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quarta-feira, junho 10, 2020

Bolsonaro se irrita com crítica de eleitora por atuação diante da pandemia: “Está falando abobrinha”


Bolsonaro pensa (?) que não deve ser questionado ou dar satisfação
Gustavo Uribe
Folha
O presidente Jair Bolsonaro pediu nesta quarta-feira, dia 10, que uma eleitora se retirasse do Palácio do Alvorada e a acusou de falar “abobrinha”. Em conversa que promove diariamente com um grupo de simpatizantes, o presidente se irritou com um comentário de uma mulher, não identificada, que o criticou sobre a condução da crise do novo coronavírus.Ela disse que o país tem hoje 38 mil famílias de luto e que votou no presidente nas últimas eleições, mas que sente que ele traiu a população.
“Nós temos hoje aqui 38 mil mortos por causa do Covid. E realmente, não são 38 mil estatísticas, são 38 mil famílias que estão morrendo nesse momento. O senhor, como chefe da nação, eu votei no senhor, fiz campanha para o senhor, acho até que o senhor me conhece. E eu sinto que o senhor traiu a nossa população”, afirmou.
DISTÂNCIA – A cena foi registrada por um eleitor do presidente e publicada nas redes sociais. Para evitar o contato com a imprensa, Bolsonaro instalou um espaço para eleitores nos jardins da residência oficial, longe da portaria principal.
Contrariado com a mulher, Bolsonaro se afastou da eleitora. Ela, no entanto, continuou a criticar o presidente, que pediu para que ela se retirasse do local e cobrasse o governador de seu estado. “Se você quiser falar, sai daqui, que você já foi ouvida. Cobre do seu governador. Sai daqui”, disse o presidente.
“ABOBRINHA” – Ela, no entanto, não se retirou e não desistiu de cobrar Bolsonaro. Os outros eleitores presentes no cercadinho pediram que ela ficasse calada, mas ela prosseguiu questionando. “Está aí aquela figura falando abobrinha lá”, disse o presidente.
“Vem com essa demagogia de usar uma coisa séria, os mortos. Nós respeitamos e temos compaixão do pessoal que perdeu os familiares, não interessa em qual circunstância”, acrescentou. No final da conversa, quando a mulher já não estava mais no local, Bolsonaro disse que o bate-boca com ela “vai ser matéria na imprensa o dia todo”.
“Essa figura que estava aqui vai ser matéria agora da imprensa o dia todo”, afirmou. “Vai ser matéria o dia todo”, acrescentou.O Brasil registrou na terça-feira,dia 9,  719.449 casos confirmados do coronavírus e 37.840 óbitos pela doença. Os dados são fruto de uma colaboração inédita entre O Estado de S. Paulo, Extra, Folha, O Globo, G1 e UOL para reunir e informar números sobre o novo coronavírus.
BALANÇO – As informações são coletadas com as Secretarias de Saúde, e o balanço é fechado às 20h de cada dia. A doença mata mais de um brasileiro por minuto e faz mais vítimas que doenças cardíacas, câncer, acidentes de trânsito e homicídios. Diferentemente dos demais países com grande número de casos, o Brasil ainda não começou a achatar a curva de disseminação da doença.
Na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente criticou a OMS (Organização Mundial de Saúde) e disse que ela costuma voltar atrás em anúncios.Ele se referiu a um mal-entendido sobre a declaração de uma integrante do órgão mundial sobre a transmissão do coronavírus por assintomáticos. “Ela disse que o pessoal assintomático não transmite. Aí voltou atrás de novo. Parece que tem algo mais grave por trás disso tudo. É quebrar os países”, afirmou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Bolsonaro pensa (?) que a sua diária paradinha matinal serve apenas de palco para receber aplausos dos fanáticos, em número cada vez menor, onde massageia o seu inflamado ego e divaga sobre as suas crenças. Nunca tem certeza de nada, diz que “está vendo isso aí”, que vai “falar com o Guedes”, que “ouviu dizer” e por aí vai. Parece um tiozão na esquina, perdido e sem saber para qual caminho seguir. Acredita, de fato, estar acima de tudo e de todos. E quando se depara com um cidadã-eleitora que o questiona, ele manda falar com o governador de onde ela mora. Não deve mais satisfação? E não se trata nem de um dúvida, mas de uma certeza, já que um boneco inflável talvez tivesse feito mais coisa do que ele na cadeira presidencial. (Marcelo Copelli)

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