Ednei José Dutra de Freitas
Leiam os senhores como tudo neste desgoverno Bolsonaro está indo de cabeça a baixo, com demissões injustas de baluartes da cultura brasileira, como foi o caso do exímio pianista gaúcho, presidente da Fundação Nacional de Artes ( Funarte ), Miguel Proença , que foi exonerado do cargo.
A decisão assinada pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira. Um dos pianistas brasileiros de maior renome internacional, ele estava a frente do órgão ligado ao Ministério da Cidadania desde fevereiro deste ano. E demitido sem qualquer razão, leiam porque:
TURBULÊNCIAS – Sua demissão ocorre após as recentes turbulências na pasta causadas pelo diretor do Centro de Artes Cênicas (Ceacen) da fundação, o dramaturgo Roberto Alvim , que chamou a atriz Fernanda Montenegro de “sórdida” e “mentirosa” . Na ocasião, Miguel Proença afirmou estar “completamente chocado” com as ofensas de Alvim.
Em resposta a esses ataques, ele pediu uma audiência com o ministro da Cidadania, Osmar Terra, para que alguma providência fosse tomada, ou seja, ele fez o que um dirigente digno deve fazer: Após ofensas de Alvim a Fernanda Montenegro, Miguel Proença pediu providências ao ministro da Cidadania. No entanto, não obstante o comportamento digno de Miguel Proença, a resposta do governo Bolsonaro foi despropositada, desrespeitosa e mostra que este governo não tem critério e governa de cabeça para baixo. O que foi que o ministro da Cidadania e Bolsonaro fizeram em resposta ao apelo de Proença por uma providência?
Demitiu Proença e na sequência desse episódio, o ministro Osmar Terra demitiu, de uma tacada, 19 funcionários do Ceacen , que nada têm a ver com supostas ofensas a Fernanda Montenegro e sem qualquer comunicação prévia ao então presidente da Funarte e a Alvim, nem mesmo aos demais 19 funcionários do Ceacen demitidos.
SEM APURAÇÃO – Sequer foi aberta uma sindicância para apurar a suposta ofensa de Alvim, e ouvir os motivos para Alvim ter esta opinião sobre Fernanda Montenegro.
Isto na semana em que o ENEM escolhe como tema da redação “A democratização do cinema brasileiro” , num apelo à acessibilidade de cidadãos pobres, especialmente no Nordeste, mas não só no Nordeste (onde o número de salas de cinema é muito pequeno) mas em todo o Brasil, numa tentativa de incrementar a sétima Arte em nosso país.
Posto isso, havemos de concluir que o AI-5 , reivindicado pelo deputado Bolsonaro já está em vigor no Brasil, pois foi com base do AI-5 que a ditadura militar instalada em 1964, quando no governo Costa e Silva, onde se pariu o AI-5, e passou a cassar mandatos de deputados, senadores, demitir ministros do STF, políticos considerados de esquerda, de centro e até mesmo de direita como Carlos Lacerda, demitiu funcionários públicos concursados a seu bel-prazer, e cassou os direitos políticos de vários cidadãos, entre outros atos arbitrários, como prisões ilegais e clandestinas, com tortura e morte de supostos inimigos da ditadura.
E muitos se exilaram do Brasil, inclusive compositores e músicos famosos como Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré e Taiguara, só para citar alguns.