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terça-feira, outubro 01, 2019

PSL trava briga interna na disputa por controle de fundo partidário de R$ 103 milhões


Charge do Nani (nanihumor.com)
Naira Trindade
O Globo
Inflado nas últimas eleições na esteira da vitória do presidente Jair Bolsonaro, o PSL vem enfrentando uma disputa interna pelo controle do seu fundo partidário de R$ 103 milhões. Aliados de Bolsonaro travam uma briga para que o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar , altere o estatuto da legenda e dilua com integrantes da Executiva seu poder sobre o controle dos recursos.
A mudança enfrenta resistência de Bivar, que começou a sofrer um processo de fritura por deputados que cobram sua saída do cargo. Interlocutores de Bolsonaro pediram a intervenção do presidente para substituir Bivar por um nome de “perfil técnico”, “conciliador” e que tenha um maior controle da legenda na Câmara.
DESALINHADOS – Os deputados do PSL são considerados rebeldes e desalinhados ao governo. A ideia é encontrar um nome de equilíbrio dentro da própria bancada na Câmara para pacificar a base. O deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP) insiste numa refundação do estatuto do partido.
Ele diz já ter elaborado um novo, mas as mudanças não foram endossadas pela cúpula da legenda. Enquanto isso, o deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ) faz um pente-fino nos nomes da executiva do PSL para identificar quem está “do lado” de Bolsonaro.
NOVA SIGLA –  Sem esperança de que a relação com Bivar será pacificada, uma ala da legenda defende a criação de uma sigla “conservadora” para que os deputados possam migrar sem perder os mandatos. Pela lei, os parlamentares só podem trocar de legenda dentro de uma janela partidária, que precede as eleições, ou se for se filiar a um novo partido.
A sugestão de deputados seria aproveitar o processo da União Democrática Nacional (UDN) que aguarda apreciação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas essa tese enfrenta resistência já que a nova sigla não teria a mesma estrutura do PSL.
No início do ano, Bolsonaro cogitou deixar o PSL, mas desistiu ao perceber que não poderia levar consigo os recursos do fundo partidário. Em julho, o presidente e Bivar tiveram uma conversa longa no Planalto. À época, Bolsonaro combinou que seria o responsável pelas indicações nos diretórios regionais. Agora, pessoas próximas ao presidente dizem que esse acordo não está sendo cumprido e usam o argumento para destituir Bivar.
SAÍDA O FIM DO ANO– Segundo aliados do presidente do PSL, no encontro Bolsonaro fez uma única objeção no partido: o líder do PSL na Câmara, delegado Waldir (GO). Bivar prometeu sua saída até o fim do ano tanto da liderança quando da Presidência do diretório de Goiás.
A mudança atenderia interesses do governador do estado, Ronaldo Caiado (DEM), aliado de Bolsonaro e opositor de Waldir, e também beneficiaria o líder de governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), que rivaliza com Waldir.
RESISTÊNCIA – Outro impasse no PSL é a adoção de regras de compliance, que buscam evitar desvios de recursos, o que ainda não aconteceu. Causa incômodo a resistência de Bivar à contratação de uma empresa escolhida por aliados de Bolsonaro para alterar as normas internas de conduta.
Na última semana, deputados do PSL bateram boca mais uma vez no grupo de WhatsApp da bancada da Câmara. No grupo, Bivar disse que Luiz Philippe não tem seu apoio para a mudança do estatuto “porque ele está de passagem firmada para o Novo” e chamou de “fraude” a iniciativa do deputado de criar uma lista de apoiadores para a refundação do estatuto.
TRAIÇÃO – “A covardia e a traição são a marca de algumas pessoas”, escreveu Bivar. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) rebateu a afirmação de que Luiz Philippe estaria de mudança para o Novo. “Ele não está indo. Ponho minha mão no fogo por isso”, disse.
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NOTA DA REDAÇÃO 
– Não tem nada a ver com o interesse público. Acusações de covardia, traição e outros impublicáveis, movem as relações políticas há séculos. O que não justifica, pois o que se espera é que os políticos “evoluam”. Não há bom senso ou vergonha nas nas disputas. É mais fácil o partido, ainda desestruturado, quebrar e perder de vez o rumo do que os seus líderes se entenderem. O mais irônico é ler as demandas por “flexibilidade” ou “tom conciliatório”. Chega a atentar contra a inteligência do cidadão mais observador que fica no alvo dos falsos discursos que tentam encobrir a continuidade dessa brincadeira política. Eles querem é “poder”. Com duplo sentido e tudo (Marcelo Copelli)

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