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sábado, abril 09, 2022

Bancadas do Centrão ganham mais força para as eleições - Editorial

 



O custo político de governar a República aumentou e ainda pode crescer

Os partidos do Centrão incharam com as trocas de legendas na Câmara permitidas pela janela eleitoral. Por uma série de motivos, entre os quais em primeiro lugar figuram os recursos do fundo eleitoral, um quarto dos deputados mudou de sigla - na grande maioria dos casos, é disso que se trata, da troca de letras. Dos 129 deputados que fizeram isso (o número não está completo), 70 se filiaram às legendas que carregam o presidente Jair Bolsonaro nos ombros rumo a sua tentativa de reeleição: Progressistas (PP), PL e Republicanos. No cômputo geral, a direita e o centro avançaram bastante. A esquerda entrou o ano com 141 deputados e saiu da janela com 118. Nela, apenas o PT ganhou deputados: ficou com 58, tinha 56.

O movimento em direção aos principais partidos fisiológicos foi mais intenso, porque nele aportaram parlamentares do emaranhado de legendas que já gravitavam em torno do governo, de porte pequeno e pulverizados. A proibição das coligações em eleições proporcionais, mais a cláusula de barreira, foram as razões para a debandada, e podem ser também os algozes das legendas remanescentes. Treze dos 23 partidos com representação na Câmara ficaram com uma bancada menor que os 11 deputados que terão de ser eleitos segundo as regras da cláusula de barreira nas eleições de outubro.

No cenário pré-eleitoral, uma das consequências é a de que grupos mais fisiológicos do Congresso têm agora mais chances de aumentar suas bancadas na próxima legislatura e ampliar seu domínio sobre a pauta do Legislativo. Os partidos robustecidos que vão às urnas com Bolsonaro dão mais visibilidade ao presidente em suas campanhas, embora o decisivo, no caso, sejam os palanques estaduais, em que governadores se alinham a um candidato ao Planalto que puxe votos para todos.

Como esses partidos não têm ideologia e se movem em grande parte pela sobrevivência, parte de forças bolsonaristas formarão palanque para Lula no Nordeste, onde o ex-presidente é imbatível. Aconselhado por velhas raposas da política, como Ciro Nogueira (PP) e Valdemar Costa Neto (PL), o suprassumo da “velha política”, Bolsonaro montou apoios fortes em São Paulo, Rio e Minas, o primeiro, segundo e quarto maiores colégios eleitorais do país, e pode se beneficiar da discórdia do PT na Bahia, o terceiro maior.

Ainda que não tenha possibilidades de vencer no Nordeste, Bolsonaro e seus aliados têm candidatos com alguma competitividade em vários Estados da região (como Ceará e Rio Grande do Norte) e buscarão diminuir a diferença imensa de votos nordestinos nos petistas em relação aos governistas.

No cenário pós-eleitoral, as consequências são mais profundas e perigosas. O Centrão vivia disperso até 2015, quando o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) deu-lhes uma liderança e os uniu em torno de propósitos - entre eles, obter recursos por meio do orçamento impositivo e apoiar o impeachment de Dilma Rousseff. Os partidos fisiológicos tomaram gosto pela coisa e tornaram obrigatórias não só as emendas individuais, como as de bancada.

Quando o presidente Bolsonaro entregou as chaves do Congresso ao Centrão, os partidos entronizaram líderes do baixo clero, como Arthur Lira (PP), presidente da Câmara e os comandantes do PL e do Republicanos. No acordo para sustentar Bolsonaro surgiram as vergonhosas emendas do relator, ou secretas - envio de recursos para Estados e municípios sem identificação de quem pediu e, muitas vezes, quem recebeu. Líderes destes partidos e até seus parentes de distintos graus foram beneficiados por elas.

As três legendas saíram de 101 deputados para 171 no ano eleitoral e, com diferença qualitativa, isto é, com líderes visíveis e com uma agenda política que dista muito de qualquer coisa parecida com austeridade e probidade na destinação de recursos públicos. Um novo crescimento nas urnas, como vem ocorrendo desde 2014 e que produziu o desastre político da ascensão de Bolsonaro, tornará muito mais difícil a vida do próximo presidente, caso não seja Bolsonaro. Mesmo Lula, com sua habilidade de formação de coalizões - havia mais de uma dezena de partidos na base de Dilma Rousseff - e desprezo pelas consequências desses acordos (petrolão, por exemplo), terá dificuldades de se impor diante do Centrão. O custo político de governar a República aumentou e ainda pode crescer.

Valor Econômico

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