Roberto Nascimento
Vivemos tempos realmente obscuros. A democracia começa a morrer, quando os cidadãos não respeitam a opinião alheia. Posso até discordar dos arrazoados do editor da TI, aliás, de uma logica impressionante, apresentados de forma elegante, respeitando o contraditório. É assim que caminhamos rumo ao conhecimento.
Bater palmas todo o tempo não acrescenta nada ao debate. Por isso, tenho me surpreendido, e com certa carrada de tristeza, diante do posicionamento de alguns participantes da TI. Por mais que gostemos de A ou B, do partido do sim ou do não, da esquerda ou da direita, temos que respeitar a ideia do outro, do contrário vicejará entre nós o autoritarismo, de memória recente e aterradora.
VAMOS DEBATER – O pensamento único embota os cidadãos e os transforma em carneiros de manada, a qual o comandante direciona para o lado que quer. Poderíamos aqui, sem sombra de dúvidas, aplaudir o governante que olha para o povo, mas, o que o Paulo Guedes está fazendo é assustador. Tudo para o capital e toda sorte de restrições para o trabalho. Agora, as viúvas que se tornarem pensionistas a partir da promulgação da Reforma da Previdência terão seus proventos reduzidos à metade.
Vamos debater o que é melhor para o povo brasileiro, simplesmente assim. O editor da TI tem razão em incentivar as discussões. Geralmente, nossos inimigos são atacados de forma implacável quando estão no poder, mas as críticas se tornam suaves quando as eleições são vencidas por aqueles que gostamos, e então passamos a massacrar impiedosamente a parte contrária que virou oposição. Essa prática não é democrática.
É PRECISO ISENÇÃO – Precisamos utilizar a isenção ao criticar. Devemos aplaudir de pé o que está em consonância com as liberdades democráticas, com justiça para todos e sem poupar os poucos do topo da pirâmide. Agora, contra políticas demagógicas, autoritarismo, partidarismo exacerbado, medidas restritivas de direito, reformas leoninas contra o trabalhador assalariado, devemos sim, exercer a crítica construtiva.
E a crítica ajuda ao governante, pois ouvir somente a bajulação dos áulicos incrustados nos Palácios faz com que errem constantemente, sempre em detrimento da sociedade. E depois são os bajuladores que abandonam o barco, ao menor sinal de tempestade, quando às águas começam a tomar conta do navio. O exemplo do Titanic é quase um clássico.
Portanto, não devemos mudar a prática aqui na TI, onde foram criticadas as políticas petistas, tanto do governo Lula, quanto do governo Dilma. Aliás, do Fernando Henrique Cardoso também, na antiga Tribuna da Imprensa, quando ele enveredou para a privataria tucana comandada pelo seu ministro das Comunicações, e principalmente quando FHC instigou os deputados para votarem a emenda da reeleição, para o sociólogo ficar mais quatro anos no Poder. A reeleição é um dos males que estão apodrecendo a democracia brasileira.
Um pequeno adendo: A presidenta Dilma Roussef do PT, também foi uma privatista de primeira hora, não se pode negar. Criticar os outros e não olhar para o próprio umbigo ou o espelho retrovisor é uma demagogia atroz.
Por fim, “alea jacta est”, ou a sorte está lançada, como disse Júlio Cesar, antes da atravessar o Rio Rubicão.