Naira Trindade e Gustavo Maia
O Globo
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Em mais um movimento do Palácio do Planalto para distensionar a relação com o Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, atravessou a Praça dos Três Poderes no fim da tarde desta quinta-feira, dia 4, para se reunir com a ministra Rosa Weber.
Segundo interlocutores, o encontro foi rápido e aconteceu em um clima de “respeito e cordialidade”. Durante a semana, o presidente Jair Bolsonaro já havia feito gestos em direção ao ministro Alexandre de Moraes (STF), responsável pelo inquérito das fake news, que tem bolsonaristas como alvo. Bolsonaro, inclusive, fez questão de participar por vídeoconferência da posse de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
BOMBEIROS – Os ministros da Justiça e da Segurança Pública, André Mendonça, da Defesa, Fernando Azevedo, e a advogada do Aliança pelo Brasil, Karina Kufa, também tiveram conversas ao longo da semana com o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, no intuito de evitar desgastar ainda mais a relação do Supremo com Jair Bolsonaro. Segundo interlocutores, ambos atuaram como bombeiros para apagar o incêndio entre os Poderes.
No governo, aliados próximos a Bolsonaro chegaram a defender a troca do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para apaziguar as relações com o Judiciário, mas, segundo interlocutores, o presidente não cogita a substituição neste momento. Nesta quinta-feira, Weintraub se negou a responder perguntas da Polícia Federal em depoimento sobre a acusação de racismo em uma manifestação sobre chineses, entregando apenas declarações por escrito.
A avaliação no governo é de que as conversas recentes têm amenizado os ânimos. Há sinalizações para se evitar qualquer rusga com Moraes, que agora também integra o TSE e vai julgar ações contra a chapa liderada por Bolsonaro. Moraes vinha sendo um dos alvos do governo por, além do inquérito das fake news, ter barrado em decisão monocrática a posse de Alexandre Ramagem no comando da PF.
ALMOÇO COM MAIA – Além da visita a Rosa Weber, o ministro Ramos também almoçou nesta quinta-feira com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no gabinete oficial da Presidência da Casa. Outros deputados não estiveram presentes.
A intenção, segundo aliados, era distensionar também a relação com o Legislativo. Há três semanas, Bolsonaro recebeu Maia no Planalto, cessando ali uma sucessão de ataques ao presidente da Câmara. O governo também costura uma base aliada no Congresso redistribuindo cargos estratégicos a líderes do chamado centrão, bloco de partidos com expressão no Congresso, em uma estratégia também para afastar qualquer risco de impeachment.