Publicado em 6 de março de 2021 por Tribuna da Internet
Carlos Newton
Para o presidente Jair Bolsonaro, a estratégia de agradar os militares é proveitosa em todos os sentidos, inclusive eleitoral, segundo uma pesquisa inédita do Instituto Paraná, que jamais tinha sido feita por qualquer órgão. O levantamento indicou que 50% dos entrevistados consideram positiva a presença de integrantes das Forças Armadas na administração pública, enquanto 36,4% avaliam como negativa. Entre os demais consultados, 7,8% se dizem indiferentes e 5,8% não sabem ou não quiseram opinar.
“Os militares têm uma boa imagem porque são associados à manutenção da ordem pública e à intolerância às práticas de corrupção”, diz Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná, em entrevista à Veja.
REJEIÇÃO AOS POLÍTICOS – Bolsonaro trabalha sua reeleição com base no sentimento popular de rejeição aos políticos, uma classe cada vez mais desmoralizada, como um todo. Assim, o presidente vem aumentando cada vez mais o número de militares da ativa e da reserva incorporados ao governo e já garantiu novo aumento dos soldos este ano, enquanto os salários dos servidores civis continuam congelados.
Essas iniciativas, porém, não são suficientes para garantir a reeleição, que vai depender de muitos outros fatores, inclusive a evolução da pandemia, a manutenção dos auxílios emergenciais, a retomada do crescimento econômico e tudo o mais, além da crescente desmoralização de Jair Bolsonaro, provocada por seus próprios atos e palavras, sem falar na colaboração dos filhos 01, 02 e 03 para destruir-lhe a imagem.
APENAS UM SONHO – Na verdade, Bolsonaro pensa que pode permanecer no governo até mesmo na marra, caso a situação se deteriore e sobrevenha um pedido de impeachment.
Sonhar ainda não é proibido, todos sabem, mas os militares não pretendem prestigiar um governo apodrecido. No momento, eles apenas aturam Bolsonaro, que não os representa.
Para os militares, é muito mais cômodo aguardar que os civis se entendam sobre o impeachment via Congresso, por crime de reponsabilidade, ou via Supremo, por crime comum. Mas nada acontece, eles fazem olhar de paisagem, enquanto Bolsonaro pensa que está arrasando.
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P.S. – Em tradução simultânea, por enquanto Bolsonaro é apenas um forte candidato para 2022. Mas sua reeleição está longe de ser considerada garantida. Muito pelo contrário, aliás. (C.N.)