esperar que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), não coloque uma tornozeleira eletrônica para “humilhar de vez”. Moraes é relator dos processos que têm Bolsonaro na mira no STF.
“Eu sou preso politico, apesar de estar sem tornozeleira eletrônica. Espero que a sua Excelência não queira colocar em mim, para humilhar de vez, uma tornozeleira eletrônica. Estou sim constrangido. Queria estar acompanhando minha esposa”, disse.
Bolsonaro disse ainda que o seu filho deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) havia acertado encontros com chefes de Estado nos Estados Unidos para ele. Como não viajará, perdeu as reuniões. Ele não disse, contudo, com quem elas seriam.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Um imbrochável que chora à tona é uma aberração ambulante, porque se diz durão para algumas coisas, mas amolece nas outras. Com a passaporte na mão, ninguém sabia se Bolsonaro ia ficar nos EUA, mas é quase certo que sim. Afinal, se dormiu três noites seguidas na embaixada da Hungria, sem a menor necessidade e comodidade, porque não curtir as delícias de Mar-a-Lago, em Palm Beach, onde Trump tem um resort? (C.N.)