Carlos Newton
Está praticamente concluída a investigação sobre a denúncia de insistentes tentativas do presidente Jair Bolsonaro para interferir na Polícia Federal e colher informações sobre inquéritos que envolvem seus filhos e amigos, conforme o próprio chefe do governo admitiu na explosiva reunião ministerial de 22 de abril.
Faltam apenas alguns detalhes, como o depoimento do presidente, que não pode ser incriminado sem exercer direito de defesa; as estatísticas de produtividade da Superintendência da PF no Rio, que Bolsonaro alegou serem muito baixas; e o andamento de inquéritos do interesse dos filhos dele.
DEPOR POR ESCRITO –Nesta segunda-feira, o relator Celso de Mello atendeu a pedido da Polícia Federal e prorrogou as investigações por mais 30 dias, porém falta muito pouco para a conclusão e tudo indica que o inquérito rapidamente será concluído, depois do depoimento do presidente.
Como aconteceu no governo de Michel Temer, que também respondeu a interrogatório dos federais, Jair Bolsonaro vai exercer o direito de depor por escrito às perguntas que já foram redigidas pela equipe da delegada Christine Correa Machado.
DIVERSAS ACUSAÇÕES –Encerradas as investigações, o ministro Celso de Mello então encaminhará ao procurador-geral Augusto Aras seu relatório sobre as acusações que o ex-ministro Sérgio Moto faz a Bolsonaro:
Prevaricação, com o funcionário público agindo para satisfazer questões pessoais; Advocacia administrativa, pelo patrocínio, direta ou indiretamente, de interesse privado perante a administração pública; Coação no curso de processo, quando há emprego grave ameaça para interferir em processo judicial; Obstrução à investigação, crime de atrapalha uma investigação; e Falsidade ideológica, por inserir assinatura de Moro na portaria de demissão de Maurício Valeixo do cargo na PF.
Cabem também Difamação, porque o presidente afirmou na TV que Moro lhe ofereceu acordo para ser nomeado ao Supremo, e Falsa denunciação caluniosa, por Bolsonaro ter ingressado na Justiça contra Moro sob tal justificativa.
NAS MÃOS DE ARAS – As provas são abundantes, porque o próprio Jair Bolsonaro, com seu espírito autocarburante, assumiu o encargo de produzi-las. Assim, quanto mais fala sobre o inquérito, mais se incrimina, é um verdadeiro festival.
O relator Celso de Mello, na forma da lei, não tem como deixar de pedir ao procurador-geral Augusto Aras a abertura de processo criminal contra o presidente.
Como chefe do Ministério Público, Aras pode acompanhar o parecer do relator e mandar abrir o processo, mas tem a alternativa de determinar o arquivamento. Mas tal hipótese não pode ser levada a sério. Se arquivar o inquérito, será Aras quem estará prevaricando e vai responder a processo, com toda certeza.
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P.S. 1 –Em tradução simultânea, a derrocada de Bolsonaro é só uma questão de tempo, e ele será massacrado diariamente pela mídia.
P.S. 1 –Em tradução simultânea, a derrocada de Bolsonaro é só uma questão de tempo, e ele será massacrado diariamente pela mídia.
P.S. 2– Para poupar sofrimento, seria melhor que renunciasse, imitando Jânio Quadros, que disse: “Fi-lo porque qui-lo!”. E realmente fê-lo no Dia do Soldado, 25 de agosto. Aliás, agosto é conhecido na política como mês do cachorro louco. E quando chegarmos lá, o processo criminal contra Bolsonaro já estará na ordem do dia, como dizem os militares, e a renúncia poderá ser uma bela solução. (C.N.)