Publicado em 5 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet
Vicente Limongi Netto
Lamentável, odiosa, covarde, impiedosa, intolerável e vergonhosa a falta de respeito com Helio Fernandes, neste domingo, dia 2, no programa de Luciano Hulk, pela TV Globo, no quadro homenageando personalidades que partiram durante a pandemia.
Foram lembrados jornalistas, cantores, atores, humoristas, atrizes, atletas, médicos, empresários etc. Foi tocante. Porém, não tiveram a decência, a grandeza, a dignidade, o desprendimento e a retidão de focalizar, ou pelo menos citar Helio Fernandes.
AOS 100 ANOS – O valoroso repórter (como ele próprio se denominava) era o decano do jornalismo mundial e partiu com 100 anos de idade. Até o fim, não deixava de escrever no blog e dava entrevistas a cineastas e pesquisadores.
Helio Fernandes foi o jornalista que mais vezes foi preso ou detido para averiguações no regime militar, confinado três vezes – em Pirassununga, Campo Grande e Fernando de Noronha. Foi também o único jornalista a ser julgado no Supremo, quando o presidente João Goulart quis prendê-lo por divulgar um documento secreto do Exército, sem revelar sua fonte, que tinha sido o general Cordeiro de Farias.
A vida inteira efendeu a liberdade de imprensa e a democracia. Jamais se submeteu aos caprichos de poderosos de plantão.
CONSELHEIRO DA ABI – Por décadas foi conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa. Escrevia com coragem, destemor e isenção. Sobre todos os assuntos. Tinha memória privilegiada.
Oportunistas e demagogos tinham pavor das verdades e denúncias de Helio Fernandes, que não se intimidou nem mesmo quando falsos democratas jogaram bombas no prédio da Tribuna da Imprensa, em 1981.
Detalhe importante: Rodolfo Fernandes, um dos filhos de Helio e Rosinha, foi respeitado e qualificado diretor de redação de O Globo. Triste e inacreditável a torpeza e a mesquinharia da emissora platinada com Helio Fernandes. Desrespeitaram a memória de um patriota autêntico.
TRATAR AS FERIDAS – Ana Dubeux (Correio Braziliense – 02/01) mostra que permanecerá com pena vigorosa, serena e atenta, no ano novo. A atilada jornalista pondera: “Para seguirmos juntos e adiante, vamos precisar olhar as feridas e tratá-las com o devido peso e respeito”.
Para Ana, as urnas serão válvula de escape do sofrido e guerreiro povo brasileiro. É preciso votar com fé e equilíbrio. Crescer como cidadãos. Os resultados das eleições, em todos os níveis, mostrarão se continuaremos infelizes, parados no tempo, politicamente, ou se Deus, o maior dos Estadistas, nos concederá graças com direito a esperanças para o país e para as novas gerações. Oremos.
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P.S. – Por fim, julgo colossal estupidez tripudiar sobre a saúde de Bolsonaro. Politizar e debochar com a doença de quem quer que seja é covardia e falta de respeito. O mal acaba voltando contra quem o faz. Deus repudia baixarias. (V.L.N.)