Vicente Nunes
Correio Braziliense
A contagem regressiva para a saída de André Brandão da presidência do Banco do Brasil já começou. E seu substituto assumirá com a alma vendida ao presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, terá de fazer tudo o que o chefe do Executivo quiser, se pretender continuar no cargo.
Há o temor, entre executivos da instituição e integrantes da equipe econômica, de que o futuro presidente do banco interrompa o programa de reestruturação anunciado por Brandão e que foi o motivo de seu desentendimento com Bolsonaro.
DEMISSÕES VOLUNTÁRIAS – Técnicos do Banco do Brasil dizem que os dois programas de demissões voluntárias, que tiveram adesão de mais de 5,5 mil funcionários, estão praticamente fechados. Mas o processo de fechamento de pontos de atendimento ainda está no início. Quer dizer, pode ser interrompido.
A previsão do BB é de fechar 361 pontos de atendimento, dos quais 112 são agências. Foi esse o item que mais causou estresse entre Bolsonaro e Brandão, diante das reclamações de políticos da base do governo contra o encerramento de atividades do banco em cidades de seus currais eleitorais.
Para André Brandão, o Banco do Brasil precisa levar adiante seu programa de reestruturação para que possa ganhar musculatura a fim de enfrentar, em melhores condições, a concorrência. O BB está inchado e engessado, características que não se adequam a um mercado bancário cada vez mais digital.
PERDA DE ESPAÇO – Portanto, dizem aliados de Brandão, qualquer retrocesso no projeto de modernização do Banco do Brasil levará a instituição a perder mercado. Os principais concorrentes já estão muitas voltas à frente do BB. “Dependendo de quem assumir o BB, os problemas vão explodir”, diz um funcionário da instituição.
Apesar de muito ressentido com Bolsonaro, o ainda presidente do Banco do Brasil não arredou os pés de suas funções. Continua trabalhando normalmente. Mas, como já ressaltou a amigos, não vê a hora de se livrar logo desse fardo.