Publicado em 15 de novembro de 2022 por Tribuna da Internet
Carlos Newton
Como diria o deputado eleito Eduardo Pazuello – um general considerado especialista em Logística, mas que fracassou pateticamente em operações para distribuir vacinas – chegou o Dia D e está na Hora H. Nesta terça-feira, feriado da Proclamação da República, o presidente Bolsonaro e os fanáticos seguidores jogam suas últimas fichas, numa derradeira tentativa de levar os militares a declarar um golpe de Estado.
A previsão do tempo em Brasília é de “um dia de sol, com períodos de nublado e chuva a qualquer hora”. Assim, se não cair um temporal, a megamanifestação que ocorre hoje diante do chamado Forte Apache, quartel-general do Exército, está destinada a se tornar o teste final de resistência da democracia brasileira.
MOBILIZAÇÃO TOTAL – Nesta segunda-feira, caravanas de diversos Estados e centenas de caminhões chegaram à capital, para reforçar os manifestantes bolsonaristas que desde o dia 1º montaram acampamento em frente ao QG, no Setor Militar Urbano.
Há banheiros químicos que são higienizados diariamente, cozinha de campanha para servir refeições gratuitas três vezes ao dia – e tudo isso animado por um trio elétrico cujos alto-falantes transmitem discursos e palavras de ordem, tocando músicas gospel nos intervalos.
O Ministério Público Federal, que é um dos alvos dos discursos antidemocráticos, tem apoio da Polícia Federal e está monitorando as manifestações em Brasília e também em 17 Estados, para identificar os financiadores do movimento.
GASTOS VULTOSOS – Quem visita o acampamento diante do Forte Apache nota que há padronização de bandeiras, faixas e cartazes, o que demonstra que se trata de um movimento com organização central e financiadores dispostos a patrocinar vultosos gastos.
Detalhe importante: muitos empresários que financiam esses atos antidemocráticos já foram facilmente identificados, porque enviaram caminhões que têm logotipo de suas empresas. E continuam patrocinando as manifestantes, embora o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, tenha determinado a cobrança de multas de R$ 100 mil.
Acredita-se que a megamanifestação de hoje seja a tentativa final de convencer as Forças Armadas a darem um golpe de estado com objetivo único de anular as eleições, algo jamais visto em países considerados democráticos.
###
P.S. – Bolsonaro continua recluso no Palácio da Alvorada e se mantém em silêncio, comportando-se como se não tivesse nada a ver com a organização desses protestos. Tem o mesmo sonho desvairado de Jânio Quadros, que só renunciou em 1961 porque achava que o povo não aceitaria essa decisão e sairia às ruas para carregá-lo de volta ao poder. Foi um baita engano. E Bolsonaro segue no mesmo caminho dessa ilusão. Hoje à noite, quando acabar a manifestação e os militares continuarem nos quartéis, os fanáticos manifestantes então perceberão que nada mudou, absolutamente nada. Será uma decepcionante quarta-feira de cinzas, depois de um estranho carnaval político que já se prolongava por tempo demais. (C.N.)