Basília Rodrigues
CNN Brasil
A postura irredutível do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, ao limitar o pagamento de emendas, joga holofotes sobre o magistrado, com larga carreira política, já cotado para sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ainda que a disputa entre Poderes seja pano de fundo do impasse das emendas, as aspirações pessoais de Dino não ficam de fora na análise de políticos em Brasília.
ENTROU NA BRIGA – Para integrantes da Câmara dos Deputados ouvidos pela CNN, Dino entrou na briga para defender a palavra final do Poder Judiciário e também colher dividendos ao ganhar evidência como homem público que está prestando serviço ao país, em nome de transparência.
Em um cenário marcado por escândalos político e apelos de combate à corrupção, a crise das emendas virou assunto popular.
Altivo, didático e linha dura, Dino é um dos quadros mais preparados da política brasileira. Quem não concorda, ao menos reconhece que já se incomodou com ele alguma vez.
BELO CURRÍCULO – Aos 56 anos, Dino já foi juiz federal, deputado federal, governador, senador, ministro da Justiça, e hoje ocupa uma cadeira do STF.
Com 56 anos, Dino pode, se quiser, seguir no Supremo até os 75 — que é a idade limite. Há exemplos de ministros que se aposentaram antes, mas nenhum caso de ministro que tenha saído da corte para ingressar na carreira política. Interlocutores de Dino, porém, apontam que ele não nega essa possibilidade.
O atual episódio tem repercutido tanto, a ponto de Dino ser comparado a um “xerife”, alcunha também associada a Alexandre de Moraes no combate ao bolsonarismo.
ORÇAMENTO SECRETO – Em dezembro de 2022, o STF acabou com o orçamento secreto. Apesar de terem passado dois anos desde então, o Congresso utilizou caminhos alternativos para garantir o pagamento de emendas sem integral rastreabilidade; foi o que a própria corte voltou a destacar em julgamento, em 2024.
Com as novas decisões, o Judiciário falou mais alto que os outros Poderes, e tem vencido a batalha como instituição. Dino, relator do assunto, falou mais alto ainda que seus pares ao utilizar adjetivos e reprimendas e acusar o Congresso de “balbúrdia”. É o homem do momento.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Análise importante e verdadeira da Basília Rodrigues, mas tem de pagar royalties a José Perez, que no dia 28 anunciou aqui na Tribuna, com absoluta exclusividade, que Dino está animadíssimo e só pensa naquilo, igual à dona Bela, na Escolinha do Professor Raimundo. (C.N.)