Caarlos Newton
No olho do furacão, onde ainda há uma cerca calmaria, o vice-presidente Hamilton Mourão começa a sair do ostracismo a que foi atirado pelo clã Bolsonaro desde o início do governo, como personagem de uma das múltiplas teorias conspiratórias que caracterizam os bastidores do poder em Brasília.
Como se sabe. Mourão foi um dos principais sustentáculos da candidatura de Jair Bolsonaro, junto com os generais Eduardo Villas Bôas, então comandante do Exército, e Augusto Heleno, considerado um dos maiores líderes das Forças Armadas. Mesmo assim, foi solenemente escanteado pelo presidente, em meio ao festival de calúnias e fakes news que caracterizam o Planalto desde o início da gestão.
GROSSERIAS E BOICOTE – Quem conhece o general Mourão, que é um homem de muita coragem, sabe que foi muito difícil para ele suportar as grosseiras e o boicote da família Bolsonaro, que mandou o vice parar de dar entrevistas e chegou ao cúmulo de impedi-lo de exercer o governo na interinidade, quando o presidente foi operado pela terceira vez.
Para tirar Mourão da gestão interina, 48 horas depois da longa e delicada cirurgia Bolsonaro reassumiu, alegando ter montado um gabinete no hospital, mas era “fake news”. Na verdade, ele estava muito debilitado e praticamente não saía da cama, só teve alta 17 dias após a internação. Agora, terá de fazer mais uma operação. E mesmo com novo descolamento na parede do abdômen, não resistiu e deu uma cavalgada junto aos fanáticos manifestantes.
MOURÃO EMERGIU – O fato concreto é que Mourão resolveu emergir, dá entrevistas quando bem entende, na semana passada desmentiu o deputado Eduardo Bolsonaro em declarações a Andreia Sadi, do G1. E passou a escrever artigos no Estadão, justamente o jornal que pega mais pesado contra Bolsonaro, com editoriais desclassificantes para o presidente.
Em tradução simultânea, isso significa que o vice Mourão se livrou do limbo ao qual fora atirado e recuperou sua vida própria. Aliás, reconheça-se que o general agiu bem ao suportar os faniquitos da família Bolsonaro e se recolher, para não atrapalhar o governo. Foi uma atitude nobre e desambiciosa, mas agora chegou a hora da verdade.
Em seus dois artigos no Estadão – “Limites e responsabilidade” e “Opinião e princípios” – o vice-presidente Mourão dá aulas de conhecimento cultural e equilíbrio ideológico, são textos verdadeiramente primorosos para quem se interessa pela grande política, embora force uma barra na defesa do governo.
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P.S. – Sempre aparecerá alguém para menosprezar os artigos e dizer que foram escritos por “ghost writers”, mas isso não importa. O que deve nos interessar é que Mourão concorda com os conceitos emitidos nos textos. Isso é importante porque está na hora de os brasileiros saberem quem é e o que pretende Antonio Hamilton Martins Mourão, para não serem surpreendidos no futuro, como está acontecendo com Jair Messias Bolsonaro. (C.N.)
P.S. – Sempre aparecerá alguém para menosprezar os artigos e dizer que foram escritos por “ghost writers”, mas isso não importa. O que deve nos interessar é que Mourão concorda com os conceitos emitidos nos textos. Isso é importante porque está na hora de os brasileiros saberem quem é e o que pretende Antonio Hamilton Martins Mourão, para não serem surpreendidos no futuro, como está acontecendo com Jair Messias Bolsonaro. (C.N.)