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domingo, janeiro 19, 2025

Cessar-fogo traz alívio, mas quem vai pagar pela reabilitação de Gaza?

Publicado em 18 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet

População inteira no norte de Gaza corre risco iminente de morte, diz Unicef

Israel destruiu o território de Gaza quase inteiramente

Diogo Bercito
Folha

O cessar-fogo negociado por Israel e Hamas traz alívio para Gaza, que viveu quase 500 dias sob intenso bombardeio de Tel Aviv. Se o acordo for respeitado, a população desse território palestino estará livre, por ora, das explosões e violentas incertezas que marcaram a sua rotina.

É um alívio, porém, com muitas ressalvas. A campanha israelense contra Gaza deixa feridas e cicatrizes. A devastação é tamanha que, segundo a ONU, pode ter rebaixado o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Faixa de Gaza para os níveis de 1955, apagando 70 anos de progresso.

PEQUENO TERRITÓRIO – Gaza é um território pequeno e estreito, com área equivalente a um quarto do município de São Paulo, o que contribuiu para a dimensão do estrago. Quase 2 milhões de palestinos deixaram suas casas durante a crise, mas não encontraram onde se proteger dos bombardeios de Israel.

Agora que podem retornar para os seus lares, palestinos terão de lidar com o fato de que eles provavelmente já não existem mais. Segundo estudos preliminares com base em imagens de satélite, cerca de 60% das construções e 68% das estradas da faixa foram danificadas ou destruídas.

Gaza é, hoje, um campo com milhões de toneladas de escombros, segundo as autoridades palestinas. Para remover os detritos e reerguer a infraestrutura, serão necessárias coisas básicas como cimento. Israel hoje controla a entrada de materiais e ajuda humanitária por ar, mar e terra.

QUEM PAGARÁ? – Fica, nesse sentido, a pergunta: quem vai pagar pela reabilitação do território? No passado, organizações humanitárias e governos da região, em especial do Golfo, contribuíram com a missão. Israel acusa o Hamas de ter desviado esses fundos para se armar em vez de reconstruir Gaza.

Será difícil estabelecer prioridades. Há o dano à infraestrutura, incluindo saneamento e eletricidade, que já eram precários mesmo antes dos bombardeios. Além disso, segundo a ONU, quase 95% das escolas foram atingidas por disparos israelenses, o que afeta toda uma geração.

Todas as universidades de Gaza foram destruídas também, no que ativistas de direitos humanos descrevem como um escolasticídio, uma estratégia deliberada de impedir a produção de conhecimento. Um jovem palestino de Gaza não tem, hoje, onde cursar ensino superior.

ATENDIMENTO MÉDICO – Houve ainda dano extenso à estrutura médica do território. A ONU afirma que apenas 17 dos 36 hospitais de Gaza funcionam, e de maneira parcial. Há carência de suprimentos, e médicos dizem que realizam suas cirurgias, inclusive em crianças, sem aplicar anestesia.

A imprensa internacional não pôde entrar em Gaza para conferir muitas dessas informações. A maior parte do que se sabe é resultado do trabalho de jornalistas palestinos. Há menos deles, no entanto, como consequência dos bombardeios. Ao menos 204 foram mortos.

Gaza demonstrou resiliência no passado. Houve outros conflitos nas últimas décadas, ainda que em menor escala. Palestinos foram capazes de se reerguer. O desafio que enfrentam agora, porém, testa seus limites e pode catalisar novas configurações —sociais, econômicas e políticas.

E O HAMAS? – A pergunta, agora, é o que vai acontecer com o Hamas. Israel justificou toda a destruição humana e material como uma maneira de eliminar a facção radical. Tel Aviv conseguiu, de fato, alvejar uma importante parcela da liderança, incluindo Yahya Sinwar, morto em 16 de outubro.

Organizações como o Hamas, porém, dependem de narrativas, com as quais radicalizam as suas populações. Nesse sentido, Israel está fornecendo um motivo convincente para que essa narrativa siga adiante.

Sem a desarticulação dos problemas de base, este cessar-fogo terá vida curta.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A reconstrução de Gaza tem de ser custeada pelos países árabes ricos em petróleo. Somente essas nações têm condições para esse investimento, porque o Ocidente está quebrado devido à obrigação de financiar a Ucrânia. (C.N.)

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