Publicado em 11 de março de 2021 por Tribuna da Internet
Celso Serra
A maioria das irregularidades cometidas por juízes no exercício de suas funções é investigada e punida no âmbito do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o órgão fiscalizador. Mesmo quando as denúncias se referem a crimes graves, como a venda de sentenças, a punição máxima que o CNJ pode aplicar é a aposentadoria compulsória.
Sérgio Moro, como juiz federal (aprovado em concursos público e não nomeado por políticos de porre ou com intenção de obter proteção jurídica futura) estava nessa situação: só poderia ser investigado e punido pelo Conselho Nacional de Justiça.
MATAR A LAVA JATO – Está evidente que para matar a Lava Jato era necessário tirar Sérgio Moro dessa situação e torná-lo vulnerável.
Hoje o tempo – senhor da razão e pai da verdade – provou que o primeiro ato nesse sentido foi consumado por Bolsonaro, convidando Sérgio Moro para ser ministro da Justiça de seu, digamos, governo.
Em face das promessas de Bolsonaro durante a campanha, dentre outras, a de combater a corrupção e dar força à Lava Jato, Sérgio Moro acreditou e aceitou, assim como milhões de brasileiros. Esse foi o grande erro de Moro, acreditar na idoneidade e nas palavras de Bolsonaro.
PERDEU O FUTURO – Por acreditar nas promessas de Bolsonaro, que publicamente lhe ofereceu carta-branca. Sérgio Moro deixou sua vida segura de juiz federal e jogou no lixo seu futuro, do qual faria parte uma velhice tranquila com aposentadoria bem remunerada e tudo o mais.
Moro jamais poderia acreditar que Bolsonaro fosse fazer o estranho acordo – por muitos considerado imoral e imundo – com Gilmar Mendes e Dias Toffoli para enterrar a Lava Jato.
O resultado aí está e o grande prejudicado nisso é o Brasil, país azarado desde a traição feita por Deodoro da Fonseca a um ser humano de quem se dizia “amigo”, chamado Pedro II, e implantou essa falsa “república”. Sim, implantou uma falsa república, pois a verdadeira república jamais foi proclamada. Foi um imundo golpe de estado.
LUTA PELO PODER – Após essa farsa, começou a luta pelo poder na falsa “república” e os dirigentes só pensavam e governavam para si, seus familiares e grupos aconchegados. Essa situação perdura até hoje. Frise-se que no Império, ao contrário, o pensamento era construir o Brasil.
No Império brasileiro o imperador era o Chefe de Estado e o Primeiro-Ministro era o Chefe de Governo. Era fácil e sem traumas substituir um governo que não estivesse se comportando com eficiência e probidade.
Na implantação da falsa “república”, os militares e civis golpistas juntaram em uma só pessoa – o presidente – os poderes de Chefe de Estado e Chefe de Governo. Foi aí, com essa dobradinha de poder em uma só pessoa, que a valsa se transformou em forró.
MUDANÇA DA CAPITAL – Para piorar a situação, ocorreu a mudança da capital para Brasília, ideia de José Bonifácio em 1821, quando o Brasil ainda estava vinculado a Portugal. Devemos frisar que a Constituição de 1824 não incorporou a “tese” da interiorização da capital, o que só veio a ocorrer com a imposição da falsa “república” na carta de 1891. Frise-se que até esse ano (1891) não havia forças militares terrestres motorizadas nem aviões de guerra.
As cartas de 1934 e 1946 também mencionavam a mudança da capital para o interior do País. Apenas mencionavam, mas nenhum presidente teve a insanidade de impor aos cidadãos gastos descomunais em uma conjuntura social de grave deficiência de saneamento básico, saúde e educação.
Foi aí que em 1956 o poder de Chefe de Estado e Chefe de Governo foi parar nas mãos de JK, o faraó-cigano, que sofria da apoteose mental dos faraós misturada ao sangue cigano, dos quais sua mãe era descendente. E os faraós do antigo Egito construíram tumbas para si enquanto o nascido aqui construiu uma tumba para a nação – Brasília, o túmulo da ética, da moral e da justiça do Brasil.
CAPITAL DA CORRUPÇÃO – Portanto, nada a estranhar dos fatos que ocorrem em Brasília, pois a cidade deu certo, foi construída para ser o que é, a capital mundial da corrupção impune.
O povo brasileiro é contra a corrupção – deseja um país ético, moral e justo – mas com o Poder longe, em Brasília, jamais verá concretizado seu desejo.
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P.S. (1) – Lembro que nos tempos da valsa, o Brasil teve imperador que falava 23 idiomas, era respeitado por sua integridade moral e pela capacidade intelectual. Agora, nos tempos do forró, o país teve presidentes que nem português falavam corretamente, com linguajar chulo, pornográfico e de integridade moral enlameada, como a mídia tem publicado diariamente.
P.S. (2) – Em 1956 a Coréia do Sul e a China estavam em situação muito pior que o Brasil. Investiram em educação e formaram excelente capital humano. Hoje o Brasil importa tecnologia dos dois países, pois JK preferiu investir em concreto armado. (C.S.)