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Em defesa encaminhada à PGR, Carlos Rocha, do Instituto Voto Legal, afirma que jamais falou em fraude13 de dezembro de 2024 | 14:55Autor de estudo sobre urnas diz que fez trabalho técnico e responsabiliza PL por uso político
Um dos indiciados pela Polícia Federal na suposta trama golpista, o engenheiro Carlos Rocha diz, em defesa enviada à Procuradoria-Geral da República, que fez um trabalho técnico sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas e que o uso político de suas conclusões é de responsabilidade do PL, presidido por Valdemar Costa Neto.
“Não há qualquer evidência de que [Rocha] tenha utilizado os resultados de suas análises para fins políticos ou para sustentar narrativas de golpe. […] Qualquer uso político dos documentos extrapola a responsabilidade de Carlos Rocha e recai exclusivamente sobre o contratante [o PL]”, diz a defesa, assinada pelos advogados Gladys Nascimento e Melillo Dinis do Nascimento.
Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, foi contratado pelo PL na eleição de 2022 para analisar as urnas eletrônicas, que frequentemente eram atacadas pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.
Com base em suas conclusões, que apontaram vulnerabilidades do sistema, o partido entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral pedindo a invalidação de parte dos votos no pleito, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva.
Em outro trecho de sua defesa, Rocha diz que “todas as etapas do projeto de fiscalização eleitoral foram pessoalmente aprovadas pelo presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto”.
O engenheiro foi indiciado sob acusação de contribuir para desacreditar o sistema de votação, abrindo caminho para a tentativa de golpe patrocinada por aliados de Bolsonaro após sua derrota.
Ele diz que o relatório da PF “é baseado, tão somente, em ilações subjetivas, sem qualquer sustentação em fatos e provas concretas”.
“Nunca, em nenhum momento de seus trabalhos o ora indiciado, por exemplo, usou a palavra ou fez menção a qualquer ‘fraude’”, argumenta a peça da defesa.
Rocha diz ainda que baseou seu estudo para o PL em documentos técnicos que apresentavam fragilidade das urnas, produzidos por instituições de Estado como o Tribunal Superior Eleitoral e o Tribunal de Contas da União.
O engenheiro afirma ainda que diversas vezes teve reuniões técnicas com o TSE para expor seus argumentos, mas que em algumas ocasiões pedidos de agenda foram negados pelo tribunal.
Ele também rebate uma das principais evidências apresentadas pela PF, de que Eder Balbino, um técnico subcontratado pelo Instituto para ajudar a fazer o trabalho, manifestou discordância com a conclusão de que teria havido fraude.
Mensagens de WhatsApp de Balbino, segundo a defesa de Rocha, foram “obtidas de maneira irregular e descontextualizada”.
“As acusações baseiam-se em mensagens privadas extraídas do celular de Eder Balbino por meio de uma pesca probatória, prática ilegal e repudiada pela jurisprudência brasileira”, declarou.
Fábio Zanini, FolhapressPoliticalivre