Marcelo Copelli
Nesta terça-feira, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, recorreu às redes sociais para “denunciar”, ou melhor, repetir o que muitos já sabem sobre as ações do crime organizado no Rio de Janeiro. A exemplo da ilegal exploração de atividades, cobranças covardes e indevidas nas comunidades, seus moradores e estabelecimentos comerciais, bandidos também resolveram extorquir os responsáveis por obras públicas.
A notícia não é novidade. Inclusive já foi revelada nesta Tribuna recentemente. A bola da vez é a empreiteira responsável pelas obras do Parque Piedade, na Zona Norte do Rio. Segundo o prefeito, os criminosos exigiram o pagamento de R$ 500 mil à empresa. Mas não parou por aí. Ameaçaram, caso não seja efetuado o pagamento, paralisar as obras. Tudo isso sob o guarda-chuva generoso da impunidade e da falta de um planejamento efetivo e ações concretas na segurança pública do Estado.
REFÉM – Há anos que a cidade se encontra refém de criminosos e as autoridades (in) competentes apenas brincam com as estatísticas, repetindo promessas e “reforçando” a fechadura depois do arrombamento. Um verdadeiro e afrontoso descaso com as vidas de milhares de cidadãos contribuintes, com o voto recebido nas eleições e com o dever de proteger e garantir a ordem.
As obras do Parque Piedade foram iniciadas em setembro do ano passado, com a demolição de dois prédios que pertenciam ao antigo Colégio Piedade, dentro da área de cerca de 18 mil metros quadrados onde ficava o campus da famosa Universidade Gama Filho. O local estava entregue ao mais total abandono desde 2014, com a falência da instituição privada de ensino.
CLAMOR – Em 2023, a Prefeitura do Rio comprometeu-se a inaugurar o novo parque até o fim do ano de 2025. Tudo a um custo de R$ 58 milhões, além de cerca de R$ 47 milhões com a desapropriação da área, cujo valor está sendo depositado em juízo. Diante do clamor do prefeito, o secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Ricardo Capelli, informou que ainda não foi comunicado oficialmente sobre o caso.
Enquanto muitos gritam, faltam ouvidos oficiais e vontade para dar cabo de tanta demanda, que a intervenção federal não resolve. A sociedade apenas caminha, tornando o inaceitável uma regra comum. Vidas se vão, transformam-se em números, o progresso engatinha, quando não vira alvo de bala perdida. Muita coisa pelo avesso, margeando uma avenida que precisa urgentemente ser pavimentada. Falta apenas boa vontade.