José Carlos Werneck
Segundo a jornalista Andréia Sadi, do G1, parlamentares que acompanham o duelo entre Jair Bolsonaro e Sergio Moro avaliaram nesta quarta-feira que o projeto do governo é inviabilizar a carreira política do ex-ministro da Justiça, com foco na eleição presidencial de 2022.
A jornalista escreveu em seu Blog que Moro, diferentemente de um adversário de esquerda, racha a base de Bolsonaro e, por isso, o presidente prefere antagonizar com Lula, por exemplo.
BASE RACHADA – Diz Andréia Sadi que a base de sustentação de Bolsonaro está rachada e que, desde que saiu do governo e passou para o lado de inimigos de Bolsonaro, Moro virou pré-candidato à Presidência em 2022. O Planalto tem certeza de que o ex-ministro quer suceder Bolsonaro no Planalto e, por isso, tenta desidratar o adversário.
O próprio entorno de Moro acredita que há uma “vingança” de Bolsonaro. Chamou atenção de aliados de Moro a retomada de negociação pela procuradoria-geral da República de delação premiada de Tecla Duran, como publicou o jornal “O Globo”,em sua edição desta quarta-feita.
“A PGR é órgão autônomo, mas a coincidência, para os aliados de Moro, não é gratuita. A delação havia sido arquivada em 2018. Segundo o jornal, no início de maio, após a saída de Moro do governo, foi assinado um termo de confidencialidade para formalizar a fase preliminar das tratativas de acordo”.
NOTA DE MORO – Em nota divulgada nesta quarta-feira, depois da publicação da reportagem de “O Globo”, Moro disse que os relatos de Duran sobre a “suposta extorsão que teria sofrido” na Lava Jato, com envolvimento de um amigo pessoal seu, Carlos Zucolotto Jr., já foram investigados na PGR e arquivados. Moro afirma que o relato “não verdadeiro” prestado por acusado foragido teve destino “apropriado”: o arquivamento.
O ex-ministro da Justiça diz na nota que lhe causou “perplexidade e indignação” que a investigação arquivada tenha sido retomada pela gestão atual da PGR, que é comandada por Augusto Aras.
DIZ A JORNALISTA – Segundo Andréia Sadi apurou junto a fontes da PGR, há 90 dias as conversas entre a PGR e Duran foram retomadas. Nos bastidores, Aras rechaça insinuações de que o Ministério Público estaria à disposição de Bolsonaro para se vingar de Moro e que jamais permitiria o uso político da instituição.
Já interlocutores de Moro não descartam, inclusive, que ele vire alvo de buscas, o que classificam como uma operação para desconstruir a sua imagem de símbolo de combate à corrupção.
Por isso, senadores que acompanham os lances e avanços da guerra entre Bolsonaro e Moro avaliam que o projeto Bolsonaro é tornar Moro inelegível em 2022. Para isso, por exemplo, Moro precisaria ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Ou seja, condenado por órgão colegiado, informou a jornalista.