Posted on by Tribuna da Internet
João Abel
Estadão
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Desde os atos pró-democracia realizados no último domingo, dia 31, ao menos três projetos de lei foram apresentados na Câmara dos Deputados com o objetivo de enquadrar movimentos antifascistas na lei antiterrorismo, sancionada em 2016. Os autores são os deputados bolsonaristas Daniel Silveira, Carlos Jordy e Hélio Lopes, todos do PSL-RJ.
O projeto de Silveira, apresentado um dia após as manifestações, pede que se “considere organização terrorista os grupos denominados antifas (antifascistas) e demais organizações com ideologias similares”. Segundo o deputado, os movimentos incitam a prática de violência “sob o falso viés da defesa da democracia, mas que na verdade geram anarquia, dano ao Patrimônio Público e risco à integridade”.
POLÊMICA – Ex-policial militar, Daniel Silveira ficou conhecido durante a campanha eleitoral de 2018, quando quebrou uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada naquele ano, ao lado de Rodrigo Amorim, bolsonarista que se elegeu deputado estadual.
No último domingo, Silveira esteve em Copacabana, onde grupos a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro se manifestavam. Ele gravou e publicou um vídeo em suas redes sociais ameaçando os opositores do governo. “Um de vocês vai achar o de vocês. Na hora que um de vocês tomar um na testa, no meio do peito, vocês vão entender com quem vocês estão se metendo”, diz o deputado, na gravação feita enquanto dirige um carro.
(O vídeo abaixo contém palavras de baixo calão)
Recado para os antifas #Somos57MILHOES... Na verdade muito mais, mas muito mais do que isso.
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ALTERAÇÃO – Outro projeto de lei, apresentado pelo deputado Carlos Jordy, também quer alterar a lei antiterrorismo, em seu artigo 2º, para que a classificação de ‘terrorismo’ seja aplicada “à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional e de torcidas organizadas quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública”.
De acordo com o parlamentar, “grupos do tipo ‘black blocs’ e torcidas organizadas agem de modo extremamente violentos, a fim de esvaziar manifestações legítimas e de paz”. Ainda segundo Jordy, os atos do último domingo foram inconstitucionais, “ao contrário do noticiado pela grande mídia”.
Aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Hélio Lopes também apresentou um projeto de lei para enquadrar como terrorismo movimentos ‘antifascistas’ e ‘fascistas’, sem distinção, que tenham “a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública”.
“MARGINAIS” – Na noite desta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro chamou manifestantes contrários ao seu governo de “marginais” e “terroristas” ao comparar os atos realizados nos últimos dias no Brasil e nos EUA. Segundo o presidente, os protestos por aqui têm motivações políticas, diferentemente do que ocorre no país norte-americano, que teve como estopim a morte de um homem negro por um policial branco.
Nesta semana, Bolsonaro compartilhou um tuíte de Donald Trump, em que o presidente norte-americano anuncia que vai enquadrar a Antifa, abreviação de antifascismo, como uma organização terrorista.Ao Estadão, o líder do grupo de torcedores antifascistas que promoveu o ato pró-democracia em SP no último domingo, disse que o movimento nasceu autônomo e reúne “cidadãos que sentem que existe uma escalada autoritária no Brasil”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Enquanto promoviam as suas manifestações todos os fins de semana, agredindo jornalistas, xingando opositores e ameaçando instituições, os apoiadores de Bolsonaro alegavam que exerciam o direito democrático de se expressarem. No primeiro momento em que perceberam uma forte reação de quem não concorda com a escalada autoritária do governo, tentam criminalizar o direito igualmente democrático daqueles que pensam (!) diferente. É evidente que qualquer extremismo é prejudicial, mas é irônico perceber aliados do presidente usando justificativas e discursos que caberiam igualmente para os movimentos fascistas e não democráticos promovidos do lado de lá. Dois pesos e duas medidas. (Marcelo Copelli)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Enquanto promoviam as suas manifestações todos os fins de semana, agredindo jornalistas, xingando opositores e ameaçando instituições, os apoiadores de Bolsonaro alegavam que exerciam o direito democrático de se expressarem. No primeiro momento em que perceberam uma forte reação de quem não concorda com a escalada autoritária do governo, tentam criminalizar o direito igualmente democrático daqueles que pensam (!) diferente. É evidente que qualquer extremismo é prejudicial, mas é irônico perceber aliados do presidente usando justificativas e discursos que caberiam igualmente para os movimentos fascistas e não democráticos promovidos do lado de lá. Dois pesos e duas medidas. (Marcelo Copelli)