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quinta-feira, janeiro 27, 2022

Por que EUA e Europa divergem sobre ação na Ucrânia (e como Putin se aproveita disso)?




Comboio de veículos blindados russos em rodovia na Crimeia, região da Ucrânia que foi invadida e anexada pela Rússia em 2014, em foto de 18 de janeiro de 2022. Rússia concentra mais de 100 mil soldados, com tanques e outras armas pesadas, perto da fronteira com o país vizinho, no que países ocidentais temem que possa ser um prelúdio de uma nova invasão. 

Por Sandra Cohen 

Biden enfrenta a resistência da Alemanha a incluir gasoduto no pacote de sanções à Rússia.

Nas últimas semanas, o corre-corre diplomático evidencia os esforços de Estados Unidos e Europa para tentar conter a ofensiva russa na Ucrânia e expõe também as fissuras dentro da Otan sobre a melhor forma de lidar com Vladimir Putin. E o presidente russo parece tirar proveito da desunião na aliança atlântica, explorando primeiro as divisões entre europeus e, depois, as do bloco com seus aliados dos EUA.

Do lado americano, Joe Biden, ajudado pelo premiê britânico, Boris Johnson, abusa da retórica belicista e arquiteta punições severas à Rússia e a seu presidente. Do lado europeu, a resistência da Alemanha em agir de forma contundente contra o país, em caso de uma possível agressão russa, irrita e gera desconfiança entre os aliados.

    'A aparente tolerância germânica reside, em primeira análise, na sua dependência da Rússia para a energia. A Alemanha é o maior comprador mundial do gás russo: recebe do país mais da metade de suas importações, em comparação à média de 40% dos demais países da União Europeia. Isso explica, por exemplo, a oposição de Berlin ao envio de armas da Estônia para a Ucrânia'.

Outro fator crucial nas divergências dentro e fora da Europa é o gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha em 1,2 mil km (diretamente pelo mar Bático, sem passar pela Ucrânia). Embora tenha sido concluído em setembro pela empresa estatal Gazprom, com um investimento de US$ 11 bilhões, o projeto ainda não começou a funcionar, à espera de certificação.

Os EUA pretendem incluir o gasoduto no pacote de sanções, como ferramenta geopolítica contra a Rússia, mas esbarram na oposição da Alemanha. “Não devemos afastar o Nord Stream 2 para este conflito”, afirmou recentemente a ministra de Defesa alemã, Christine Lambrecht. O gasoduto beneficiará 26 milhões de lares alemães.

Sob pressão de Biden, o chanceler Olaf Scholz admite adotar uma linha mais dura em relação a Moscou, ao afirmar que o Nord Stream 2 pode entrar na lista de sanções. Putin aposta na lacuna entre o discurso e a ação da Alemanha. E o presidente americano sabe que não pode enfrentar a Rússia sem quebrar, primeiro, a resistência germânica

G1

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