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quarta-feira, março 24, 2021

Viúva de Marielle cobra celeridade no julgamento de acusados de matar vereadora

Publicado em 24 de março de 2021 por Tribuna da Internet

Após três anos, ainda não há respostas sobre possíveis mandantes

Pedro Henrique Gomes
G1

A vereadora do Rio de Janeiro Monica Benicio (PSOL), viúva da vereadora assassinada Marielle Franco, pediu nesta terça-feira (23) que haja celeridade no julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz –acusados de executar Marielle e o motorista Anderson Gomes há três anos.

A demanda foi apresentada ao presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Em resposta, o ministro afirmou que o CNJ “cobrará a realização bastante célere do júri [popular]” do caso.

TRIBUNAL DO JÚRI – “É fundamental que a gente siga cobrando que eles sejam levados ao tribunal do júri. Eles recorreram e pediram para que não fossem levados a essa decisão, mas o juiz aqui do Rio de Janeiro decidiu que ambos serão levados ao tribunal do júri. É preciso que a gente cobre que esse julgamento ocorra da forma mais célere possível”, disse Monica Benicio durante reunião do Observatório dos Direitos Humanos do Poder Judiciário do CNJ.

Em fevereiro, a Justiça do Rio negou o recurso das defesas de Queiroz e Lessa – os advogados pediam que a dupla não fosse levada a júri popular. A decisão dos desembargadores da 1ª Câmara Criminal foi unânime. A data do tribunal do júri ainda não foi marcada.

“FLAGELO” – Ao ouvir a manifestação de Monica, Fux classificou a execução de Marielle Franco como um “flagelo que ocorreu na política brasileira”. “Eu posso deixar aqui agora, como um agradecimento da sua presença, como manifestação da nossa sensibilidade ao problema relativa à morte de Marielle Franco, que o Conselho Nacional de Justiça cobrará a realização bastante célere do júri, para que apure todos os fatores que influenciaram nesse flagelo que ocorreu na política brasileira que foi o assassinato brutal de Marielle Franco”, disse o ministro.

O presidente do CNJ afirmou que o conselho não é órgão de investigação e que, apesar disso, o observatório não poderia “ficar isento” em relação à celeridade no julgamento dos supostos executores.

“Queria dizer à senhora que essa não é uma manifestação apenas de solidariedade, é um cumprimento da nossa obrigação. Podem monitorar porque essa providência será efetivamente adotada”, declarou o ministro.

O CRIME – O atentado contra a vereadora Marielle Franco, no qual também morreu o motorista Anderson Gomes, completou três anos no último dia 14. Ronnie Lessa é apontado como autor dos disparos que mataram Franco e Gomes. Élcio Queiroz é acusado de dirigir o carro de onde Lessa teria feito os disparos.

Ambos respondem por duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, emboscada e sem dar chance de defesa às vítimas. Veja detalhes na reportagem abaixo, de março de 2020:

Policiais da Delegacia de Homicídios e o Ministério Público não conseguiram até hoje descobrir onde está a arma utilizada para matar Marielle e Anderson. A perícia apontou que o assassino utilizou uma submetralhadora MP-5 com munição UZZ-18. Mas os investigadores não sabem o destino da arma.

JOGADOS AO MAR – Investigações mostram que fuzis foram jogados ao mar no dia seguinte à prisão de Lessa, em março de 2019. No entanto, qualquer arma jamais foi encontrada. Nem o MP afirma, categoricamente, que o MP-5 do atentado estaria entre o material jogado.

Uma testemunha contou que foram jogados ao mar seis armas, uma bolsa e uma caixa lacrada. A Marinha fez buscas no oceano, na Barra da Tijuca, na tentativa de encontrar o armamento, mas não encontraram.

Equipes de mergulhadores também chegaram a fazer buscas nas cisternas e em bueiros do condomínio onde Lessa morava, na Zona Oeste do Rio, mas a arma não foi encontrada.

TRÊS ANOS –  A mãe de Marielle Franco, Marinete Silva, lamentou no início deste mês os três anos sem respostas sobre os possíveis mandantes do crime. A arma usada na execução também não foi encontrada.

“Três anos é muita coisa, muito tempo para a gente não saber quem são os mandantes dessa barbárie. Não tem como mensurar a dor de uma mãe que passa por uma situação dessa”, disse Marinete. A declaração foi dada em coletiva de imprensa virtual conjunta com o Instituto Marielle Franco e a Anistia Internacional, no último dia 12.

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