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domingo, junho 05, 2011

Jornais: Dilma ouvirá Lula antes de sentenciar Palocci

FOLHA DE S.PAULO

Dilma ouvirá Lula antes de decidir futuro de Palocci
A presidente Dilma Rousseff vai consultar a opinião de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e de outros aliados antes de decidir se demite ou mantém o ministro Antonio Palocci na chefia da Casa Civil. Lula chegou na sexta-feira ao Brasil, depois de uma viagem a Cuba e à Venezuela. Ele e Dilma tinham combinado conversar durante o fim de semana, algo que tem se tornado rotineiro.

No Palácio do Planalto, a avaliação geral é que as entrevistas de Palocci à Folha e ao "Jornal Nacional", da TV Globo, foram dadas tarde demais. Por essa razão, o impacto seria insuficiente para debelar a crise política que se formou no governo nas últimas três semanas. A Folha revelou em 15 de maio que Palocci multiplicou seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos. Em 2010, ele faturou R$ 20 milhões com uma empresa de consultoria, a Projeto. O ministro se recusa a revelar a identidade de seus clientes e detalhes sobre os serviços que prestava.

Nas entrevistas concedidas anteontem, Palocci manteve a mesma estratégia. Reafirmou ter pagado todos os impostos e disse que nunca operou de maneira ilegal em favor de interesses privados junto ao governo. Na noite de sexta-feira, Palocci conversou brevemente com a presidente sobre o conteúdo das entrevistas. Ontem, o ministro estava em São Paulo, onde vive.

A presidente ficou satisfeita com o fato de Palocci ter deixado claro na entrevista à Folha que ela não foi informada de detalhes sobre suas atividades como consultor de empresas. O temor do governo é que a crise política se alastre e passe a corroer a imagem de Dilma. "Deveria ter feito isso [dado entrevistas] antes, talvez já teríamos virado essa página", disse o secretário de Comunicação do PT, André Vargas (PR). Para ele, "a oposição é insaciável".

Dono de imóvel que petista aluga nega ser laranja
Os proprietários do apartamento que o ministro Antonio Palocci aluga em São Paulo disseram à Folha que a empresa em nome da qual o imóvel foi registrado não é administrada por laranjas. O comerciante Gesmo Siqueira dos Santos, um dos donos do apartamento, disse que transferiu a empresa para seu filho e um sobrinho para evitar que seus problemas financeiros contaminassem seus negócios.

Em nota, a Casa Civil informou que Palocci tratou do aluguel do apartamento com imobiliárias e nunca teve contato com os proprietários do imóvel. À revista "Veja" o sobrinho de Santos, Dayvini Costa Nunes, disse que era um laranja e que não conhecia o apartamento.

Escândalo aborta plano eleitoral de Palocci para 2014
"Era só o que faltava. Não bastassem os ataques da oposição, agora o tiro de canhão veio de dentro do próprio governo", relatou Antonio Palocci em livro. A frase é de 2006, mas poderia ser facilmente reeditada hoje. Na época, o então ministro da Fazenda estava cotado para suceder a Lula em 2010, mas viu os planos serem dinamitados por um caseiro de Brasília. Narrou sua queda no livro "Sobre Formigas e Cigarras" (ed. Objetiva), publicado no ano seguinte à sua renúncia. Palocci pavimentou o caminho de volta ao poder com a bênção de Lula, tornando-se o principal coordenador da campanha de Dilma. Com a vitória, reabilitou-se assumindo a gerência política e administrativa do governo.

Novo golpe veio em 15 de maio, quando a Folha revelou que seu patrimônio se multiplicou por 20 vezes nos últimos quatro anos, quando era deputado federal. Dias depois, a Folha revelou também que a empresa do ministro da Casa Civil, a Projeto, faturou R$ 20 milhões no ano eleitoral de 2010, prestando serviços de consultoria. Os clientes e os valores não foram revelados nas entrevistas que concedeu anteontem.

Sem conseguir dissipar as suspeitas sobre seus negócios, o ministro perdeu apoio entre petistas e viu ruir, pela segunda vez, seus planos eleitorais. Caso fizesse uma boa gestão na Casa Civil, o ex-prefeito de Ribeirão Preto estaria cacifado para tentar o governo paulista, com sob o comando do PSDB há 16 anos. Apesar da resistência no PT, Palocci contava com o apoio decisivo de Lula, que via nele o perfil ideal para que o partido conquistasse o eleitorado de classe média.

Mercado passa ao largo da crise política
Às oito e vinte da manhã da última sexta-feira, o taxista comenta a notícia que se repetia no rádio: "Será que ele vai conseguir se explicar?" O motorista se referia ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que falaria pela primeira vez sobre o aumento de seu patrimônio. Cerca de quinze minutos depois começa uma reunião de economistas numa corretora de valores. O clima é outro. "E o Palocci?", questiona uma economista, já quase no fim da reunião. O debate é rápido e se encerra com a impressão dos analistas de que, numa eventual queda do ministro, "a bolsa cai pontualmente e há alguma inclinação dos juros [alta projetada para a taxa, no jargão financeiro]". Na prática, uma reação pessimista pequena e breve.

A previsão descrita é bem diferente daquela que, há quase uma década, assombrou petistas. A vantagem de Lula nas pesquisas em 2002 provocou a disparada do dólar, as bolsas despencaram e os investimentos estrangeiros revoaram. O medo de reações negativas do mercado financeiro passou a ser mais um risco a ser calculado pelos políticos. Desde então, dois ministros importantes perderam o cargo: José Dirceu, da Casa Civil, em 2005, e Antonio Palocci, da Fazenda, em 2006.

Em ambos os casos, o mercado tremeu. Na substituição de Palocci pelo atual titular, Guido Mantega, temeu-se uma radicalização à esquerda e perda de poder do Banco Central. No segundo mandato de Lula, o país cresceu mais e com menos inflação do que nos primeiros anos. O comportamento das cotações, desde que a atual crise política se instalou, indica que o enfraquecimento de Palocci (ou até a sua saída) não abalam mais o mercado. Justo ele, que até há poucos meses era tido como o fiador de uma política fiscal austera do governo Dilma Rousseff.

Gastos públicos com consultorias chegam a R$ 2 bilhões ao ano
A expansão de obras e outros investimentos promovida pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) multiplicou nos últimos anos o volume de dinheiro público destinado à contratação de serviços de consultoria. Juntos, União, Estados e municípios injetam nesse mercado cerca de R$ 2 bilhões anuais em recursos originários da arrecadação de impostos, sem considerar os gastos com receita própria das empresas estatais.

A quantia equivale a cem vezes o faturamento da empresa Projeto, do ministro Antonio Palocci (Casa Civil), no ano passado, de R$ 20 milhões, conforme os dados revelados pela Folha. O governo federal responde pela maior parte da escalada recente dessa modalidade de despesa. Se em 2006, antes do PAC, as verbas para consultorias ficaram pouco acima dos R$ 200 milhões, no ano passado se aproximaram dos R$ 600 milhões. Descontada a inflação, o aumento foi de 129%.

Senadores afrouxam fiscalização de gastos
O Senado publicou na noite de anteontem um ato que isenta a Casa de avaliar a legalidade das notas fiscais apresentadas pelos congressistas para obter o ressarcimento dos valores gastos com a verba para despesas nos Estados. O mesmo ato incorpora a cota de passagens aéreas dos 81 senadores à verba indenizatória de R$ 15 mil.

De acordo com o artigo 5º, "o exame da documentação apresentada restringe-se exclusivamente aos aspectos relativos à regularidade fiscal e contábil, não compreendendo qualquer avaliação quanto à observância de normas eleitorais, tipicidade ou ilicitude". A Folha não conseguiu localizar o primeiro-secretário do Senado, Cícero Lucena (PSDB-PB), responsável pelo ato, para comentar a medida.

Após receber alta, Lobão Filho voltará ao Senado na terça
Vítima de um acidente de carro no início do mês e após ficar 21 dias internado, o senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA), 46, deve voltar ao trabalho na semana que vem. Ele recebeu alta hospitalar na última quinta-feira. Segundo sua assessoria de imprensa, ele deve participar da reunião da Comissão de Assuntos Econômicos, marcada para a próxima terça.

De CelsoFurtado@org para Palocci@com (trecho de artigo de Elio Gaspari)
Sua geração leu meu livro "Formação Econômica do Brasil" procurando entender nosso país, pensando em mudá-lo para melhor. Não creio que meus leitores buscassem lições para enriquecer. Seria perda de tempo.

Havia neles uma mistura de fé na nossa gente e até de solidariedade pela fantasia desfeita de um economista que foi do Ministério do Planejamento, em 1962, ao desterro voluntário, dois anos depois. Escrevo-lhe para pedir que tire das costas do governo a carga de problemas que são seus, derivados daquilo que chamei, referindo-me ao Roberto Campos, de "temperamento concupiscente".

A cobiça por bens materiais é coisa natural. Quando ela se mistura com biografias públicas, é comum que surjam conflitos políticos. Vivi 84 anos, fui ministro de dois governos e embaixador na Comunidade Europeia, publiquei cerca de 50 livros, um deles com 34 edições. Nunca me faltou o necessário.

Acusaram-me de muita coisa, jamais de ter comprado um par de meias sem que pudesse tornar pública a origem dos recursos. Morri num apartamento de Copacabana, com padrão suficiente para meus hábitos, bastante inferior ao que o senhor comprou por R$ 6,6 milhões. (Jantei outro dia com os ex-ministros Roberto Campos, Eugênio Gudin e Octavio Gouvêa de Bulhões. O Campos, com sua corrosiva maledicência, disse que as moradias dos comensais, somadas, não cobrem o preço da sua.)

Garotinho diz que teve carro atingido por dois tiros no RJ
O deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) afirmou em seu site que seu carro foi atingido por dois tiros anteontem à noite, quando ele saía de de um evento do partido em Cabo Frio, no litoral fluminense. Ninguém ficou ferido. "Graças a Deus estou bem. Não quero nenhuma especulação política sobre esse caso. Se foi tentativa de assalto ou outro tipo de crime, não me cabe especular. Cabe à polícia investigar", escreveu o ex-governador do RJ em seu site. Segundo Garotinho, os disparos atingiram a lataria. A reportagem não conseguiu localizar o político para comentar o assunto.

Justiça pode retomar 7.000 lotes no PA
Cerca de 7.000 lotes em 44 assentamentos do sudeste do Pará apresentam indícios de irregularidades e poderão ser retomados pela Justiça, segundo estimativa feita pela superintendência regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Marabá (PA). O número representa cerca de um terço do total de terras a serem inspecionadas pelo órgão nos próximos meses na área de conflito.

Entre as possíveis irregularidades que serão investigadas estariam a venda ilegal de terras e a ocupação de áreas da reforma agrária por "laranjas" a serviço de madeireiros ou fazendeiros. Palco de massacres como o de Eldorado do Carajás, que resultou na morte de 19 sem-terra em 1996, o sudeste do Pará é uma das regiões mais violentas do país. No ano passado, registrou 14 das 18 mortes no campo ocorridas no Estado. Nas últimas duas semanas, mais quatro agricultores morreram na área, entre eles os líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinados em uma emboscada.

Ibama já aplicou R$ 1 milhão em multas no Estado
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) fechou cinco madeireiras em Nova Ipixuna e aplicou cerca de R$ 1 milhão em multas na primeira semana de ações contra crimes ambientais na região. As operações no município da região sudeste do Pará foram deflagradas depois da morte dos líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, em 24 de maio. Segundo o órgão, tratores encontrados em área desmatada e dois caminhões usados no transporte de carvão também foram apreendidos. O Ibama informou ainda que vai solicitar o cancelamento das licenças ambientais estaduais concedidas a 12 empresas do ramo que funcionam no município.
Fonte: Congressoemfoco

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