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segunda-feira, junho 01, 2020

Centrão na Câmara se divide entre ala bolsonarista e ala ligada a Rodrigo Maia


Maia se mantém como um dos mais importantes lideres
Natália PortinariO Globo
Apesar do assédio do governo Jair Bolsonaro para conquistar partidos de centro no Congresso,  “centrão de Bolsonaro” não representa a totalidade do grupo na Câmara dos Deputados, que está dividida em três blocos, segundo parlamentares — o centro do presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), o bolsonarista e a oposição.
Arthur Lira (AL), líder do PP, capitaneou uma aliança entre dez partidos para compor a “nova base” do governo: PP, PL, PSD, Solidariedade, Republicanos, Patriota, PROS, PTB, Avante e PSC. Contando uma parte do PSL fiel a Bolsonaro, ela é composta por cerca de 230 deputados do total de 512.
“NOVO CENTRO” – Já o deputado Rodrigo Maia tenta articular os demais partidos em um grupo que chama de “Novo Centro”. Esse grupo — composto por DEM, MDB, PSDB, Podemos, Cidadania, PV, Novo e a outra metade do PSL — não participou da última rodada de negociações de cargos com o Planalto.
Com cerca de 153 votos, o “Novo Centro” continuaria sendo o pêndulo da Casa se houver uma votação polêmica. Nesse momento, assuntos que poderiam dividir a Câmara são o projeto de regularização fundiária e o que flexibiliza o registro de armas. Além disso, o Planalto defende a liberação de cassinos no Brasil, proposta ainda não formalizada.
Nas duas alas do centrão, há cautela em relação a esses temas. O diagnóstico é que ninguém está pronto para um teste de fidelidade. Eventualmente, pode haver traições, tanto das bases quanto dos líderes — reservadamente, até lideranças do “centrão bolsonarista” são refratárias à pauta armamentista, por exemplo.
SEM PROBLEMAS – Já a agenda econômica liberal tem andado bem, já que conta com convergência na centro-direita. Nessa semana, Arthur Lira atuou como líder informal do governo para reduzir o impacto fiscal da prorrogação da desoneração da folha de pagamento. Na Câmara, já foi apelidado de “04” pelos colegas, em referência à numeração dos filhos de Bolsonaro.
— O DEM tem identidade com a agenda econômica, mas não com a agenda de costumes, e prefere ter autonomia para divergir nessas pautas — diz o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB).
Nas três “alas” da Câmara, há uma divisão em torno da eleição à Presidência da Casa em 2021 — o grupo de Maia provavelmente vai apoiar Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Apesar de ser do PP, Aguinaldo compõe a ala independente. Arthur Lira também é candidato e conta com a nova proximidade com Bolsonaro para se eleger na Presidência.
ALIANÇA COM DÓRIA – O DEM também está de olho em uma aliança com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para 2022. A proximidade com os tucanos faz com que bolsonaristas desconfiem dos democratas. Efraim Filho nega, porém, que isso tenha peso e diz que está cedo para pensar em 2022.
Outro partido do centro que não pediu cargos nessa última leva é o MDB. Segundo parlamentares da sigla, o partido depende mais das prefeituras do que os demais. Por isso, o presidente Baleia Rossi (SP) avalia que é arriscado carregar a pecha de governista nas eleições. Os deputados do MDB por ora se contentam com outra iniciativa relevante da articulação política de Bolsonaro: o pagamento de verbas “extras”, além das emendas parlamentares, a prefeituras da base aliada. Depois das eleições, o MDB deve avaliar a possibilidade de assumir mais cargos.
E no PSD, embora o líder do partido tenha se unido ao bloco governista, há entre quatro a seis deputados contrários à agenda mais conservadora do governo, como Fabio Trad (MS) e Otto Filho (BA).
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Embora haja controvérsias, é preciso reconhecer que Rodrigo Maia continua a ser uma fortíssima liderança na Câmara, e seu apoio é indispensável ao governo, mas Bolsonaro não percebe essa realidade política. 
(C.N.)

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