Vicente NunesCorreio Braziliense
O desespero bateu no governo. Com a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do atual senador Flávio Bolsonaro, e o cerco montado pela Justiça, o presidente Jair Bolsonaro partirá para cima do ministro da Economia, Paulo Guedes, cobrando resultados mais rápidos da atividade econômica.
Na avaliação de Bolsonaro e de assessores muito próximos a ele, Guedes e equipe precisam fazer com que a economia recobre as forças o mais rapidamente possível, para que a população tenha a sensação de que o governo não está inerte ante uma recessão brutal. A sensação de bem-estar precisa voltar ao horizonte.
EXIGÊNCIA DO CENTRÃO – Essa cobrança também é feita pelos líderes do Centrão, grupo que reúne os partidos mais fisiológicos do Congresso. Para eles, com o presidente em situação delicada, com chances de abertura de processo de impeachment pelo Congresso — 48 pedidos já estão na gaveta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia —, é preciso que a economia se fortaleça para conter o desemprego.
Segundo os líderes do Centrão, no clima atual, tão conturbado, se a economia não ajudar, será difícil conter a queda de Bolsonaro. Portanto, no entender deles, está na hora de Paulo Guedes e equipe saírem do discurso e partirem para a prática. “Verdade seja dita: pouco do que o governo anunciou para socorrer empresas neste momento de pandemia funcionou”, diz um líder político.
DADOS DESASTROSOS – Informações de posse da equipe econômica apontam que esse segundo trimestre foi desastroso para a economia. O Produto Interno Bruto (PIB) nesse período terá queda entre 10% e 15%. O desemprego também está em disparada, encostando nos 13%. E só deverá se estabilizar, na melhor das hipóteses, no fim do ano.
A equipe econômica garante que o pior impacto da pandemia sobre a economia ocorreu em abril, mas, mesmo com a retomada da atividade em várias regiões do país depois da quarentena, o nível de consumo e de produção está muito aquém do desejado. A virada esperada por Bolsonaro está muito longe de acontecer.
Quem acompanha o dia a dia do Palácio do Planalto, garante que, a partir de agora, o ministro da Economia estará na mira do presidente. E será cobrado diariamente para que apresente resultados sobre as medidas que o governo tomou para minimizar os estragos provocados pelo novo coronavírus.