Bruno Ribeiro e Renato Vasconcelos
Ex-assessor de gabinete do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz estava há mais de um ano em um imóvel pertencente ao advogado da família do senador. De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o imóvel em Atibaia, no interior de São Paulo, é do advogado Frederick Wassef, que representa inclusive o presidente da República, Jair Bolsonaro.
Segundo confirmou o delegado da Polícia Civil de São Paulo, Osvaldo Nico Gonçalves, os caseiros do imóvel afirmaram, durante a operação, que o ex-assessor estaria na residência há cerca de um ano. Em setembro passado – quando, segundo a Polícia, o ex-assessor já estaria no imóvel do advogado – Wassef negou saber sobre o paradeiro de Queiroz, durante uma entrevista à jornalista Andreia Sadi, na GloboNews. Wassef representou Jair Bolsonaro em casos recentes, como no caso Adélio Bispo, após a facada sofrida pelo presidente durante a campanha de 2018, e no caso envolvendo o porteiro do condomínio do presidente.
TRANSFERÊNCIA – A prisão de Queiroz foi “tranquila”, segundo disse o delegado Nico Gonçalves, da Divisão de Capturas da Polícia Civil. O mandado cumprido, segundo a Polícia Civil de São Paulo, foi de previsão preventiva, determinada pela Justiça do Rio. Queiroz teve a prisão lavrada em São Paulo, mas será transferido até o fim desta manhã para o Rio, onde será ouvido. Também foi expedido um mandado de prisão contra a ex-mulher de Queiroz, Márcia Aguiar.
O ex-assessor vinha sendo monitorado por investigadores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) da Polícia Civil de São Paulo há meses, segundo policiais civis. Após sua detenção, ele fez exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal, no centro, e levado para o Palácio da Polícia, onde assinou documentos da prisão.
NA MIRA – A operação da Polícia Civil e do Ministério Público que prendeu Fabrício Queiroz também teve como alvo uma atual assessora do senador Flávio Bolsonaro. Trata-se de Alessandra Esteves Marins, que exerce um cargo de confiança no gabinete do parlamentar, com salário de R$ 8.996,28.
Alessandra é lotada no escritório de apoio do senador, que fica no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A assessora já trabalhou com Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e está entre os investigados pela suspeita de “rachadinha” – o desvio dinheiro dos salários dos funcionários públicos.
Além de Alessandra e Queiroz, também foram alvos da operação nesta quinta-feira – batizada de Anjo – Matheus Azeredo Coutinho, que ainda é servidor da Alerj, a ex-servidora Luiza Paes Souza e o advogado Luis Gustavo Botto Maia. Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, foram decretados medidas cautelares contra eles que incluem busca e apreensão, afastamento da função pública, o comparecimento mensal em Juízo e a proibição de contato com testemunhas.