Danielle Brant, Renato Machado e Fábio Zanini
Folha
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reagiu à decisão do ministro Edson Fachin que anulou condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que o petista pode até merecer a absolvição, mas o ex-ministro Sergio Moro (Justiça), jamais.
Em uma rede social, Lira escreveu: “Minha maior dúvida é se a decisão monocrática foi para absolver Lula ou Moro. Lula pode até merecer. Moro, jamais!”. O líder do centrão, no entanto, não explicou o que quis dizer.
ATAQUE – Em videoconferência em fevereiro, Lira atacou a Lava Jato e Moro, ex-titular da 13ª vara e responsável pelos julgamentos da operação. “Os vazamentos do hacker mostraram o que todo mundo já sabia”, disse, na ocasião.
“A Lava Jato durou seis anos, o dobro do período do terror na França. Todos fomos vítimas da Lava Jato. Eu fui acusado sem ter relação com o delator, meu inimigo político pessoal. Quem faz delação nos moldes da Lava Jato em Curitiba acusa quem quiser.”
SILÊNCIO – Ao contrário de Lira, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) informou que não iria comentar a decisão do ministro Edson Fachin. “Não vou comentar decisão judicial do Supremo Tribunal Federal em caso concreto, cujos elementos jurídicos desconheço”, informou em nota.
Líder do MDB, a maior bancada do Senado, com 15 parlamentares, Eduardo Braga (MDB-AM) afirmou que a decisão do ministro Edson Fachin ainda não “faz justiça” a Lula. “O que está ficando cada vez mais claro é que, no intuito de fazer justiça, cometeram abusos”, afirma Braga, que foi ministro das Minas e Energia no governo Dilma, em relação ao fato de que a decisão do STF não julgou o mérito das condenações.
DESDOBRAMENTOS – Braga também acrescenta que o processo deve correr na Justiça Federal em Brasília nos próximos meses, por isso não é possível prever os desdobramentos até a eleição de 2022.
O líder do MDB também afirma que uma provável participação de Lula nas eleições não necessariamente vai afundar a possibilidade de uma frente ampla contra Bolsonaro. “Só podemos falar em frente ampla contra Bolsonaro no segundo turno [ das eleições]. No primeiro turno, é impossível se falar em frente ampla”, completou.
O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) diz que a decisão de Fachin reforça a polarização com o presidente Jair Bolsonaro e torna muito difíceis as perspectivas para um nome de centro em 2022. “O centro já estava tendo muita dificuldade antes disso. Você vê que eles não conseguem botar de pé nada, ficou claro desde a derrota do Rodrigo Maia na Câmara. Agora a polarização de Lula e Bolsonaro está colocada, não é a gente que escolhe”, afirma ele.