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terça-feira, maio 31, 2022

Guerra na Ucrânia: as 20 milhões de toneladas de grãos que país não consegue exportar




Por Stephanie Hegarty

Agricultores ucranianos têm 20 milhões de toneladas de grãos que não conseguem fazer chegar aos mercados internacionais, e uma nova colheita está prestes a começar.

O que pode ser feito para levar os alimentos às pessoas que precisam desesperadamente deles, à medida que os preços sobem em todo o mundo?

No início de fevereiro, Nadiya Stetsiuk esperava um ano lucrativo. O clima estava bom em 2021, e as colheitas de milho, trigo e sementes de girassol haviam sido abundantes em sua pequena fazenda na região central de Cherkasy, na Ucrânia.

Os preços no mercado internacional estavam altos e subindo a cada dia, então ela estocou uma parte para vender mais tarde. Só que a Rússia invadiu a Ucrânia.


A região dela não testemunhou o pior dos combates — assim como 80% das terras agrícolas do país, ainda está sob controle ucraniano —, mas o impacto em sua fazenda foi profundo.

"Desde a invasão, não conseguimos vender nenhum grão. O preço aqui agora é metade do que era antes da guerra", diz Stetsiuk.

"Pode haver uma crise alimentar na Europa e no mundo, mas há um gargalo aqui porque não conseguimos colocar essa comida para fora."

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, descreveu como "chantagem" a oferta da Rússia para suspender o bloqueio aos portos ucranianos do Mar Negro, em troca da suspensão das sanções.

A Ucrânia surpreende como exportador de alimentos, contribuindo com 42% do óleo de girassol comercializado no mercado global, 16% do milho e 9% do trigo.

Alguns países dependem muito disso. O Líbano importa 80% de seu trigo da Ucrânia, e a Índia, 76% de seu óleo de girassol.

O Programa Mundial de Alimentos da ONU (PAM), que alimenta pessoas à beira da fome em países como Etiópia, Iêmen e Afeganistão, obtém 40% de seu trigo do país.

Mesmo antes da guerra, o abastecimento mundial de alimentos era precário. A seca afetou as colheitas de trigo e óleo vegetal no Canadá no ano passado, e a produção de milho e soja na América do Sul.

A pandemia de covid também teve um grande impacto. Na Indonésia e na Malásia, a escassez de mão de obra significou colheitas mais baixas de óleo de palma, o que elevou os preços do óleo vegetal em todo o mundo.

No início deste ano, o preço de muitos dos alimentos básicos no mundo estava atingindo níveis recordes. Muitos esperavam que as colheitas da Ucrânia pudessem ajudar a compensar o déficit global.

Mas a invasão da Rússia impediu isso. O Ministério da Agricultura ucraniano diz que 20 milhões de toneladas de grãos estão agora presos no país.

Antes da guerra, 90% das exportações da Ucrânia eram escoadas por portos profundos no Mar Negro, que podem carregar navios-tanque grandes o suficiente para viajar longas distâncias — para a China ou a Índia — e ainda obter lucro.

Mas agora todos estão fechados. A Rússia tomou a maior parte da costa da Ucrânia e bloqueou o resto com uma frota de pelo menos 20 navios, incluindo quatro submarinos.

'Os portos do Mar Negro da Ucrânia estão mais bem equipados para carregar grãos do que os portos da Romênia ou da Polônia'

O chefe do PMA, David Beasley, fez um apelo à comunidade internacional para organizar uma escolta para furar esse bloqueio.

"Sem a compreensão da Rússia, militarmente há muita coisa que pode dar errado", diz Jonathan Bentham, analista de defesa marítima do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.

Uma escolta exigiria poder aéreo, terrestre e marítimo significativo, diz ele, e seria politicamente complicado.

"Idealmente, para diminuir as tensões, você pediria aos países do Mar Negro, como Romênia e Bulgária, que fizessem isso. Mas eles provavelmente não têm capacidade. Então você teria que considerar trazer membros da Otan fora do Mar Negro."

Isso colocaria a Turquia, que controla os estreitos do Mar Negro, em uma posição difícil. O país já disse que restringirá a entrada de navios de guerra.

A oferta da Rússia de abrir um corredor pelo Mar Negro para remessas de alimentos, em troca de um afrouxamento das sanções, aconteceu enquanto a União Europeia discutia um novo pacote de sanções e não mostrava sinais de mudança de rumo.

Mesmo que a guerra termine amanhã, pode levar meses ou anos para tornar o Mar Negro seguro, acrescenta Bentham, já que a Ucrânia defendeu seu litoral com minas e navios estrategicamente afundados.

'A Ucrânia defendeu sua costa com minas'

Por enquanto, os alimentos só podem ser retirados da Ucrânia por terra ou em barcaças pelo rio Danúbio.

Na semana passada, a União Europeia anunciou planos para ajudar investindo bilhões de euros em infraestrutura. Mas o vizinho de Stetsiuk, Kees Huizinga — que possui e cultiva 15 mil hectares — diz que o bloco não está fazendo o suficiente.

Ele está tentando transportar mercadorias desde o início da guerra e está exasperado com a montanha de papelada exigida pela União Europeia, que, segundo ele, criou filas na fronteira de até 25 quilômetros de extensão.

"É só papel, não é como se eles estivessem realmente coletando amostras do milho. Você só precisa ter o papel", diz ele.

Em 18 de maio, dois dias após o anúncio da União Europeia, as autoridades alfandegárias pediram aos seus motoristas dois formulários que nunca tinham visto antes.

"A fronteira não está ficando mais fácil, pelo contrário, está ficando mais burocrática", diz ele.

Nas últimas três semanas, Huizinga exportou 150 toneladas de grãos. Ele poderia escoar a mesma quantidade pelo porto de Odessa em poucas horas.

"Abram as fronteiras", ele implora à União Europeia, "apenas deixem as coisas passarem".

'As filas de caminhões esperando para deixar a Ucrânia podem se estender por até 25 km'

A principal rota para fora do país agora é ferroviária. Mas o sistema de trilhos da Ucrânia é mais largo que o da União Europeia, o que significa que as cargas precisam ser transferidas para novos vagões na fronteira. O tempo médio de espera é de 16 dias, mas pode levar até 30.

Embora o debate global sobre a escassez de alimentos seja principalmente sobre trigo, a maior parte dos grãos que saem da Ucrânia no momento é de milho. E isso por dois motivos, segundo Elena Neroba, analista de grãos ucraniana da corretora Maxigrain.

Ela acredita que os agricultores ucranianos hesitam em vender trigo porque são assombrados pela memória do Holodomor, a crise de fome generalizada que atingiu a Ucrânia durante o regime soviético de Joseph Stalin, em 1932, na qual milhões de ucranianos morreram. O milho, por outro lado, não é tão consumido na Ucrânia.

O outro fator, segundo ela, é a demanda. A Europa não compra muito trigo ucraniano, é autossuficiente. E é difícil levar esse trigo para além da União Europeia, pois os portos da Polônia e da Romênia não estão equipados para exportar grandes volumes de grãos.

"Até julho, os países da União Europeia estarão ocupados exportando suas próprias colheitas de verão e terão ainda menos capacidade para lidar com os alimentos da Ucrânia", observa Neroba.

O tempo está se esgotando para resolver o problema. As instalações de armazenamento estão cheias, e a colheita de verão de trigo, cevada e canola está a semanas de distância.

Stetsiuk ainda tem cerca de 40% da colheita do ano passado armazenada em sua fazenda e pouco espaço para a próxima estação.

"Não queremos desperdiçar. Sabemos o quanto é importante para o Ocidente, para a África, para a Ásia", diz ela.

"Esse é o fruto do nosso trabalho, e as pessoas precisam dele."

Se ela não consegue vender o estoque, não pode se dar ao luxo de plantar neste outono. Ela espera que a comunidade internacional possa ajudar a financiar os agricultores ucranianos, para armazenar grãos e plantar novamente.

Se não fizerem isso, diz ela, a escassez de grãos no próximo ano será ainda pior.

Muitas lavouras de trigo estão em situação particularmente ruim no momento. Na Europa Central, Estados Unidos, Índia, Paquistão e norte da África, o clima seco significa que a produção deve ser baixa. Na Ucrânia, por outro lado, o clima para o trigo tem sido bom.

Stetsiuk começou sua fazenda com o falecido marido há 30 anos, quando a Ucrânia estava emergindo das cinzas da URSS. Eles foram os primeiros em sua região a comprar terras agrícolas e se tornaram uma orgulhosa família de agricultores no processo. As duas filhas e o filho dela estão todos envolvidos.

"Queremos continuar fazendo isso. Queremos ajudar, fornecendo comida para as pessoas."

Em questão de meses, diz ela, a Rússia tomou pelo menos 20 anos.

BBC Brasil

Roteiro do golpe está pronto; e agora?




Erros do passado e experiências de outros países capacitam instituições contra iliberalismos

Por Carlos Pereira (foto)

Seis meses antes do golpe ocorrido no Chile em 11/09/1973, apenas 27% dos chilenos acreditavam que o golpe aconteceria (Navia e Osório 2017). Por outro lado, de acordo com o Datafolha (15/09/2021), mais da metade dos brasileiros (51%) creem que Bolsonaro pode tentar um golpe, especialmente em caso de derrota nas eleições de 2022.

Há quem acredite, inclusive, que o roteiro do golpe contra a democracia brasileira já estaria traçado.

O primeiro passo seria incutir desconfiança sobre a lisura do processo eleitoral por meio de questionamentos sobre a segurança das urnas eletrônicas, comprometendo a sua confiabilidade perante os eleitores ao afirmar que “a urna não é inviolável, é penetrável, sim”.

Argumento central desse roteiro é a crítica a uma hipotética “sala secreta ou escura” que contabilizaria os votos chegados ao TSE, o que afetaria a transparência do processo de apuração. Também contribuiria nessa trama o confronto direto com ministros do STF, como a recente alegação de abuso de autoridade do ministro Alexandre de Moraes por sua condução no inquérito das fake news.

Outro pilar decisivo do roteiro do golpe seria desacreditar as pesquisas eleitorais disseminando a ideia de que elas manipulam a verdadeira intenção dos eleitores. Além do mais, seria também crucial a narrativa de que a imprensa tradicional mente e que as redes sociais são a fonte de informação mais adequada e livres de vieses ideológicos.

Mas, até que ponto democracias necessitam de democratas? Przeworski (2020) argumenta que não existe causalidade ou valor preditivo entre apoio populacional e sobrevivência da democracia. Ele observa que, mesmo diante da queda vertiginosa de apoio às instituições democráticas na Europa nos últimos 35 anos, nenhuma delas entrou em colapso.

Assim como as pessoas, sociedades e suas instituições também aprendem, tanto em função de erros e experiências do passado, bem como de lições tiradas de outros países que passaram por problemas similares. A invasão do Capitólio e o uso indiscriminado de fake news nas eleições americanas de 2020 são bons exemplos. Esses aprendizados previnem e ajudam a capacitar as organizações de controle e a própria sociedade contra potenciais ações iliberais de governos de plantão.

O discurso do golpe iminente só interessa a apoiadores identitários de Lula e de Bolsonaro, seja para atrair eleitores anti bolso na ris tas pelo medo de quebra institucional, no caso dos lulistas, seja para nutrir o último fio de esperança de permanecer no poder, no caso dos bolsonaristas.

O Estado de São Paulo

Rússia deve cortar envio de gás para Holanda e Dinamarca




Empresas de energia dos dois países se recusaram a aceitar exigência russa de pagar por gás em rublos. Moscou já cortou o fornecimento para Polônia, Bulgária e Finlândia.

A Holanda e a Dinamarca podem se juntar ao grupo de países que tiveram suas importações de gás da Rússia cortadas por Moscou.

Nesta segunda-feira (30/05), as empresas Orsted, da Dinamarca, e a GasTerra, da Holanda, alertaram para o risco de a Rússia interromper o envio de gás já na terça-feira, como retaliação à recusa das duas empresas a fazer pagamentos em rublos para a russa Gazprom. Moscou já fez o mesmo com Polônia, Bulgária e Finlândia.

Em março, como resposta às sanções internacionais após a invasão russa da Ucrânia, Moscou passou a afirmar que só aceitará o pagamento de seu gás em rublos, e que os compradores teriam que abrir uma conta bancária na Rússia, numa tentativa de valorizar a cambaleante moeda do país.

Compradores europeus acusaram os russos de quebra de contrato e "chantagem", já que Moscou deixou claro que cortaria o fornecimento de quem não atendesse à nova exigência.

A Orsted disse que não tem obrigação conrtratual de pagar em rublos para a gigante estatal russa de energia Gazprom. A companhia dinamarquesa afirmou que seu próximo prazo de pagamento é justamente nesta terça-feira, e que pretende continuar a pagar pelo fornecimento em euros.

Já a operadora holandesa de energia GasTerra comunicou nesta segunda-feira que é certo que a Rússia cortará o fornecimento de gás para a Holanda a partir da terça-feira. "A Gazprom anunciou que interromperá o fornecimento a partir de 31 de maio de 2022", afirmou a GasTerra em nota, destacando que a companhia "se antecipou comprando em outros lugares".

Assim como sua equivalente dinamarquesa, a GasTerra se recusou a pagar a Gazprom em rublos. "A GasTerra pediu várias vezes a Gazprom que respeite a estrutura de pagamento e as obrigações de entrega acordadas por contrato, lamentavelmente em vão", explicou a empresa.

Governos apoiam decisão

A decisão da russa Gazprom deve impedir que 2 bilhões de metros cúbicos de gás sejam entregues à Holanda até outubro, declarou a GasTerra. A empresa é propriedade conjunta dos gigantes da energia Shell e Esso, da companhia de gás holandesa EBN e do Estado holandês, que tem uma participação de 10%.

"Entendemos a decisão da GasTerra de não concordar com as condições de pagamento impostas unilateralmente pela Gazprom", disse o ministro da Energia da Holanda, Rob Jetten, em mensagem no Twitter. "Esta decisão não terá consequências para a entrega de gás às residências holandesas."

Já a dinamarquesa Orsted explicou que estava abastecendo suas reservas em instalações na Dinamarca e Alemanha para garantir o fornecimento a seus clientes.

"Apoiamos a decisão da Orsted", afirmou a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, em Bruxelas, onde os líderes da União Europeia se reuniram para superar divisões e alcançar um acordo para o embargo às importações de gás russo

Segundo a agência de energia dinamarquesa, o gás representa 18% do consumo de energia anual do país. Em 2019, três quartos desse gás foram extraídos no próprio país. A participação russa no mercado de gás da Dinamarca não passa de 4%.

No caso da Holanda, 44% da energia consumida é baseada em gás, mas apenas cerca de 15% desse gás vem da Rússia, segundo dados do governo. A Holanda anunciou anteriormente planos para parar de usar combustíveis fósseis russos até o final do ano.

Deutsche Welle

UE chega a acordo para reduzir importação de petróleo russo




Países-membros concordam em banir importação de óleo russo por via marítima, efetivamente cortando 70% das entregas para o bloco. Mas europeus estabelecem exceção para oleoduto chave como forma de apaziguar Hungria.

Líderes da União Europeia chegaram a um acordo nesta segunda-feira (30/05) sobre a proposta de embargo das importações de petróleo da Rússia e concordaram em excluir do sistema Swift o Sberbank, o principal banco russo.

Na questão do petróleo, após uma série de dificuldades e resistência de alguns países, especialmente a Hungria, representantes dos 27 países-membros, concordaram com uma solução salomônica: banir completamente as importações de petróleo por via marítima e manter uma exceção para o envio por meio do oleoduto Druzhba, que liga a Rússia à Europa Central. 

O último ponto foi uma concessão à Hungria, país sem acesso ao mar, que depende fortemente do petróleo e gás da Rússia. Construído na era soviética, o Druzhba é o maior oleoduto do mundo, com cerca de 4.000 quilômetros de extensão e responde por um terço do petróleo importado pela UE, alimentando sobretudo a Hungria, a República Tcheca, a Eslováquia e o leste da Alemanha.

Segundo a Comissão Europeia, somente o embargo do petróleo que chega por via marítima vai efetivamente cortar 70% das importações de petróleo russo que chegam ao bloco. Somado a promessas individuais de alguns países do bloco, como a Alemanha, de reduzir as importações de petróleo russo, o corte pode chegar a 90% até o fim do ano.

A UE obtém cerca de 40% do seu gás natural e 25% de seu petróleo da Rússia. A continuidade dessa dependência tem sido um motivo de tensão para o bloco, já que, indiretamente, a compra de energia dos russos tem ajudado a financiar a máquina de guerra do Kremlin contra a Ucrânia.

"Acordo para proibir a exportação de petróleo russo para a UE. Isso cobre imediatamente mais de 2/3 das importações de petróleo da Rússia, cortando uma enorme fonte de financiamento para sua máquina de guerra. Pressão máxima sobre a Rússia para acabar com a guerra. Este pacote de sanções inclui outras medidas contundentes: cortar [do sistema] Swift o maior banco russo, o Sberbank; banir mais 3 emissoras estatais russas; e sancionar indivíduos responsáveis por crimes de guerra na Ucrânia", informou, por meio do Twitter, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

"Congratulo-me com o acordo esta noite sobre sanções petrolíferas contra a Rússia. Isso reduzirá efetivamente cerca de 90% das importações de petróleo da Rússia para a UE até o final do ano", escreveu na rede a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A proibição das importações de petróleo russo foi proposta inicialmente pela Comissão Europeia há quase um mês. Mas a resistência, principalmente por parte da Hungria, vinha atrasando a implementação da proposta. Reunidos em Bruxelas, representantes dos 27 estados-membros do bloco tiveram um dia intenso de negociações antes do anúncio do acordo.

A Hungria, um país sem acesso ao mar, importa 65% do petróleo que consome da Rússia através do oleoduto Druzhba e, junto com a Eslováquia e a República Tcheca, havia solicitado uma exceção à proibição de importação.

Antes do anúncio, o primeiro-ministro estoniano Kaja Kallas foi franco sobre as chances de que os líderes nesta cúpula anunciassem uma posição definitiva sobre a proposta russa de embargo de petróleo nesta segunda-feira. "Não acho que chegaremos a um acordo hoje", disse Kallas, observando que seria "mais realista" esperar por tal entendimento na próxima cúpula europeia, marcada para o final de junho.

Mais cedo, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, pediu aos líderes da União Europeia que mantivessem a unidade do bloco diante da Rússia e cessassem as disputas internas em relação ao sexto pacote de sanções do bloco.

"É preciso acabar com todas as brigas na Europa, disputas internas que só encorajam a Rússia a colocar cada vez mais pressão sobre vocês", disse Zelenski por videoconferência durante a cúpula da UE em Bruxelas. "É o momento de não estarem divididos, não sejam fragmentos e sim um todo unido", disse ele.

A participação de Zelenski durou pouco mais de 10 minutos e, ao contrário do discurso da última cúpula, quando se referiu pessoalmente a cada líder europeu, desta vez o ucraniano dirigiu-se aos líderes do bloco em geral. "É evidente que deve haver progresso nas sanções pela agressão. E para nós é muito necessário", acrescentou.

Além do corte nas importações de petróleo, a UE concordou nesta segunda-feira em fornecer 9 bilhões de euros em ajuda para a Ucrânia.

Deutsche Welle

Tropas russas avançam sobre cidade-chave no leste da Ucrânia




Forças de Moscou começam a entrar na periferia de Sievierodonetsk, na região do Donbass, dizem autoridades. Prefeito afirma que uma batalha intensa está em curso na cidade, "completamente destruída" por bombardeios.

Tropas russas começaram a entrar na periferia de Sievierodonetsk, cidade-chave na região do Donbass, no leste da Ucrânia, disseram autoridades locais nesta segunda-feira (30/05).

À agência de notícias Associated Press, o prefeito Oleksandr Striuk afirmou que a cidade está prestes a se transformar numa segunda Mariupol, em referência à cidade no sul da Ucrânia que passou quase três meses sob o cerco russo até que os últimos combatentes ucranianos se rendessem.

Striuk disse que a eletricidade e as comunicações foram cortadas em Sievierodonetsk, que foi "completamente destruída" por bombardeios russos. Uma batalha intensa está em curso nas ruas. Combatentes ucranianos tentam expulsar os invasores russos, que avançaram algumas quadras em direção ao centro da cidade, afirmou.

"O número de vítimas está aumentando a cada hora, mas não conseguimos contar os mortos e feridos em meio aos combates de rua", relatou o prefeito.

Segundo ele, de 12 mil a 13 mil dos antigos 100 mil residentes permaneceram na cidade e se abrigam em porões e bunkers para escapar dos bombardeios russos. Striuk estima que 1.500 civis morreram na localidade desde o início da guerra, em 24 de fevereiro – vítimas tanto de ataques russos quando da falta de medicamentos ou tratamento.

Forças russas entraram em Sievierodonetsk após tentarem, sem sucesso, cercar a cidade. O Exército ucraniano afirmou que tropas de Moscou estavam reforçando suas posições no nordeste e sudeste da cidade e trazendo equipamento e munição adicional para intensificar sua ofensiva. Segundo Kiev, mais de 90% dos prédios de Sievierodonetsk estão danificados.

Depois de não conseguir capturar Kiev em março, a Rússia anunciou que o foco de sua "operação militar especial", como denomina a guerra de agressão contra a Ucrânia, era agora conquistar toda a região industrial do Donbass – e Sievierodonetsk é fundamental para isso. Situada a cerca de 140 quilômetros da fronteira com a Rússia, a cidade transformou-se nos últimos dias no epicentro dos combates no Donbass.

Serhiy Haidai, governador da província de Lugansk, onde Sievierodonetsk está localizada, afirmou que forças russas também estão avançando em direção à Lysychansk. Ambas as cidades estão às margens do estrategicamente importante rio Siverskiy Donetsk e são as últimas grandes áreas sob controle ucraniano em Lugansk.

Capturar as duas cidades daria a Moscou o controle efetivo sobre a província de Lugansk, algo que o Kremlin poderia declarar como uma vitória na guerra. Mas, ao focar seus esforços na pequena cidade de Sievierodonetsk, a Rússia pode estar deixando outras áreas livres para contra-ataques da Ucrânia, segundo analistas.

Em 2014, separatistas pró-Rússia proclamaram Lugansk e a província adjacente de Donetsk, também no Donbass, como "repúblicas populares" independentes. Neste domingo, o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, afirmou à emissora Frencht TF1 que "a prioridade incondicional de Moscou é a liberação das regiões de Donetsk e Lugansk", ressaltado que a Rússia as vê como "Estados independentes".

Pressão sobre a região de Kharkiv e no sul

Neste domingo, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, visitou o leste de seu país pela primeira vez desde o início da invasão russa. Ele esteve em Kharkiv, a segunda-maior cidade da Ucrânia, de cujos arredores combatentes ucranianos expulsaram forças russas há algumas semanas.

A Rússia, no entanto, continua bombardeando Kharkiv, e explosões foram ouvidas pouco depois da visita de Zelenski. O presidente afirmou que as tropas russas ainda controlam um terço da área ao redor da cidade.

A pressão russa também se mantém no sul da Ucrânia. Um porta-voz do Ministério da Defesa russo afirmou que um ataque ao estaleiro no porto de Mykolaiv destruiu blindados ucranianos ali estacionados.

Na região da ocupada Kherson, autoridades russas afirmaram que grãos da colheita do ano passado estão sendo entregues a compradores russos. A Ucrânia acusou a Rússia de saquear grãos de territórios controlados por suas forças, e os Estados Unidos têm alegado que Moscou está pondo em risco o abastecimento alimentar global ao impedir a Ucrânia de exportar sua colheita.

Em Mariupol, um assessor do prefeito ucraniano afirmou no domingo que, depois que assumiram o controle total sobre a cidade, forças russas empilharam os corpos de pessoas mortas dentro de um supermercado. Ele divulgou uma foto no Telegram que mostra a suposta cena. Segundo a agência Associated Press, não foi possível verificar a autenticidade da imagem.

Deutsche Welle

Massacre no Texas: chacinas em escolas são 'ponta do iceberg' da violência armada nos EUA, vê especialista




Philip Cook ganhou o Prêmio Estocolmo 2020 em Criminologia por sua pesquisa sobre violência armada

Apesar de já pesquisar sobre a violência armada nos Estados Unidos há quase meio século, Philip Cook ainda se sente devastado com massacres como o que matou 19 crianças e dois professores em uma escola do Texas em 24 de maio.

Por Gerardo Lissardy

"Sou avô de duas crianças do ensino fundamental e é muito fácil imaginar algo semelhante na escola que vão frequentar", diz Cook, professor de Economia e Políticas Públicas da Duke University, em entrevista à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.

Coautor de livros como The Gun Debate: What Everyone Should Know (O Debate sobre Armas: o que Todos Devem Saber, em tradução livre), Cook associa diretamente massacres como o de Uvalde, no Texas, à proliferação de armas de fogo nos EUA, onde em média há pelo menos uma para cada homem, mulher e criança — em mãos de civis.

Ele explica que a maioria das mortes por arma de fogo no país não ocorrem nas chacinas, mas são suicídios e homicídios que recebem menos atenção geral.

E, no entanto, Cook considera a regulamentação de armas nos EUA inviável hoje.

A seguir, os principais trechos da entrevista com esse especialista que ganhou o Prêmio Estocolmo de Criminologia em 2020 por sua pesquisa sobre violência armada.

BBC: Os massacres horríveis, como o do Texas, são o maior problema de proliferação de armas da América?

Philip Cook: Quando temos mais armas e mais casas com armas, o resultado inevitavelmente será mais violência armada.

O problema específico com tiroteios em massa, onde várias pessoas são mortas ao mesmo tempo, é a proliferação de armas de estilo militar, que agora são as armas populares vendidas em lojas especializadas.

O que vimos é que essas armas, que podem disparar muitos tiros rapidamente, ficaram mais populares, e basicamente todos os tiroteios em massa são feitos com elas.

O resultado é um aumento no número de tiroteios em massa e um enorme aumento no número de pessoas mortas.

BBC: Mas as estatísticas mostram que os tiroteios em massa foram responsáveis ​​por menos de 2% das mortes por armas de fogo nos EUA no ano passado. A maioria foram suicídios e depois homicídios. Muitas das mortes por arma de fogo nos EUA são silenciosas para o povo?

Cook: Certamente. Depende de como você define tiroteios em massa, mas por qualquer definição eles são menos de 2% das mortes associadas à violência armada.

Em 2020, ano para o qual temos os melhores e mais recentes dados, quase 20 mil americanos foram mortos por armas de fogo em situações de assalto, em homicídios e cerca de 24 mil em suicídios. Esse total de 45 mil é extraordinariamente alto: não se compara a outros países ricos e desenvolvidos.

A porcentagem de homicídios cometidos com armas de fogo nos EUA chega a 80%. Ou seja, quatro em cinco.

Em meio à covid em 2020 tivemos um aumento de 30% na taxa de homicídios e isso se deveu essencialmente a um aumento de homicídios por arma de fogo.

BBC: Então, talvez os tiroteios em massa sejam apenas a face mais visível de um fenômeno mais profundo na sociedade americana?

Cook: Sim, há muito a aprender comparando tiroteios em massa com a violência mais rotineira que assola muitas cidades dos EUA.

Em ambos os casos o dano não é contabilizado apenas pelo número de vítimas. As pessoas antecipam a violência, tomam medidas drásticas para tentar evitá-la e mitigá-la. Em todos esses casos, nosso padrão de vida piora.

Para as crianças em idade escolar, isso significa que agora elas precisam passar por exercícios simulando ataques. Muitas vezes esses exercícios, que antecipam a possibilidade de um atirador invadir a escola, são traumatizantes.

Temos que entender que muito mais pessoas veem suas vidas distorcidas e prejudicadas como resultado da ameaça.

BBC: Esse fenômeno que você chama de "violência armada de rotina" nos EUA é amplamente ignorado?

Cook: Acho que por ser tão rotineiro e por se concentrar em grupos desfavorecidos, tende a ser ignorado ou subestimado, embora o volume de tal violência seja incrivelmente alto.

Acho que a melhor estimativa é que mais de 100 mil pessoas foram baleadas no ano passado, e cerca de 20 mil delas morreram como resultado de agressão criminosa.

Este é um problema muito comum e, infelizmente, endêmico, que persiste há muito tempo.

E o que temos que fazer é reconhecer que isso é um problema para todos nós, assim como tiroteios em massa, tiroteios em escolas. A ameaça se espalha e se torna um fardo para nossas cidades e nossos estados.

BBC: Você conseguiu chegar a um número de quantas armas estão nas ruas dos EUA?

Cook: Acredito que o número de armas em mãos de cidadãos não seja exatamente conhecido. Os EUA não registram armas na maioria dos estados e não há uma maneira direta de descobrir.

'Muitas das armas vendidas nos EUA acabam não sendo registradas'

Tentamos estimar por meio de pesquisas e a resposta é mais de 300 milhões de armas. Para colocar em perspectiva, isso nos diz que há pelo menos uma arma em mãos para cada homem, mulher e criança que vive nos Estados Unidos.

BBC: E é provavelmente o país com a maior taxa de armas per capita…

Cook: É a maior taxa de armas per capita, pelo menos em comparação com outros países igualmente prósperos e desenvolvidos.

Não tenho certeza se temos uma ideia clara de quantas armas estão circulando em El Salvador ou no Brasil, já que é difícil medir lá também.

Mas certamente temos muito mais armas em proporção à nossa população do que o Canadá ou qualquer um dos países da Europa Ocidental, Japão ou Austrália.

BBC: Eu disse no início algo que parece lógico: que a ampla disponibilidade de armas em uma população leva a mais mortes relacionadas a armas. É isso que as evidências mostram?

Cook: Sim, a evidência é muito forte tanto para suicídio quanto para tiroteio criminoso.

Quando o número de domicílios com pelo menos uma arma de fogo - e principalmente com revólver - aumenta, isso está associado a um aumento no número de suicídios e homicídios.

Claro, existem muitos outros fatores que também influenciam o número de suicídios e homicídios. Mas a presença de uma arma agrava a situação.

BBC: A grande questão: o que fazer para mudar essa realidade e acabar com os tiroteios nos EUA?

Cook: Acho que não há muito que possa ser feito na área de regulamentação de armas por dois motivos. Uma delas é que a política há muito dificultou muito o avanço em nível nacional.

Desde a década de 1990 não houve um caminho a seguir com o Congresso e isso porque o Partido Republicano, por qualquer motivo, abraçou a ideia de que mais armas são melhores e se tornou um partido pró-armas. Portanto, eles estão em uma posição em que podem bloquear o progresso no Congresso e o farão desta vez.

Acho que há uma possibilidade no nível estadual, em alguns estados onde os democratas estão no controle.

O outro grande obstáculo na arena regulatória será a Suprema Corte, que em 2008 decidiu pela primeira vez no caso Heller que a Segunda Emenda da Constituição dos EUA fornece o direito pessoal de possuir uma arma de fogo para autodefesa.

Esse direito será expandido pelo Tribunal que temos agora: seis dos nove membros parecem ser muito pró-armas e têm uma definição muito ampla da Segunda Emenda.

O que fazemos quando eles tiram o recurso de regular as armas e as tornam mais difíceis de obter?

Resta-nos a possibilidade de educar o público sobre os perigos de ter uma arma em casa, o que pode fazer a diferença para alguns. Além disso, teremos que confiar na polícia e na aplicação da lei.

Em um discurso sincero após o tiroteio na escola no Texas, o técnico do NBA Golden State Warriors, Steve Kerr, disse que as pessoas nos Estados Unidos são "reféns" de senadores que se recusam a votar um projeto de lei que aumenta a verificação de antecedentes para comprar armas, que já foi aprovado pelo Câmara dos Deputados. O Senado é parte do problema?

O Senado dos EUA é uma organização muito conservadora, no sentido de que representa os republicanos muito melhor do que os democratas em todo o país, com dois senadores de cada estado.

Assim, os estados da Califórnia e Nova York, por exemplo, que têm uma população muito grande, têm apenas dois senadores, assim como os estados de Kentucky ou Kansas.

O segundo problema é que, para aprovar uma medida de controle de armas, o Senado exige uma supermaioria de 60 votos em 100 por razões técnicas. E ele não tem esses votos para nada que imponha o controle de armas.

BBC: Essa relutância no Congresso em restringir a posse de armas é devido ao que muitas vezes é chamado de 'lobby das armas'?

Cook: Historicamente, o lobby das armas, e especialmente a National Rifle Association, tem sido muito influente, até porque conseguiram mobilizar grandes grupos de eleitores que acreditam que a liberdade de ter quantas armas desejarem é primordial.

Hoje, não tenho tanta certeza de que a National Rifle Association seja o principal ator político. Eles tiveram uma série de escândalos, estão enfraquecidos economicamente.

O que eu acredito é que o Partido Republicano agora assumiu esse papel e aceitou a agenda que o lobby das armas tradicionalmente tinha.

BBC: Eu disse no início algo que parece lógico: que a ampla disponibilidade de armas em uma população leva a mais mortes relacionadas a armas. É isso que as evidências mostram?

Cook: Sim, a evidência é muito forte tanto para suicídio quanto para tiroteio criminoso.

Quando o número de domicílios com pelo menos uma arma de fogo - e principalmente com revólver - aumenta, isso está associado a um aumento no número de suicídios e homicídios.

Claro, existem muitos outros fatores que também influenciam o número de suicídios e homicídios. Mas a presença de uma arma agrava a situação.

BBC: A grande questão: o que fazer para mudar essa realidade e acabar com os tiroteios nos EUA?

Cook: Acho que não há muito que possa ser feito na área de regulamentação de armas por dois motivos. Uma delas é que a política há muito dificultou muito o avanço em nível nacional.

Desde a década de 1990 não houve um caminho a seguir com o Congresso e isso porque o Partido Republicano, por qualquer motivo, abraçou a ideia de que mais armas são melhores e se tornou um partido pró-armas. Portanto, eles estão em uma posição em que podem bloquear o progresso no Congresso e o farão desta vez.

Acho que há uma possibilidade no nível estadual, em alguns estados onde os democratas estão no controle.

O outro grande obstáculo na arena regulatória será a Suprema Corte, que em 2008 decidiu pela primeira vez no caso Heller que a Segunda Emenda da Constituição dos EUA fornece o direito pessoal de possuir uma arma de fogo para autodefesa.

Esse direito será expandido pelo Tribunal que temos agora: seis dos nove membros parecem ser muito pró-armas e têm uma definição muito ampla da Segunda Emenda.

BBC: O que fazemos quando eles tiram o recurso de regular as armas e as tornam mais difíceis de obter?

Cook: Resta-nos a possibilidade de educar o público sobre os perigos de ter uma arma em casa, o que pode fazer a diferença para alguns. Além disso, teremos que confiar na polícia e na aplicação da lei.

Em um discurso sincero após o tiroteio na escola no Texas, o técnico do NBA Golden State Warriors, Steve Kerr, disse que as pessoas nos Estados Unidos são "reféns" de senadores que se recusam a votar um projeto de lei que aumenta a verificação de antecedentes para comprar armas, que já foi aprovado pelo Câmara dos Deputados. O Senado é parte do problema?

O Senado dos EUA é uma organização muito conservadora, no sentido de que representa os republicanos muito melhor do que os democratas em todo o país, com dois senadores de cada estado.

Assim, os estados da Califórnia e Nova York, por exemplo, que têm uma população muito grande, têm apenas dois senadores, assim como os estados de Kentucky ou Kansas.

O segundo problema é que, para aprovar uma medida de controle de armas, o Senado exige uma supermaioria de 60 votos em 100 por razões técnicas. E ele não tem esses votos para nada que imponha o controle de armas.

Essa relutância no Congresso em restringir a posse de armas é devido ao que muitas vezes é chamado de "lobby das armas"?

Historicamente, o lobby das armas, e especialmente a National Rifle Association, tem sido muito influente, até porque conseguiram mobilizar grandes grupos de eleitores que acreditam que a liberdade de ter quantas armas desejarem é primordial.

Hoje, não tenho tanta certeza de que a National Rifle Association seja o principal ator político. Eles tiveram uma série de escândalos, estão enfraquecidos economicamente.

O que eu acredito é que o Partido Republicano agora assumiu esse papel e aceitou a agenda que o lobby das armas tradicionalmente tinha. 

BBC Brasil

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